Capítulo 15, Poções.

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彡★ Capítulo 15, Poções:

Estava atordoada quando saí da torre. Assim que Fatimah me deu as costas, fiz o mesmo e saí como um foguete daquela sala, descendo as escadas rapidamente, com a cabeça a mil. Para minha sorte, descer escadas é muito mais fácil que subir, e mais rápido também. Em pouco tempo, já estava na base da torre, fazendo promessas a mim mesma de que nunca mais voltaria lá. Agora entendo por que aquela mulher me causava arrepios, embora, no lugar dela, eu provavelmente teria feito o mesmo, ou até pior.

Mas a pergunta que não saía da minha cabeça era: como ela sabia? Como ela sabia que eu não era Sherazade? Rangia os dentes, um hábito ruim que sempre aparecia quando eu estava nervosa. E vinte anos? Ela procurou por essa pedra por vinte anos e não encontrou nada? Fechei a mão com tanta força que faíscas saíram dela — a magia de Sherazade estava descontrolada, eu precisava me acalmar.

Saí daquele apertado recinto da escada em espiral e escancarei a porta ao girar a maçaneta. Como eu iria contar isso para Rosa? "Tipo, ei Rosa, conversei com Fatimah como você pediu e ela disse que passou mais de vinte anos procurando pela pedra da lua e não encontrou nada, que maravilha, né? Acho que eu e você estamos presas aqui para sempre, caso meu palpite de completar a história esteja errado."

Refiz o caminho que percorri mais cedo com Aisha e Celina. Eu não estava pronta para falar com Rosa ainda, nem queria ir para o meu quarto nesse momento. A presença daquelas mulheres me deixaria ainda mais inquieta do que já estou. Pensei no diário, poderia lê-lo e ver alguma anotação, mas lembrei que o deixei com Rosa. Biblioteca? Jardim? Para onde eu iria? Comecei a chorar. A pedra da lua estava fora de questão, meu palpite tinha que estar certo! Tinha que estar!

Meus passos ecoavam pelos corredores lindamente ornamentados, e eu não fazia questão de diminuí-los. Se queriam saber que eu estava aborrecida, que soubessem. Passei por diversos cômodos, mas não entrei em nenhum. Procurava um lugar vazio. Risadas de mulheres invadiram meus ouvidos quando passei pelo harém, o que só me irritou mais. Se eu entrasse lá, iriam querer conversar, e eu não estava nem um pouco disposta. Queria ficar sozinha e chorar em paz. Além disso, Sherazade não gostava daquele lugar.

Depois de tanto procurar, achei um cômodo com a porta fechada, mas destrancada. Entrei sem pensar duas vezes. Olhei ao redor e, para minha sorte, não havia ninguém. Perfeito. Fechei a porta atrás de mim e admirei o quarto. Era um dos lugares mais luxuosos do castelo, até havia um pavão atravessando a sala, exibindo suas penas. Me sentei em um sofá que parecia mais um divã, verde com dourado. Ainda estava chorando e me permiti desabar mais. Eu iria passar o resto da minha vida aqui. Nunca mais veria minha família e amigos. Já estava me acostumando com isso na mansão Limethorm. Quero dizer, obviamente era muito melhor ficar triste aqui, rica, do que lá, sendo pobre e escrava do duque.

Mas... essa não era a minha vida. Era a vida de Sherazade. Eu não podia simplesmente roubar tudo isso para mim. Eu tinha uma vida lá fora, e, acima de tudo, não queria ficar aqui com Fatimah no meu encalço, me ameaçando de morte. E ainda havia a Astri, Rosa... Qual a probabilidade de alguma fada conseguir uma solução para tirar Rosa daqui, e eu ir junto? Quanto tempo isso levaria?

Comecei a roer as unhas, ansiosa, nervosa demais, arrancando as pelinhas ao redor delas. A cutícula dos meus dedos ficaria irritada mais tarde. Escuto passos e sinto o estofado ao meu lado afundando. Uma mão repousa no meu ombro, e outra no meu rosto, me forçando a olhar para...

— X-xariar? — gaguejei, vendo seu rosto repleto de preocupação.

— O que aconteceu? — ele perguntou com a voz doce, o que me desconcertou. Seu polegar acariciou minha bochecha.

O feiticeiro e o deserto.Onde histórias criam vida. Descubra agora