And isn't it just so pretty to think
All along there was some
Invisible string
Tying you to me?
E não é tão bonito pensar
que o tempo todo havia uma
corda invisível
amarrando você a mim?
Annabeth revirou os olhos pela milésima vez naquela noite. Péssima ideia. Aliás, uma série de péssimas ideias. Péssima ideia número um: deixar Thalia a arrastar para uma festa cheia de adolescentes suados animados pelo fim do ano letivo; Péssima ideia número dois: aceitar usar a calça jeans colada que Piper sugeriu. Piper poderia ser bem persuasiva quando queria, então talvez isso não fosse totalmente culpa de Annabeth.
A música era tão alta que a menina quase não conseguia escutar os próprios pensamentos agora. Não é como se Annabeth não gostasse de se divertir, a menina fazia isso com frequência, aliás, mas se alguém lhe perguntasse qual era a sua idéia de diversão, ela provavelmente responderia algo diferente de " me desviar de adolescentes se agarrando num ambiente lotado com informação demais para alguém com TDAH digerir" ou seja, exatamente o que acontecia agora.
Chase tentou, em vão, encontrar as amigas. Thalia sumiu assim que chegaram na casa e Piper dançava animadamente com o namorado no outro canto da sala. Annabeth não queria incomodar a amiga, que só encontrava o namorado nos verões, quando este passava um tempo com a mãe e a irmã, Thalia, na Califórnia. Revirou os olhos mais uma vez ao lembrar quão meloso era o casal, mas não pôde deixar de sorrir pensando no quanto pareciam felizes. A menina não era muito inclinada a romances; Thalia com certeza compararia a vida romântica de Annabeth à prateleira de livros de autoajuda da biblioteca da escola: parada e mal frequentada. A menina riu baixinho com a ideia. Quando criança, em Nashville, lembrava de pensar que encontraria a pessoa certa numa de suas visitas ao Centennial Park, quando lia, sentada na grama verde do parque, horas e horas pela tarde; ela encontraria a pessoa certa ali, e ela simplesmente saberia que aquela era a pessoa certa pra ela.
Foi triste deixar Nashville, com o pai, após a morte da mãe. O Centennial Park ficou pra trás, assim como os devaneios de Annabeth sobre o amor. A menina teve alguns relacionamentos depois disso, já na adolescência, mas nada sério, nada que durasse ou parecesse certo. Já no ensino médio, Annabeth preferiu concentrar-se em seu futuro acadêmico; participava de algumas atividades extra no colégio e passava grande parte do tempo estudando. Sabia o que queria, e esforçava-se para alcançar seu objetivo: faria arquitetura em Berkeley, e para isso, precisava se dedicar. Esse seria seu último ano no colégio, e estava animada! Claro, o ano seria diferente sem Thalia; a amiga, que era um ano mais velha, formara-se esse ano e embarcaria para Nova Iorque no fim do verão, onde faria faculdade.
Annabeth era amiga de Thalia há bastante tempo, mas por vezes se esquecia de que grande parte da família da garota era de Nova Iorque: o pai e o irmão, os tios, alguns primos... A música parecia aumentar e o calor do ambiente era insuportável; Annabeth imaginou se ir até o jardim da casa seria outra péssima ideia a ser tomada naquela noite. Um garoto visivelmente bêbado tentou passar o braço ao redor da cintura da loira, e ela, após afastá-lo, decidiu que nenhuma decisão seria pior do que topar vir a festa de carona com Piper e Thalia.
Já no jardim, a garota respirava o ar puro da noite quando sentiu uma mão em seu ombro. Pensando se tratar do mesmo garoto que a abordara minutos atrás, não pensou duas vezes antes de aplicar um golpe de judô no garoto, que caiu pesadamente no chão. Surpreendeu-se quando fitou os olhos do garoto: um lindo par de olhos verdes. O garoto gaguejou, ruborizado:
— Desculpa se te assustei. - continuou, já com um sorriso de canto, sarcástico. - você sempre derruba garotos indefesos que tentam se aproximar?
Annabeth percebeu que ainda mantinha o joelho no abdômen do rapaz. Recuou e estendeu a mão, oferecendo ajuda para que ele se levantasse.
— Desculpa se eu te assustei - disse, dando ênfase no eu. - você não deveria se aproximar assim, de qualquer forma.
Annabeth analisava o rosto do desconhecido. Tinha algo de familiar nele. Tentou lembrar de onde poderia conhecê-lo...
— Você tem razão. É só que, vi você andando pra cá e fiquei feliz por finalmente poder conhecer a famosa Annabeth. - Annabeth espantou-se com aquilo. Então o garoto a conhecia? - Céus, você é a Annabeth, certo?
Annabeth riu do nervosismo do rapaz.
— Sim, meu nome é Annabeth Chase. Acho que estou em desvantagem aqui, já que não sei o seu nome. - o menino riu. - de onde você me conhece? - prosseguiu, tentando não soar indelicada.
— Sou Percy Jackson, primo do Jason e da Thalia. Thalia não para de falar sobre você. É "Annabeth" pra cá "Annabeth" pra lá; leva até fotos no natal. Não foi difícil te reconhecer. - respondeu o garoto, com simplicidade.
Annabeth lembrou de algumas fotos penduradas na casa de Thalia, que exibiam a garota, mais nova, Jason e um garotinho de olhos verdes. Lembrou de Thalia comentar sobre o primo de Nova Iorque, com quem ainda mantinha contato apesar da distância. Analisou o rapaz a sua frente. Era engraçado como Percy parecia uma figura presente em sua vida; era como se ele sempre tivesse estado ali, seu nome pairando numa história engraçada que Thalia contava às gargalhadas ou num comentário qualquer de Jason. Parecia loucura, mas Annabeth sentia-se próxima do garoto.
— Então finalmente tenho a honra de conhecer o cara que inventou o melhor apelido de Thalia. - Percy riu.
— Em minha defesa, ela praticamente implorou pra receber esse apelido. Quem em sã consciência consegue bater num pinheiro numa corrida de bicicleta? - dessa vez, Annabeth riu. - pensando bem, Cara de pinheiro não me parece tão criativo agora. - respondeu.
— O que faz aqui? - prosseguiu a garota.
— Thalia nem mencionou? - Percy perguntou, colocando a mão no peito ao fingir estar ofendido. - Berkeley. É meu primeiro ano. Infelizmente, surf ainda não é visto como um curso universitário, então escolhi o lugar mais próximo do mar possível. Encare como um intercâmbio de primos: Thalia vai curtir a sujeira e poluição da cidade que não dorme enquanto eu passo um tempo tentando pegar um bronzeado aqui na Califórnia.
Annabeth riu. Era engraçado como nunca havia encontrado Percy antes, apesar dele regularmente estar em lugares que ela frequentava. Quando o garoto vinha até San Francisco, nas férias, Annabeth estava visitando os avós. Quando ia até Nova Iorque, com Thalia, o garoto estava viajando com o pai. Demorou, mas eles finalmente haviam se encontrado.A garota sentia que esse encontro aconteceria, mais cedo ou mais tarde. Parecia certo que acontecesse. Annabeth sentiu um frio na barriga. Sorriu ao olhar para o dono dos olhos verdes.
— Bom, acho que agora vamos nos encontrar com frequência, então.- disse.
— Espero que sim - respondeu Percy. - Aliás, gostei do jeans.
Annabeth revirou os olhos, mas sorriu ainda mais. Talvez as péssimas ideias da noite não fossem tão péssimas assim, até porque, elas levaram-na a encontrar Percy Jackson.
As folhas das árvores estavam douradas no outono em que Annabeth levou Percy para conhecer o Centennial Park. Lembrou da pequena Annabeth e pensou no quanto ela estava certa. Reconheceria que Percy era a pessoa certa para ela em qualquer realidade paralela, apenas sentiria isso, afinal, era como se uma corda invisível amarrasse um ao outro. Eles eram inevitáveis, e sempre se encontrariam, porque era assim que deveria ser.
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Corda invisível
RomancePercy e Annabeth sempre se encontrariam, mesmo numa realidade paralela, afinal era como se uma corda invisível amarrasse um ao outro.