The Song of the Sea [Jily]

I

Paixões grandiosas são para pessoas de alma grandiosa, e eventos grandiosos podem ser enxergados apenas por aqueles que estão no mesmo nível deles."

— Oscar Wilde.

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Todos os dias, quando o sol descia no horizonte e pinceladas de azul e laranja refletiam no céu, Lily Evans sentava-se na areia da praia e sentia-se uma fracassada.

Nessas horas boêmias, ela fumava até o céu ficar escuro, não pensava em nada, seus pensamentos eram estressantes quando fumava. Então, ela só olhava as ondas, enfiando o pé na areia até chegar na parte dura.

Alguns banhistas que passavam, acenavam para ela ao reconhecê-la e Lily acenava de volta. Alguns ela sabia o nome e outros ela se perguntava se sabiam sequer o dela.

Quando ficava escuro demais para ver o mar, ela voltava para casa e fechava a loja. Era um espaço bonito de dois andares, onde ela costumava dividir com amigas da faculdade, era espaçoso e atendia as necessidades. Lily amava morar ali.

Antes de transformar o andar de baixo numa loja de artigos de praia, Lily fazia faculdade de biologia marinha e trabalhava numa instituição de animais em situação vulnerável. Era seu maior sonho realizado, a Lily de dez anos que amava acompanhar o avô no navio de pesca para ver as baleias pulava de alegria pela Lily de dezoito. Ela amava estudar aquilo, era bom acordar às 4 da manhã para ver os ovos de tartarugas quebrando, era bom acampar na praia à noite para ver as águas-vivas nadando na costa, deixando a água azul e brilhosa e era bom quando ela cuidava das baleias. Ela amava o que fazia, acordava todos os dias sem saber que bicho cuidaria.

Aí seu avô morreu e Lily não tinha mais dezoito.

Após isso, ela não tinha mais certeza das coisas que gostava, tudo parecia andar ao mesmo tempo, o tempo todo. As coisas ficaram rígidas, ela ficou, na verdade. Foi questão de dias para ela abandonar os bichos e fazer do andar de baixo da casa uma loja. Suas amigas se mudaram, casaram, tiveram filhos... Ela dizia todos os dias que voltaria, que aquilo não seria para sempre, que apenas estava ali para tomar um tempo para si, respirar...

Lily estava saindo do banho quando ouviu batidas na porta, ela foi só de toalha atender e ao abrir a porta, deu de cara com sua mãe e irmãs.

— Chegamos — disseram elas, a mãe de Lily passou por ela. — Você ainda nem se vestiu!

— Estava me arrumando, antes de baterem na porta. Vocês estão adiantadas! — ela bateu a porta quando sua irmã mais velha passou.

— A mãe estava ansiosa para ver você — disse Lilith, a caçula.

— Eu vi vocês não tem nem dois dias — disse Lily, cruzando os braços.

— Eu sei, mas sou uma mãe solitária — ela abraçou Lily com força. — Vamos botar a mesa e você vai se arrumar.

Lily não disse nada, ela apenas saiu. Todas as sextas e domingos, sua mãe e irmãs faziam um jantar na casa de alguma delas. Hoje seria na casa de Lily, domingo seria na casa de Lorelai, a mais velha e assim por diante. Ela tinha quatro irmãs, sendo a quinta filha de sua mãe, ela era a segunda; sendo Lorelai a mais velha, Lila a do meio, Lana a penúltima e Lilith a caçula. 

Quando chegou na cozinha, Lily quase caiu para trás, a mesa estava divina. Elas botaram um vaso de flores no meio, usaram os pratos mais lindos de Lily, um com conchas desenhadas no fundo, pegaram tachas de vidro e talheres de prata que ela ganhou da avó. Ela se perguntou o porquê do capricho.