◊ Epílogo ◊

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CINCO MESES DEPOIS.

— Pronta? — perguntou Margot, um curto sorriso enfeitava sua boca com expectativa.

A mulher na cadeira assentiu, os lábios se pressionando de nervosismo. Ela ficou sentada ali por horas, de olhos fechados, em silêncio. Margot sentia que ela tentava adivinhar seus movimentos, prever o penteado e o lugar dos adornos. No entanto, a criada concluiu que o esforço foi em vão quando os olhos ônix abriram e ela se encarou, soltando um arquejo alto.

— Senhor Maior — sussurrou.

Margot soltou uma risada melódica ao ouvi-la praguejar.

Os olhos da princesa Bianca se encheram de lágrimas, incapazes de desviar do espelho. Olhos grandes, lindos. Quase tão bonitos e chamativos quanto os de Eudora, pensou Margot. Contudo, eram escuros como um cômodo sem janelas. Noturno.

— Obrigada — a palavra saiu aos tropeços, entre os dedos que agora repousavam nos lábios da princesa. — Obrigada.

Margot se lembrou, após certo esforço, que não era uma criada, não mais. Portanto, poderia apenas ter assentido, ou feito um curto floreio, mas se curvou mesmo assim.

— Ah, acho que vou vomitar — comentou Bianca, e Margot arregalou os olhos, subitamente fazendo-a rir. — Não, acho que não. Mas... — Ela piscou várias e várias vezes. — Pela primeira na vez na vida, me sinto livre. Livre.

Margot ficou em silêncio, surpresa com a declaração, mas conseguiu sorrir. Entendi aquilo. Essa consciência a atingiu com força suficiente para derrubar um elefante. Entendia aquilo.

Bianca se levantou, analisando o vestido no espelho outra vez. Era um modelito típico de Liata, a terra natal dela. A saia não era volumosa, mas cheia de babados na barra, enfeitada com rendas azuis marinho aqui e ali. As mangas bufantes eram enormes e uma espécie de capa com calda, que se arrastava metros atrás da noiva.

De repente a porta abriu e revelou uma arrumada e sorridente Eudora, que soltou gritinhos ao ver sua cunhada. Ela se aproximou a passos rápidos, abraçando-a sem muita gentileza.

— É a segunda noiva mais linda que vou ver na vida — declarou, quando soltou Bianca.

— Segunda?

— A primeira será a Cindy, eu tenho certeza.

Margot sorriu. Agradeceria aos céus todos os dias por Eudora, pela felicidade que trouxe para a vida delas. Bianca disse, também sorrindo:

— Agora que mencionou, posso perguntar onde está nossa viscondessa?

— Com a prima Clarice. Ela disse que choraria se te visse agora. Prefere esperar a sua chegada.

Bianca riu. Um som melodioso, alegre.

— Tudo bem, então. Devemos ir ao seu encontro. Edgar nunca esquecerá o vexame que será se chegarmos atrasadas.

Elas se apressaram e entraram na carruagem, que subiu a colina na direção de Soleil's Maison. Edgar sugeriu que a união acontecesse em Olyn, mas Bianca amava a natureza, a beleza da vida. Precisava se casar num lugar que representasse essa felicidade. Por sorte, as pessoas de Azaleia ganharam certa experiência com construção após a reforma de Olyn. Então quando se aproximaram do penhasco que estava a casa, havia uma estrutura de madeira, como um cerco, onde fileiras de cadeiras formavam o meio.

Os troncos de madeira que formavam as pilastras estavam decorados com flores, principalmente lírios e peônias, os símbolos dos reinos que se uniriam.

Cindy e Ela [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora