Chamber 5 (Jaywon)

O Cupido?

Mesmo quando eu senti a emoção, eu ignorei, odiando minha vontade
Se eu não posso ter, então não vou desejar isso
- Chamber 5

Você percebe que sua vida está uma merda quando se identifica com uma comédia romântica adolescente. E a fanfic era até engraçadinha, mas a partir do momento em que você chora em uma comédia, algo definitivamente está errado.

A fanfic em questão se chama O Cupido e foi bem difícil aceitar que eu era um cupido. Sim, eu sou o cupido entre os meus amigos.

Caso não esteja no mesmo universo que o meu ou não tenha visto nada sobre, cupido significa: na mitologia romana, o deus do amor e na atualidade, aquele que junta casais, o casamenteiro.

O papel de um cupido consiste em ser o acessível entre seus amigos, ou seja, as pessoas me usavam para chegar até meus dois melhores amigos, conhecidos como Kim Sunoo e Sim Jake.

Como daquela vez que Park Sunghoon passou o intervalo inteiro me fazendo perguntas irritantes sobre Sunoo ou quando Lee Heeseung passou a aula inteira de química me mandando mensagens sobre Jake.

Eu, Yang Jungwon, era o cupido em pessoa.

E como todo adolescente comum, eu tive um surto de raiva e briguei com meus melhores amigos. Jogando na cara deles o fato de terem me transformado no cupido deles, sem realmente dizer esse termo ridículo que tirei de uma fanfic no Wattpad.

E era exatamente por isso que agora estava sozinho e sem amigos.

E até queria todo aquele clichê do cupido ser o nerd, como o protagonista da fanfic que era apaixonado por livros e bastante inteligente. Eu estava longe disso. Minha nota de matemática estava F abaixo de zero e corria o risco de perder o ano por causa dela.

Sem amigos, sem namorado e correndo o risco de ficar em recuperação de matemática. Resumindo: estava ferrado.

Ah! E é claro que não poderia faltar à paixão super platônica que eu tinha por Nishimura Riki. Pois, na vida de um cupido, tinha que ter aquela pessoa linda e inalcançável para fazê-lo se sentir ainda pior. Eu estava preso em algum clichê mal feito de comédia romântica e só agora havia percebido.

Para ser sincero, toda essa piração de cupido era por sua causa.

O cara que me fazia burlar as aulas de história apenas para vê-lo na educação física, correndo na pista com obstáculos e deixando um rastro de suspiro por onde suas fãs estavam sentadas. E eu era mais um; escondido embaixo da arquibancada para ninguém me ver.

Vergonhoso, eu sei, mas tinha minhas razões.

Riki era maravilhoso com seu cabelo loiro e corpo esbelto, tonificado por todos os exercícios em que ele era viciado. Já eu, baixo e com um corpo pequeno que não atraia nem homem e muito menos mulher.

E eu até gostava dos meus olhos castanhos e boca rosada, mas detestava as sobrancelhas e minhas orelhas que eram um pouco de abano. Não sei se faz algum sentido ser um pouco. Bem, na minha concepção fazia.

Tinha tingido o cabelo de vermelho, pois era minha cor favorita, mas sempre o usava colado à testa. Tudo citado acima, mais os óculos de grau que eram meus melhores amigos - e únicos no momento - contribuíam para não me enquadrar em padrão de beleza algum. E não me importava com as outras pessoas, somente com Riki que parecia não notar minha existência.

Desengonçado e feio, com certeza.

Pelo menos eu tinha uma esperança. Meu amado professor Ryeo, se penalizou da minha situação e me arrumou um tutor, para que assim eu tivesse alguma chance de salvar a minha nota e ter o final feliz ao menos no ano letivo. Esse tutor teria um longo caminho pela frente.