◊ Capítulo 4 ◊

58 12 34
                                    

O problema dos bailes, pensou Eudora, eram os homens. Eles roubavam a atenção das mulheres de um jeito incômodo e insuportável.

Seu pai havia decidido por uma festa fantasia. Ele sabia que muita gente que não vinha de Azaleia estaria presente e que não gostariam da presença de quem era de Azaleia. Então por que não esconder a identidade de todos atrás de pinturas e máscaras?

Porém, como uma pista de suas identidades, os convidados deveriam trazer uma flor. Algo de seu jardim que representasse suas casas, era o que estava escrito no convite.

Eudora decidiu que iria de Tarish — a Deusa do amor e da fertilidade. Ela era conhecida principalmente por um famoso quadro de Mounier, onde estava sentada, bebendo vinho e bem vestida. Havia um homem de joelhos sobre os pés dela, implorando; e duas lindas mulheres ao seu redor, nuas e acariciando-a.

Eudora a admirava muito.

Logo, a escolha foi óbvia: escolheu um vestido. A cor era rosa de tom mais fechado, a saia com mais anáguas que o necessário para mantê-la rodada. O decote, a cintura e as mangas eram decoradas com um roxo escuro, quase vinho, e havia pedras rosas bordadas na barra.

— A senhorita está deslumbrante — comentou Margot, após terminar o penteado escandaloso: apenas uma pequena parte do cabelo estava preso, enfeitado com pedras rosadas que combinavam com o vestido. O restante estava solto e penteado para formar cachos gordos e volumosos.

— Pronta para flertar com quantos rapazes quiser! — disse Mille, mais ousada que qualquer outra criada.

Eudora não conseguiu disfarçar a careta. Mille riu alto e a pobre Margot ficou confusa, encarando-as.

— Ela não tem interesse nos rapazes — explicou Mille para ela, fazendo um gesto obsceno e não muito gentil com a mão.

Eudora não olhou para ver sua reação. Ela era a princesa e podia demitir qualquer empregado que sequer a olhasse torto, mas Margot havia se tornado uma amiga e Eudora estava farta de perder amigas pelo mesmo motivo. Não era justo pensarem assim dela! Não iria sair atacando qualquer mulher que aparecesse em sua frente. As mulheres que se atraem por homens não pulavam no pescoço de qualquer sujeito, então por que Eudora deveria?

Os olhos de Margot arregalaram e ela mordeu os cantinhos dos lábios, assentindo enquanto entendia. Depois a encarou e sorriu, de leve.

— Acho que cada um deve amar quem quer — falou ela.

Eudora não precisava da aprovação dela, mas mesmo assim... sorriu ao ouvir aquelas palavras.

— Ora, Margot — falou Mille, com um sorriso malicioso. — Flertar é bem diferente de amar.

Margot corou, as bochechas ficando marrom-avermelhadas, e Eudora não evitou sorrir.

— Devo ser a mais decente desse grupo — comentou Margot, baixinho.

A princesa riu. Isso era provavelmente verdade.

 Isso era provavelmente verdade

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Cindy e Ela [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora