Cap 13

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— Rose... Rose, eu tô falando com você...

A voz do Lee Know ao fundo me puxa de volta a realidade, a reunião acabou há um tempo e eu não me mexi, continuo sentada da mesma maneira que estava há dez minutos ao ouvir "VAMOS PARA O BRASIL".

— Rose, ...

— Oi, o que foi?

— O que foi, digo eu, você tá ai, sentada olhando para o nada, parece que viu um fantasma

Olho em volta da sala e percebo está completamente vazia a não ser por mim e Lino, eu não vi o tempo passar, não percebi o momento em que todos se foram, apenas continuei aqui, pensando. Respiro fundo esperando voltar ao meu normal. Forço um sorriso para Lino e tento fazer ele esquecer do que ele viu. Disfarçando para que ele não faça nenhuma pergunta, mas ele para na minha frente, encostando nas cadeiras e cruzando os braços. Ele permanece em silêncio por um breve momento, como se estivesse me observando ou tentando compreender alguma coisa.

— Ta com fome?

~Espera, o quê? ~

— O quê?

Ele vira os olhos dando uma leve risada.

— O que, o que, parece que o disco travou. Perguntei se você ta com fome, abriu uma lanchonete aqui perto, acho que você vai gostar.

Sinto uma onde de alívio percorrer para o todo meu corpo, como se tivesse tirado um peso das minhas costas, confesso que estava esperando uma enxurrada de perguntas das quais eu provavelmente não saberia responder.

— Tô sim

— Ótimo, ouvi dizer que a lanchonete ainda é bem discreta sem muita gente frequentando.

Ele diz enquanto pega seu casaco e o coloca no meu ombro. Apenas aceno em silêncio para concordar com o que ele diz. Ao se afastar de mim, consigo ver um sorrisinho em seu rosto, do tipo que ele sempre faz quando quer me irritar com alguma coisa e fala antes de sair da sala, me deixando sozinha.

— Assim você pode me contar o que você odeia tanto no Brasil.

(...)

A caminhada até a lanchonete foi um completo silêncio, somente por fora, pois em minha mente eu estava tentando, apenas tentando formular respostas das possíveis perguntas, perguntas que evitei responder durante muito tempo, não porque eu sinta vergonha, nem por que eu me sinta culpada, mas sim pelo fato de que as poucas vezes que tentei conversar com alguém sobre o que realmente aconteceu eu sempre escutei "PARA, VOCÊ ESTA EXAGERANDO", então eu simplesmente resolvi enterrar esse assunto o mais fundo possível.
Ao entrar na lanchonete percebo que realmente, não tem muitas pessoas assim como Lino disse que seria, nos sentamos em um canto perto da janela, Lino se senta a minha frente e se mantém em silêncio, apenas me olhando como se estivesse esperando eu começar a tagarelar como eu sempre faço, mas não consigo, o pouco tempo de amizade que temos, nos aprendemos a lidar um com o outro, sabemos exatamente quando o outro precisa de espaço, de um tempo sozinho e respeitamos isso e não forçamos a barra... OK, talvez ele respeite mais do que eu, e não é que eu não respeite, é que normalmente eu não consigo entender exatamente o que se passa em sua cabeça e talvez porque eu goste um pouquinho de irritá-lo, sempre gostei da bufadinha que ele da quando está ficando irritado, ou a revirada de olhos quando falo algo que ele não gosta...

— O que foi? -Lee Know fala chamando a minha atenção

— O quê?

— Você tá aí sorrindo sozinha, me fala o que, também quero rir

~droga~

— A nada, eu só tava pensando em como você fica fofo quando tá irritado.

Ele não responde, apenas revira os olhos e balança a cabeça me fazendo dar uma risadinha que some assim que ele volta a falar.

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