Desejo de Natal 11 - Prioridades

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Ver Claw Noir me trás de novo aquele gosto amargo na garganta.

Lembrar da conversa, com ele me explicando porque fez aquilo, ainda me dá um pouco de raiva, mas tive dias para pensar e aceitar o fato de que Adrien, ChatNoir, Claw Noir e Cat Walker - até mesmo ele -, são a mesma pessoa. Se eu acho complicado ser LadyBug e Marinette, como Adrien lida com tudo isso?

Ao menos foi divertido vê-lo se esforçando para ser alguém diferente perto de mim. E em sua defesa, não teve nenhuma gracinha, nenhuma cantada, nenhum trocadilho de gato.

Agora que sei, parece óbvio também ser ele. Mesmo que seja mais alto e mais forte que suas versões anteriores, mesmo com os lábios pintados de preto, e a quantidade excessiva de spikes na roupa. Ainda não o conheço o suficiente, mas os trejeitos são os mesmos. ChatNoir de roupa nova, como Plagg falou antes.

- é mesmo necessário fazermos isso hoje? - Claw Noir pergunta sem me cumprimentar antes. É quase grosseiro, o que acho divertido agora que sei quem é sob a máscara.

- tinha planos para a noite?

- todos tem planos para a noite. - verdade, mas MEUS planos dependem dele cancelando NOSSOS planos para a noite.

- agora você tem prioridades - enfatizo as palavras colocando as mãos na cintura. Controladora, Chat tinha me descrito - Essa é sua prioridade?

Adrien demora a responder, talvez esteja avaliando a resposta correta.

- sim, é a prioridade.

- esta é a prioridade - insisto -, ou é a prioridade,contanto que não atrapalhe sua vida de verdade? Porque, sabe, é bem difícil conciliar as coisas, olha o que aconteceu com o ChatNoir. - Vejo ele ficar tenso, e não escondo o sorriso. - o ideal seria que não envolvessemos outras pessoas na nossa bagunça, coitada da namorada do Chat... Então é melhor você não contar nada para sua namorada, mesmo que as coisas fiquem complicadas.

- eu não te...

"Não tem o quê? Namorada? ou segredos dela?"

- shhhhhh, eu não quero saber. Nada de informações pessoais. Aqui somos só LadyBug e Claw Noir. - espero que isso soe mandona o suficiente.

Chat, ou melhor, Noir, ergue uma sobrancelha, talvez esteja pensando que não o tratava assim antes. Talvez pense que não gosto de sua nova versão, feita especialmente para me enganar. Ele está certo nas duas opções.

- vocês costumavam patrulhar na virada do ano?

Sei que está chateado por ser convocado em cima da hora, e fiz questão de parecer aborrecida por passar a última meia hora do ano sozinha, mesmo que ele prometesse que seria rápido.

- na verdade não, mas Chat... o outro Chat, passava muitas datas comemorativas sozinho, e eu meio que me acostumei em fazer companhia - ao menos era assim no início, quando eu saia no meio da noite para encontrar um ChatNoir abatido, até que eu não saí, e ele buscou minha companhia sem saber - podemos manter assim, estar aqui, quando o outro precisar.

- você é uma boa amiga - tão sério, Adrien nem nota que saiu do papel que criou, me olhando com ternura.

- acho que não - digo, na minha melhor expressão de abandono - ele foi embora, e nem me avisou antes, então não fui o suficiente.

- tenho certeza que não foi intenção dele te magoar.

- com intenção ou não, ele fez. E nem foi a primeira tentativa... só que dessa vez ele garantiu que não teria volta. Mas gatos são assim, não são? Livres. Sem donos. Eles vêm e vão quando querem. - Viro as costas, no que espero ser um gesto dramático. Adrien adora um drama, uma mocinha frágil, alguém para proteger. - Você também quer ir embora agora mesmo.

Eu mereço um prêmio pela atuação, Mesmo que tudo isso seja verdade, porque Claw Noir segura meu pulso, impedindo que eu me afaste. Me viro para encará-lo, o semblante sério, que é a persona de Claw Noir, se torna mais suave, e vejo Adrien por baixo da magia.

- eu não vou a lugar nenhum. - a mão em meu pulso passa o sinal errado para meu corpo, e por algum motivo sinto o impulso de acabar com essa palhaçada.

- você vai, todo mundo se vai. Mas eu sou a guardiã, então vou continuar aqui. - talvez isso desminta sua ideia de que eu vou parar - na verdade, pode ir agora, prefiro ficar sozinha mesmo.

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