CAPÍTULO 62

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Ariel

Encarei a grade de ferro que estava bem diante dos meus olhos.

Está na hora de pagar o preço.

Sem um pingo de empatia, fui jogada na sela da superintendência com mais algumas mulheres, incluindo a vise prefeita. Incluindo, algumas das mulheres envolvidas com Castiel e teu circo. Claro, tinham que me colocar justamente no mesmo lugar.

Passei por aliada, por simpatizante, em todas aquelas reuniões e jantares com Castiel.

Eu pedi pra entrar no circo, fingi ser uma palhaça engraçadinha, para então atirar fogo na lona. Comigo dentro, de preferência.

E isso já estava tão evidente pra eles como o sol no verão. Foi isso que constatei ao entrar na sela, ao ser xingada de traíra, o nome mais suave que me chamaram. Os olhares, os comentários...

Ameaças e piadas mal foram escutadas por mim.

Não que eu ligasse pra isso tudo. Porque realmente, minhas preocupações estavam fora disso. Estavam com Leandros, com a garotinha que iria ficar sem mãe por uns tempos.

Era só isso que conseguia pensar. Mesmo quando confiscaram minhas coisas, me revistaram e mesmo durante o banho mais frio que já tomei, abafar meus pensamentos. Mesmo quando me fizeram colocar o horroroso uniforme laranja... Fiquei completamente calada, mas minha cabeça erguida.

Sempre.

Quanto tempo? Sinceramente, espero que eu fique um ano em regime fechado, para responder o resto em liberdade. Talvez eu tenha sorte de reduzir minha pena de uma forma considerável, se eu levar em conta a delação premiada.

Isso já estava garantido.

Só que até o juiz decidir os anos do meu julgamento... É disso que tinha medo.

A grande verdade era que eu estava na lama até o pescoço. E eu teria que arrumar uma forma de concertar isso...

Sentada no chão da sela, afastada dos outros, pensando em quanto tempo iria ficar longe dos que eu amo. E pensando em como a morte parecia sempre rondar minha vida, um policial apareceu.

---- Ariel Andreas. ---- ele chamou meu nome. Não meu nome de batismo, mas meu nome de casada. E só isso foi suficiente para me fazer gelar. Firme e rígido, como um policial deveria ser com uma presidiária aguardando o julgamento.

As piadinhas pararam. Eu me levantei, caminhei até a grade. Querendo entender...

---- Comigo. ---- ele disse, abrindo a sela e me algemando. ---- Isso é para a sua e minha segurança.

A confusão da sala foi total. A vice-prefeita, que era tipo a chefe do bando de urubu, acusou o policial de ter sucumbido aos meus encantos.

Eu, sem demostrar grande entusiasmo, e pensando que nada mais iria me abalar no dia de hoje, fui escoltada pelo corredor longo, com os olhos perdidos no nada.

Foi quando parei ao escutar a voz que me indagou:

---- Mulher traiçoeira, e é você que me chama de cobra? Você, sua naja peçonhenta, bolou tudo muito bem, não é? Esperou, esperou e deu o teu bote certeiro... ---- virei meu pescoço para o lado esquerdo, na direção do som da voz, e vi Castiel sentado no chão de uma sela vazia, algemado com os braços para trás. Na sua bochecha, o C que fiz com o ferro quente estava com sangue seco escorrido pelo rosto. ---- A única maneira de acabar comigo foi deixando respingar um pouco do veneno em você?...

Ele fez um movimento agoniado, esfregando a bochecha na parede, sorrindo para mim. Vendo o estado da sua bochecha, que estava bem pior do que deixei, percebi que o sangue seco ali, foram provocados pelos suas próprias unhas em contato com a pele queimada...

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⏰ Última atualização: May 19, 2024 ⏰

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