Desculpe por ontem não ter capítulo! Eu não consegui postar, fiquei organizando coisas do trabalho.
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POV Camila
Desci as escadas lentamente e eu esperava que tudo isso fosse um sonho, mas não, era real, real demais quanto a dor que eu sentia, meus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. Encostei na parede perto da sala e lá estava ele, ele estava sentado no sofá com a mesma roupa de ontem, notou a minha presença e me olhou, me cortou o coração ao ver seus olhos vermelhos, o que eu fiz não tem como perdoar, eu o traí, mesmo que nosso relacionamento estivesse distante, era algo que eu não poderia ter feito, mas fiz.
- Eu vou tomar um banho no quarto de hóspedes e iremos conversar. – Ele passou ao meu lado e eu fechei os olhos sentindo o pesar em suas palavras. Eu queria que tudo isso fosse diferente, eu não entendo o motivo da nossa vida nos colocar nessas situações. Uma vez meu pai me disse que às vezes tem que acontecer algo ruim para nos fazer ver algo bom aparecendo, mas isso se encaixa nessa situação? Eu não sei.
Peguei o meu celular e liguei para o Mark, diretor da empresa avisando que eu não iria hoje, eu não conseguiria trabalhar nesse estado. Ele atendeu na primeira chamada.
- Alô, Camila.
- Oi, Mark, é eu quero te avisar que eu não poderei ir hoje, eu não estou me sentindo bem.
- O que houve?
- Eu não sei, estou muito mal.
- Está tudo bem, eu irei avisar a Ashley e ela irá tomar conta por hoje, se cuida está bem? Melhore logo, pois preciso de você amanhã e bom trabalho na sexta-feira, Ashley me contou, comandou muito bem na sexta.
- Obrigada, Mark, irei melhorar, pode deixar.
Desliguei e deixei o celular na mesa. Justin descia as escadas já vestindo outra roupa. Ele parou perto das escadas e cruzou seus braços, ficou parado em silêncio, abaixou o olhar.
- Você nem me viu parado lá. – Fechei os olhos. - Você estava fora de si.
Olhei para ele que sequer me olhava mais. Me aproximei dele, ele me olhou.
- Me diz o que eu tenho que fazer para consertar isso e voltarmos ao que éramos.
- Você é lésbica? – Desviei o olhar e voltei novamente para ele.
- Jus, você me conhece tem muito tempo. – Ele assentiu e abaixou o olhar.
- É. Eu pensei que conhecia.
- Eu quero consertar isso, quero que voltemos ao que éramos. Quero me casar com você, quero que voltemos a ser o que éramos, só nós dois. – Eu queria consertar essa situação.
- Eu vi com meus próprios olhos, Camila. – Ele me olhou com seus olhos lacrimejados.
- Eu não quero te perder. – Ele passou as mãos em seu rosto.
- Seja o que tiver com ela, quero que termine com ela.
- Já acabou.
- Termine pessoalmente ou nunca mais me verá. – Assenti e confesso que meu coração naquele momento estava sangrando desesperadamente.
- Posso me trocar primeiro?
- Quer ficar bonita para ela? – Uma lágrima escorreu em meu rosto. – Anda, vamos agora. – Abaixei a cabeça.
- Eu vou.
O caminho foi guiado por mim que memorizei quando andávamos na sua caminhonete, meu coração se apertava cada vez mais ao se aproximar de seu apartamento, a respiração pesada do Justin dentro do carro me fazia morder o lábio com medo, medo por ser colocada nessa situação, algo que eu mesma me coloquei, eu mesma teria que fazer uma escolha, uma escolha que nem pensei no que seria melhor para mim. Viver com o Justin tendo ciência da traição e nossa relação se afastar ainda mais ou tentar viver algo com uma mulher que mal a conhecia, apenas conheci poucas coisas dela nesses 3 dias.
Mas algo me falava que eu estaria escolhendo uma decisão caótica, mas eu não poderia simplesmente largar tudo que montei nesses anos, meus pais saberem disso me dava medo por ter que lidar com a rejeição deles e nojo ao me olhar. Justin parou o carro e me olhou, fiquei alguns segundos olhando para frente e o olhei, ele me olhava esperando que eu fosse até lá. Tirei o cinto saí do carro, caminhei lentamente e isso era algo que eu não queria.
Subi até o seu apartamento e bati na porta, meus olhos me entregavam uma tristeza pesada, eu mordia a minha bochecha por dentro da boca. Ela não atendeu. Bati de novo e coloquei a mão na maçaneta, a porta estava aberta. Adentrei lentamente e logo a vi parada de braços cruzados encostada na geladeira. De longe eu vi seu rosto em tons avermelhados, seu olhar estava bastante triste.
- Me desculpa por ter te deixado lá ontem. – Ela nada falou. – Eu tive que ir atrás dele. – Ela nada falou, lágrimas começaram a escorrer em meu rosto. Me aproximei dela o suficiente e vi seus olhos verdes avermelhados, respirei fundo. – Justin está me esperando lá fora.
- Por quê? – Sua voz saiu bem rouca, fechei os olhos e emudeci os lábios.
- Eu preciso terminar isso. – Ela soltou um suspiro e se baixou se sentando no chão, me aproximei dela e me abaixei ficando de frente para ela, ela chorava. Toquei suas mãos, seus braços, ela chorava e mordia seu lábio, comecei a chorar. – Eu... Eu não quero.
- Mas você precisa. – Ela falou. – Eu não deveria ter te colocado nessa situação.
- Eu queria e ainda quero. – Ela fechou os olhos e passou as mãos no rosto, me olhou e negou.
- Eu não te quero desse jeito. – Limpei minhas lágrimas e mais escorriam em meu rosto.
- É por que não consegue se comprometer?
- Camila. – Respirou fundo. – Que tipo de compromisso nós teríamos? Você está usando um anel de noivado que outro alguém te deu.
Abaixei a cabeça e chorei, senti sua mão em meu queixo, me aproximei e beijei seus lábios sentindo o salgado de suas lágrimas. Ela me deu um beijo na testa. Me levantei e caminhei chorando para fora de seu apartamento.
Entrei no carro com o Justin, o olhei e ele me olhava com aquele olhar de raiva misturado com dor, respirei fundo e voltei o olhar para frente.
- Me deixe em casa.
Ele me deixou em casa e foi para a empresa, eu poderia ter ido trabalhar ao invés de ficar em casa, pois foi pior, as memórias de ontem e vê-la tão triste me deixou arrasada. Mas era isso, eu fiz a minha escolha e teria que conviver com ela agora.
Tomar a decisão de encerrar tudo foi como atravessar um campo minado emocional, onde cada passo pesava mais do que eu poderia suportar. Optei por voltar para o conforto daquilo que conhecia, das promessas feitas e dos planos traçados a dois. Decidi ficar com o meu noivo, acreditando que era o caminho mais sensato, a escolha que preservaria a estabilidade que tanto valorizávamos.
No entanto, o preço da minha decisão começou a se revelar de maneira avassaladora. A dor de encerrar algo que havia se tornado meu refúgio foi intensificada pela culpa que se instalou silenciosamente em cada momento compartilhado com meu noivo. O relacionamento que antes era minha âncora começou a desmoronar, e eu me vi perdendo a conexão que acreditava ser indestrutível. A sombra da outra mulher pairava sobre nós, mesmo que ela não estivesse fisicamente presente. O que era para ser o início de uma nova fase em nossa história tornou-se uma narrativa manchada pela infidelidade.
As palavras não ditas ecoavam entre nós, criando um abismo silencioso que nenhuma quantidade de arrependimento poderia preencher. A decisão de voltar para o meu noivo, embora parecesse a escolha sensata, revelou-se uma ilusão cruel. A cicatriz da traição marcava não apenas a minha consciência, mas também o relacionamento que, em algum momento, acreditei que poderia ser indestrutível. O preço da minha escolha era a ruína do que tínhamos, e agora, restava-me enfrentar as consequências da tempestade que eu mesma criei.
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Below Her Mouth - História Adaptativa (CAMREN)
RomanceLauren, uma alma livre e irresponsável, encontra-se irresistivelmente atraída por Camila, uma mulher comprometida com um noivo. Quando o destino as une em uma festa, a faísca entre elas acende uma chama incontrolável, desencadeando uma jornada de au...