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JULLY EVERD

Escola Ruiz Fuerte

Outro dia.

Novamente nesse inferno, mas agora estou na diretoria. Bater na Mia foi uma das melhores coisas que já fiz neste começo de ano escolar. Último ano e estou decidida a não deixar ninguém passar por cima de mim.

Sei que meus pais vão me matar quando souberem, mas não ligo! A raiva ainda arde dentro de mim, e se Mia me provocar novamente, vou fazer algo ainda pior.

Estou sentada de frente para a velha feia que está à minha frente, seus olhos duros como pedra. Meus pais estão ao meu lado, observando apreensivos e incrédulos, como se não conseguissem acreditar que a garotinha deles poderia fazer algo assim.

── Espero que isso não aconteça novamente. ─ diz a velha, com um tom de voz autoritário.

Olho nos olhos do meu pai e digo com firmeza:

── Eu não prometo nada!

Minha mãe observa em silêncio; talvez ela saiba a cobra que está criando. A velha continua:

── O que você fez foi muito feio; deixou uma aluna, sua amiga, com o rosto todo desfigurado. ─ Ela repete essa frase como se fosse um mantra.

Dou de ombros e reviro os olhos para sua afirmação. Na verdade, não ligo nem um pouco; eu deveria ter feito bem pior.

── Ela me bateu. Eu tenho que me defender! ─ exclamo, sentindo a adrenalina ainda pulsar em minhas veias.

── Se acontecer novamente, eu lhe darei uma expulsão da nossa escola. Pode ir para a aula. ─ A velha finaliza com um gesto impaciente.

Levanto-me rapidamente e dou um beijinho nos cabelos da minha mãe antes de sair da sala.

(...)

O corredor está saturado de garotas, todas com cabelos loiros indomáveis e minissaias que mal escondem o que deveriam. Elas ajeitam os cabelos enquanto saem do banheiro masculino — um verdadeiro santuário de segredos obscuros. Acreditam ser as musas dos rapazes apenas porque desfrutam de momentos furtivos nas sombras daquele espaço.

Assim como Mia, que se sente consumida pelo capitão do time de futebol, um predador encantador que a devora dia após dia. Que situação tortuosa!

Enquanto caminho pelo corredor, esbarro em alguém mais alto e sou forçada a dar alguns passos para trás, sentindo uma onda de eletricidade percorrer meu corpo.

— Opa! — digo, olhando para cima e reconhecendo o sorriso provocador de Ayron, como se ele fosse a própria encarnação do perigo.

— Cuidado onde pisa! — ele responde com aquele tom brincalhão que sempre provoca uma tempestade em meu interior.

Sinto meu sangue ferver ao recordar da confusão na diretoria e da briga com Mia. Não estou disposta a jogos agora; minha mente está cheia de sombras.

— Não estou de bom humor, Ayron — aviso, tentando passar por ele.

Ele bloqueia meu caminho, um sorriso malicioso dançando em seus lábios.

— Ah, mas eu adoro quando você fica assim! — diz ele, com um brilho travesso em seus olhos que parece prometer caos.

A tensão entre nós é palpável; ele sabe como me provocar e se alimenta disso. Mas hoje não estou disposta a sucumbir às suas armadilhas sedutoras.

DEVIL BOY¹⁸ Onde histórias criam vida. Descubra agora