Capítulo 5

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Alina

Pego minha bolsa e me dirijo para o banheiro, entro e tento fechar a porta, mas ela não possui fechadura ou trinco. Merda, tento prendê-la com um chinelo, não ficou muito segura mas é melhor do que ficar totalmente aberta.

Vejo meu reflexo no espelho e encontro medo em meu olhar, não tenho ninguém para me proteger aqui, acho que a ficha só caiu agora dos riscos que corro nessa missão, lavo o rosto e enxugo na blusa mesmo. De repente escuto alguém tentando entrar e batendo a porta.

- Abre a porta vadia! Não pode monopolizar o único banheiro daqui pra você!

Engulo em seco e respiro fundo, eu consigo, já sobrevivi a coisas piores. Pego minha mochila do chão e abro a porta.

- Me desculpa pela demora, o banheiro é todo seu agora.

Digo enquanto tento sair da frente.

O homem me olha de cima abaixo, ele é horrível. Tem uma cicatriz do queixo a testa, parece que alguém tentou partir seu rosto ao meio. Além disso, está fedendo como se não tomasse banho há dias e acho que tem sangue seco em sua roupa.

- Ora ora e não é que você é uma putinha bonita? Me diga meu bem, você é uma menina boazinha ou malvada?

Ele vem andando em minha direção, tento desviar meu corpo de suas mãos e investidas, preciso deixar um espaço entre nós. Ele acaba me prensando contra uma parece de vidro que fica entre o banheiro e o tatame de treino. Não tenho escolha a não ser me defender quando sinto suas mãos subindo em minha cintura, preciso que ele saiba quem manda aqui.

Agarro seu cabelo e puxo sua cabeça para trás, chuto seu joelho com o pé e ele cai gritando de dor.

- Não encosta em mim porra! Senão vou te mostrar como posso ser uma vadia bem má!

Cuspo em seu corpo e saio do local enquanto ele pragueja me chamando de coisas nada agradáveis, alguns homens me olham com temor, outros com respeito. Parece que terei uma trégua por enquanto.

Vou caminhando pelo local, conhecendo os espaços, chego até o dormitório e vejo um papel com todos os horários em cima de uma beliche. Pego ele e começo a lê-lo, resumindo:

· Treino de manhã;

· Lutas em pares a tarde;

· Torneio 1x por semana com o perdedor sendo eliminado do local;

· Refeição 2x por dia;

Leio as poucas informações obtidas e me deito, que ótimo, sem segurança e com pouca comida. Acabo adormecendo um pouco, estou cansada do dia.

Os dias vão passando sem muitas surpresas, acabei adquirindo um certo respeito por socar aquele homem. Alguns até me tratam bem e se oferecem para treinar comigo. Os torneios também foram tranqüilos, não tive problema com meus oponentes. Amanhã será meu décimo segundo dia aqui, estou ficando nervosa e receosa com o que virá pela frente, até então tem sido até tranqüilo, será que continuará assim?

Tomo um banho rápido e como uma sopa de batata antes de ir descansar, os outros também vão dormir mais cedo, parece que também pressentem que algo está errado. Assim que me deito acabo apagando, o cansaço psicológico acaba sendo maior que o físico, perdi alguns quilos, mas nada se compara a dúvida do que irá acontecer no décimo quinto dia.

Sinto que estou sendo cutucada e abro os olhos.

- Acorda querida, hora do torneio.

Sento na cama e vejo três homens ao meu redor, eles não parecem amigáveis e possuem um sorriso sinistro nos lábios.

Infiltrada na MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora