Capítulo 9

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MATHEUS

Pedro sai do quarto pra atender o celular e eu fico carente de seus braços. O abraço dele tem um que de aconchego, de lar. Não o estou comparando com meu irmão, até porque nunca o considerei assim, mas é que o abraço dele me pareceu tão certo, me encaixei tão bem não sei explicar.

Ele volta com o celular na mão com uma cara nada boa.

_ É o Lucas. Ele disse que o seu celular está fora de área.

Porra, tudo que eu não preciso agora é me estressar, mas irei atender pra não dar mais motivos pras loucuras de Lucas. Relutantemente pego o celular das mãos de Pedro.

_ Oi Lucas.

_ Amor? O Pedro me disse que você está com ele, onde vocês estão?

_ Eu estava no alemão e ....

_ NO ALEMÃO?

Ele grita e eu afasto o celular da orelha, Pedro sai do quarto nos dando privacidade.

_ Matheus o que você tem na cabeça? Foi atrás do traficante. Aquele merda que nem disfarça o interesse dele em você?

_ Lucas por favor, eu não quero discutir, até porque sobre o Júnior você está certo, ele me mostrou quem realmente é hoje.

_ O que ele fez?

_ Ele não fez nada, até porque não deu tempo. Houve uma troca de tiros entre a polícia e os...

_ TROCA DE TIROS?

Mais um grito agudo.

_ Sim, mas eu estou bem agora. Só com alguns machucados. Estou na casa do Pedro, mas meu carro está todo baleado.

_ Que merda é essa que você está me contando? Quer dizer que você some e do nada reaparece na casa do Pedro. Porque na casa do Pedro? Tem a minha casa, tem a sua casa.

_ Eu não queria que meus pais me vissem assim, e o Pedro ja estava la, não fazia sentido eu tomar um taxi pra ir atrás de você.

_ Pedro ja estava la ou você o chamou? Porque eu liguei pra ele e ele me disse que não sabia onde você estava, ai do nada PEDRO JA ESTAVA LA.

Eu suspiro cansado e vou até a varanda do quarto onde estou.

_ Lucas eu não quero e não tenho condiçõs pra discutir com você agora, você está insúportavel por isso saí dai mais cedo. Tudo que eu falo ou faço é motivo de desconfiança pra você, eu não te desrespeitei em momento algum, entenda isso de uma vez. E por favor só volte a me ligar quando estiver lúcido.

 _ Espera. Estou indo te buscar na casa do Pedro. 

_ Não. Irei pra minha casa daqui a pouco, ficarei bem.

_ Eu te levo então.

_ Por favor, não venha. Não quero me estressar.

_ Eu te estresso então?

_ Preciso responder?

Ouço uns soluços do outro lado da linha que me fazem entender que ele está chorando.

_ Ultimamente a gente só tem brigado Lucas, não quero continuar assim , estou exausto.

_ Está terminando comigo pelo celular? Não faz assim, vamos conversar...

_ Eu não estou terminando com você, mas essas brigas tem que parar, você chegou ao ponto de me agredir hoje e isso me assustou bastante, ta certo que você explicou que não calculou sua força e eu entendi, mas seu descontrole está me assustando e isso não faz bem nem pra mim nem pra você.

Ele continua chorando agora mais ainda, não consigo sentir nada além de pena, acho que até por isso não consigo terminar com ele.

_ Eu te peço desculpas, reconheço que exagerei mas nunca foi minha intenção te machucar, eu amo você jamais te faria mal.

_ Me deixa quietinho esse final de semana, depois te procuro e a gente conversa. Pode ser?

_ Está me pedindo um tempo?

_ Sim Lucas, eu preciso. Irei desligar, assim que estiver melhor te procuro, fique bem.

Antes dele falar alguma coisa desligo o celular e fico mais um tempo na varanda pensando. Eu quase morri e nem por um segundo pensei em meu namorado e pensando bem, acho que eu nunca falei um te amo sincero pra ele. Acho que o que conduziu nosso namoro até aqui foi o sexo que é bom isso ele sabe fazer, mas ultimamente nem isso, por causa das brigas nem no sexo estou conseguindo relaxar.

PEDRO

A ligação do Lucas me desmontou mas ao mesmo tempo me fez cair na real, ele tem namorado. Não posso fazer nada quanto a isso, não é do meu feitio e também sei que Matheus é fiel até o último fio de cabelo. Dou um tempo pra eles conversarem, pego a caixa de curativos e volto pro quarto de hóspedes. Bato na porta ele não responde mas eu entro assim mesmo.

_ Matheus?

_ Estou aqui.

Ele sai parecendo triste da varanda.

_ O que aconteceu?

_ Pedi um tempo pro Lucas.

Eu arregalo os olhos sem conseguir esconder minha ansiedade.

_ Vai terminar com ele?

_ Não sei. Você viu meu celular? Acho que o deixei na casa de um carinha que conheci no morro.

_ Não vi você com ele. O cara é de confiança?

_ Acho que sim o conheci hoje e gostei dele e da mãe dele, mas não tem problema o celular é bloqueado, depois resolvo isso.

_ Vamos ver esses ferimentos? Não sou bom nisso mas é melhor do que deixa los aberto assim com o risco de pegar uma infecção.

_ Não seja modesto Pedro você é médico, você e seu melhor amigo alias, e ele é otimo em fazer  remendos.

_ Ele é traumologista e eu cardiologista, uma diferença enorme. Mas senta aqui, darei o meu melhor.

Ele se senta na cama e eu me abaixo vendo os machucados nos joelhos dele, um está só arranhado, o outro está quase em carne viva.

_ Vai doer um pouco.

Jogo remédio na gaze pra limpar o ferimento, ele estremece um pouco mas não reclama. 

MATHEUS

Pedro termina de fazer o curativo em mim e eu agradeço, doeu um pouco na hora dele limpar mas não reclamei.

_ Prontinho. Acho que ficou bom, mas amanhã terá que fazer de novo até cicatrizar, principalmente o joelho esquerdo.

_ Obrigado. Pedro... porque está me ajudando? Cuidando de mim? Pensei que me odiasse.

Pedro respira fundo e pensa um pouco como se ponderasse no que responder.

_ Eu não te odeio Matheus, nunca poderia te odiar, eu...

O interfone toca o interrompendo.

_ Quem será a essa hora? Passa das tres da manhã.

Ele se levanta saindo do quarto e eu o espero. Logo ele volta parecendo estar aborrecido.

_ É o Lucas. Está subindo?

_ Não brinca cara. O que ele quer? Eu pedi um tempo, disse que iria o procurar quando estivesse melhor.

_ Se não quiser falar com ele eu o dispenso, sei la digo que está dormindo.

_ Não senão ele irá fazer uma cena e ninguém quer ouvir os gritos de Lucas a essa hora.

Pedro sai pra o receber visivilmente chateado e eu mais ainda, realmente não estou com paciencia pras maluquices de Lucas, mas me visto rapidamente com uma camiseta branca e uma calça cinza de moletom que Pedro havia deixado em cima da cama pra mim. Descalço mesmo vou a sala, encontro o Lucas no meio da sala ressabiado. Pedro me ve chegar e se retira indo em direção a cozinha.

_ Fiquem a vontade.

_ Obrigado Pedro.

Agradeço a ele e fico sozinho com Lucas na sala.



O MELHOR AMIGO DO MEU IRMÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora