Era dia de limpeza e Naruto odiava fazer limpeza, principalmente sozinho, isto é, meio sozinho, uma vez que Sasuke estava cuidando do resto da casa. Sasuke que era o freak da limpeza e não ele, mas fazia semanas que não limpava o quarto dos hóspedes e Sasuke lhe pedira que o fizesse, já que era seu castigo. Por ter feito bagunça na cozinha, dois dias antes, Naruto teria que cuidar daquele cômodo sozinho.
Estava terminando de trocar os lençóis para as visitas e de colocar os antigos num cesto, com as outras peças de cama que tirara da cama e do banheiro. Estava tudo empoeirado e sujo por moscas, então precisava ser lavado. Enquanto retirava uma pilha a mais de toalhas derrubou do armário, sem querer, uma caixa de papelão pequena, menor que uma de sapatos, caiu aos seus pés, espalhando o conteúdo pelo chão. Naruto arregalou os olhos e encarou a porta do quarto. Ficou em silêncio, chegou a prender a respiração, com medo de que Sasuke tivesse ouvido alguma coisa.
Tão certo quanto a morte era que Sasuke transformava-se num demônio, pior que uma mulher em TPM, em dias de limpeza, semelhante a quando ficava irritado - e ele era do tipo de demônio que não explode, simplesmente faz as pessoas sofrerem da maneira mais sádica e fria que ele tivesse conhecimento - e Naruto não queria um Sasuke irritado em dia de limpeza. Era como invocar dois demônios num corpo só.
Nada, para a própria segurança da alma e da mente de Naruto. Ele arfou, aliviado, e levou as toalhas para dentro do cesto, que em breve seria levado para a máquina de lavar, então abaixou-se para catar tudo o que caíra e a caixa. Eram fotos antigas tiradas por uma polaróide, alguns bilhetes, cartas e coisas aleatórias que adolescentes como Naruto recebiam no tempo da escola. Que nostalgia.
Agora, com 35 anos, homem feito, nem acreditava que sua vida estudantil estava há tantos anos de distância. Fotos de seus amigos, seus ex-colegas, fazendo as mais variadas peripécias, estavam se divertindo tanto dentro como fora de sala e, entre tantas, havia uma que lhe chamou mais atenção. Uma foto da turma inteira e, atrás, havia o nome de cada aluno que estivera presente nela, exceto um: Sasuke Uchiha.
Ele não estivera naquele dia, por estar doente, uma mera eventualidade da vida, nada envolvendo alguma conspiração, como muitos achavam. Naruto seguiu para os bilhetes e as cartinhas e riu de como as meninas eram ousadas ao lhe mandar seus “desejos libertinos” para ele de forma escrita. Mordeu o lábio inferior: naquela foto estava o tipo que estava predestinado a ser, o tipo forte e atlético que atraía todos os olhos de todas as garotas que existissem naquele lugar, e não mudara.
Ainda era o mesmo garanhão daquela época. Ainda era forte, um pouco menos que naquela época porque atualmente não tinha tempo para ir à academia com tanta frequência, bonito, sem sombra de dúvidas com seus cabelos loiros e seus olhos azuis, e altamente boa pinta para com todos que conversavam consigo. Não era à toa que não passava mais de uma semana sem uma namorada, ou namorado, se fosse de sua vontade naquela época.
Numa dessas cartas e bilhetes, Naruto encontrou uma pequena carta direcionada a Sasuke, datada da época em que os dois namoravam. Era de uma das amigas malucas de Sasuke, ou pelo menos achava que era amiga dele. Estranho haver uma carta para Sasuke.
“Ei, teme… Ah, desculpe, só o seu boy magia pode te chamar de teme. Eu soube que vocês dois estão se pegando loucamente e, segundo a prima de Naruto, seu boy magia é a ‘mocinha’ da relação. Um UKE. Meu Deus… Naruto Uzumaki, o maior comedor de garotas dessa escola, sendo enrabado por você, logo você. Pensando no seu bem e na forma como você deve manter seu suposto namoro, aqui vai a ajuda.”
Naruto franziu o cenho, dobrou o papel, colocou no bolso e foi logo terminar a limpeza antes que Sasuke aparecesse com ácido sulfúrico e uma faca bem amolada, para dar um fim a ele em poucos segundos.
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Os Dez Mandamentos do Seme
FanfictionComo o nome já sugere, Naruto descobre os dez princípios do seme numa carta antiga, perdida em sua casa... Resta saber se Sasuke cumpriu pelo menos um. Essa é a minha homenagem particular à escritora Nana Roal, que escreveu a divertidíssima Os 10 M...