Ariel
Encarei a grade de ferro que estava bem diante dos meus olhos.
Está na hora de pagar o preço.
Sem um pingo de empatia, fui jogada na sela da superintendência com mais algumas mulheres, incluindo a vise prefeita. Incluindo, algumas das mulheres envolvidas com Castiel e teu circo. Claro, tinham que me colocar justamente no mesmo lugar.
Passei por aliada, por simpatizante, em todas aquelas reuniões e jantares com Castiel.
Eu pedi pra entrar no circo, fingi ser uma palhaça engraçadinha, para então atirar fogo na lona. Comigo dentro, de preferência.
E isso já estava tão evidente pra eles como o sol no verão. Foi isso que constatei ao entrar na sela, ao ser xingada de traíra, o nome mais suave que me chamaram. Os olhares, os comentários...
Ameaças e piadas mal foram escutadas por mim.
Não que eu ligasse pra isso tudo. Porque realmente, minhas preocupações estavam fora disso. Estavam com Leandros, com a garotinha que iria ficar sem mãe por uns tempos.
Era só isso que conseguia pensar. Mesmo quando confiscaram minhas coisas, me revistaram e mesmo durante o banho mais frio que já tomei, abafar meus pensamentos. Mesmo quando me fizeram colocar o horroroso uniforme laranja... Fiquei completamente calada, mas minha cabeça erguida.
Sempre.
Quanto tempo? Sinceramente, espero que eu fique um ano em regime fechado, para responder o resto em liberdade. Talvez eu tenha sorte de reduzir minha pena de uma forma considerável, se eu levar em conta a delação premiada.
Isso já estava garantido.
Só que até o juiz decidir os anos do meu julgamento... É disso que tinha medo.
A grande verdade era que eu estava na lama até o pescoço. E eu teria que arrumar uma forma de concertar isso...
Sentada no chão da sela, afastada dos outros, pensando em quanto tempo iria ficar longe dos que eu amo. E pensando em como a morte parecia sempre rondar minha vida, um policial apareceu.
---- Ariel Andreas. ---- ele chamou meu nome. Não meu nome de batismo, mas meu nome de casada. E só isso foi suficiente para me fazer gelar. Firme e rígido, como um policial deveria ser com uma presidiária aguardando o julgamento.
As piadinhas pararam. Eu me levantei, caminhei até a grade. Querendo entender...
---- Comigo. ---- ele disse, abrindo a sela e me algemando. ---- Isso é para a sua e minha segurança.
A confusão da sala foi total. A vice-prefeita, que era tipo a chefe do bando de urubu, acusou o policial de ter sucumbido aos meus encantos.
Eu, sem demostrar grande entusiasmo, e pensando que nada mais iria me abalar no dia de hoje, fui escoltada pelo corredor longo, com os olhos perdidos no nada.
Foi quando parei ao escutar a voz que me indagou:
---- Mulher traiçoeira, e é você que me chama de cobra? Você, sua naja peçonhenta, bolou tudo muito bem, não é? Esperou, esperou e deu o teu bote certeiro... ---- virei meu pescoço para o lado esquerdo, na direção do som da voz, e vi Castiel sentado no chão de uma sela vazia, algemado com os braços para trás. Na sua bochecha, o C que fiz com o ferro quente estava com sangue seco escorrido pelo rosto. ---- A única maneira de acabar comigo foi deixando respingar um pouco do veneno em você?...
Ele fez um movimento agoniado, esfregando a bochecha na parede, sorrindo para mim. Vendo o estado da sua bochecha, que estava bem pior do que deixei, percebi que o sangue seco ali, foram provocados pelos suas próprias unhas em contato com a pele queimada...
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Duas Semanas De Puro Prazer
RomanceATENÇÃO, CONTEÚDO NÃO INDICADO PRA MENORES DE 18 ANOS! Uma carioca da gema escolheu Campo Grande, capital de Mato Grosso Do Sul, para se refugiar de um trauma. Sem nem mesmo suportar ter a lembrança do mar, ela se vê mergulhando nos olhos azuis de...