Omori ; Goularte

37- Tem razão, vinho não.

𝗘𝘀𝘁𝗲𝗹𝗹𝗮.

Em todos os anos da minha existência, nunca conheci alguém como ele.
No final de cada tragédia romântica, sempre achei que não era digna de amor, apenas pelo fato de não ter aquele sentimento de solidariedade.
Ainda sinto que não sou merecedora de afeição, mas no fundo, tudo o que eu sempre quis era ser amada por alguém como Gabriel, que acima de todas as circunstâncias, ainda persistiu em me fazer ficar, que aprendeu a gostar dos meus defeitos ao preferir de tolerá-los e que me fez reconhecer algo que era quase inevitável de perceber.
No fundo, Gabriel sempre viu a beleza por trás de minhas inseguranças. Ele sabia que em meu interior, além do medo, eu era alguém que gostaria de ser amada.

[...]

- como você tá?

Meus olhos se encontram com o olhar da garota, seu rosto trazia uma onda de melancolia, tinha uma aparência levemente pálida, principalmente quando a luz de fora tomava conta de sua face, abaixo dos olhos havia bolsas grandes de olheiras escuras, e era perceptível restos de maquiagem em sua linha d'água.

- se eu falar que estou bem eu estaria mentindo. - Mel responde, e sua frase faz sentido ao ver seus olhos transmitindo tristeza.

Estávamos sentadas próximas a varanda, onde a luz do lado de fora ultrapassava o vidro da porta e tomava conta do apartamento.
O apartamento da Tiemi não tinha mudado tanto desde a última vez que vim aqui, havia algumas mudanças, como uma foto polaroid de nós duas enquadrada num pequeno porta retrato em cima do rak ou o lugar aonde ficava os potes de ração dos gatos que agora ficava em um lugar novo do cômodo.

- e o Vitor? aonde ele está? - pergunto, ao ver a garota colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- ele foi no apartamento da irmã dele, deve está voltando jajá.- Assinto fazendo menção em balançar a cabeça.
Nunca havia visto a Mel assim, ela parecia desligada, fora do seu habitual, e isso me preocupava muito.

- vai me contar o que aconteceu? - pergunto, não querendo ser muito insensível com minhas palavras.

- o Rafael beijou uma menina na festa. - A garota diz numa rapidez que meu cérebro demora alguns segundos para  digerir. Sua naturalidade ao dizer isso faz com que eu sinta uma pontada no peito, eu sabia que a Mel sentia muito pelo Guaxi, e eu ao menos esperava que ele sentisse o mesmo.
Fico boquiaberta, não sabia exatamente o que dizer, ela claramente estava mal, por mais que sua expressão aparentava vazia.

- você viu? como você está com isso? - Me senti pequena por estar alí, não sabia como ajudar, só queria que ela se sentisse confortável.

- vi, eu tava com a bebida dele e ele foi ao banheiro, quando fui atrás, aconteceu. - ela dá uma pausa para respirar, por um momento achei que tinha visto seus olhos se encherem de lágrimas. - não tinhamos nada, pelo menos nada sério, mas eu amo ele, e ver ele beijando outra me machucou.

- mas, ele sabia, não sabia? que você o ama. - digo sem hesitar. - porque ele faria isso? vocês brigaram?

- sim, ele sabia, a gente tava em um dos melhores momentos do nosso "relacionamento" - ela faz aspas com os dedos - sabe quando a paixãozinha passa e você começa a ver quem realmente a pessoa é? eu via quem Mo... - ela corta a palavra e engole seco, eu sabia que ela iria chamá-lo pelo sobrenome. - Rafael era, e continuo apaixonada por ele, o real ele.

Eu entendi bem o que a garota quis dizer, comecei a ver muito do Gabriel do que apenas a imagem que eu conhecia pela internet. E quando vemos muito o interior da pessoa, algo que nem sempre está aparente, é um alarme para "sim, você está apaixonado" ou você só é sensível o suficiente para enxergar os sentimentos das pessoas com total empatia. Se bem que, eu sempre acreditei que o amor nos deixa sensíveis no final de tudo.

- ah, sim, acho que entendi. - falo e desvio o olhar para as minhas mãos. - eu só não entendo muito bem o que deu nele para fazer uma coisa dessa, e eu acredito que tenha uma explicação. - digo e finalmente olho para ela. - mas isso é algo que você não deve se preocupar por agora.

Queria poder abraçar Mel e a proteger de tudo isso, queria tirar ela disso e de toda a necessidade de validação por tentar ser alguém perfeito. Queria mostrar pra ela que ela é especial, e que todo esse ocorrido com o Guaxi pode ter uma explicação, mas que ela não deveria se importar com isso agora. Se ele a ama de verdade, ele saberá o que fazer, eu sei que sim.

Quando ela faz menção de falar algo, ouço o rangir da porta, ela se abre e vejo um cara alto adentrando no apartamento, possuía algumas tatuagens, seus cabelos eram escuros e bagunçados com um corte Mullet, tinha uma bolsa em mãos, ele deixa no sofá e vem em nossa direção.

- ah, Vitor, essa é a Ella. -Tiemi aponta para mim - e Ella, esse é o vitor. - ela nos apresenta.

Me levanto e estendo uma mão para ele, ele aperta me comprimentando.

Vitor olha para Mel, ele parecia preocupado com a garota, imagino como ela teria ficado caso nenhum de nós dois estivesse aqui.

- você tá melhor?

- tô indo. - ela diz para ele. - Ellinha, vamo na cozinha comigo?- a garota me chama, e eu assinto seguindo a mesma.
Ao chegar na cozinha, Mel vai direto para a sua geladeira de vinhos a abrindo.

- você tem certeza disso? - pergunto para ela, indicando ao fato dela querer beber sendo que claramente não está bem.

- tem razão. - ela diz, mudando de direção. - vinho não. - ela se direciona para outras bebidas, ainda Alcoólicas. Meus lábios se formam em quase um sorriso.
Ela pega uma garrafa de whisky Royal Salute e vai em direção a geladeira pegando gelo, coloca em dois copos e acrescenta com a bebida.

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voltei amores 😭 como vocês estão? sentiram sdd?

gnt tadinha da Mel, quase tive um derrame escrevendo

enfim, é isso meus amores

votem na estrelinha para mais caps!

bjss.