Pode ser um rato

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(q não usado por estética!)

As camisas de Fit estavam sumindo.

Não era como perder uma meia no cesto de roupa suja ou descobrir uma peça antiga embolada no fundo do guarda-roupa, pois, só para atiçar a paranoia persistente de alguém que por anos teve casas – no mínimo – furtadas, lembrava-se de cada cabide pendurado e tecidos guardados na gaveta.

O preço para repor os itens perdidos pouco importava dentro da situação, o alarmante sendo o possível risco para a sua integridade física – e de Ramón – e, as roupas que perfeitamente duravam uma semana, diminuíram para cinco dias.

— Pode ser um rato. — Forneceu Philza na tentativa confortá-lo.

Fit suspirou, balançando a cabeça negativamente enquanto murmurava um desanimado "Yeah, yeah" de volta, cansado.

Já completavam três semanas do início dos furtos e, sinceramente, começou a duvidar da própria sanidade mental por reclamar disso ao resto dos amigos que o olhariam confusos, sem entender como as roupas de alguém poderiam sumir.

Não eram diamantes, equipamentos, nem mesmo as engenhocas do filho, eram camisas. Sequer se diferenciavam uma da outra! Apenas um tecido marrom plano coberto pela estampa do contorno de um símbolo branco. Simples, normais, chatas. Zero razões para levá-las embora.

Então, agarrando-se a possibilidade de Philza e considerando o emprego que tinha como zelador, passou uma tarde inteira revirando cada pedaço da casa. Ramón até ajudou procurando pequenos buracos facilitadores da invasão por qualquer bicho capaz de entrar, ambos terminando o dia de mãos atadas. Nenhuma falha na estrutura ou sinal de animais, ou seja, nada para trabalhar em cima.

Frustrado, perguntou ao mais novo sobre passar o resto do dia junto de Dapper, prontamente respondido com um "sim!" sinalizado entusiasmado. Assim, ao confirmar que Bad poderia lidar com os dois, deixou Ramón teletransportar para lá.

Fit logo tomou rumo ao único lugar que poderia acalmar os nervos, sorrindo fracamente com a tontura usual da dobra somente com o pensamento de ficar perto dele.

Cucurucho, talvez Tubbo estivesse certo sobre a pequena grande paixão que nutria por um certo brasileiro.

Caminhando pela instalação da Chume Labs, cantarolou animado à medida que inspecionava o local com o olhar, não conseguindo impedir que a preocupação o levasse para o corredor onde os aposentos dos cientistas ficavam. Geralmente, pediria permissão antes de sair entrando por aí, porém, a falta de movimentação em outras partes do laboratório o deixou minimamente paranoico, além das luzes majoritariamente desligadas.

E se a coisa que estivesse invadido sua casa repetiu o ato no local? E se cometeu algum dano nas máquinas ou pesquisas dos amigos?

E se Pac não respondesse aos seus chamados por estar machucado?

Uma porta abrindo o tirou da repentina espiral, o levando a virar o corpo desde que veio de um pouco atrás de si. Endireitou a postura, pronto para atacar caso fosse um desconhecido, os dedos contornando o cabo do tridente.

Pisou cuidadosamente na direção da luz que vazou do quarto agora aberto, ainda muito escuro para enxergar algo.

— Quem está aí? — Exigiu.

— Fit?

Travou por alguns segundos, a boca fechando numa linha fina por reconhecer a voz instantaneamente.

Fit?

A pergunta no formado do nome o fez se mover de novo e perder a aflição, o coração estava correndo a milhões por hora, assimilando o fato que a primeira coisa que Pac pensou foi em perguntar se era Fit.

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