Seokmin não quer me contar o que o príncipe Jake disse para ele. Ele insiste que não teve nada a ver comigo, que ele não estava quebrando a promessa de não culpá-lo pelo meu comportamento, que eu devia me esquecer dele e me preocupar só comigo.
— Heeseung, desista. — Ele se acomoda na frente da lareira do quarto, bebericando uma xícara de chá de urtiga em uma caneca de argila. Seokmin está de roupão vermelho, que combina com as chamas atrás da grade. Às vezes, quando olho para ele, parece impossível que seu rosto seja igual ao meu. Ele é delicado, bonito, como um garoto em uma pintura. Um garoto à vontade com quem é.
— Só me conte o que ele disse — insisto.
— Não há nada para contar — diz Seokmin. — Eu sei o que estou fazendo.
— E o que é? — pergunto, erguendo as sobrancelhas, mas ele apenas suspira.
Já tivemos conversas assim. Fico pensando no piscar preguiçoso dos cílios de Jake sobre os olhos brilhantes como carvão. Ele parecia eufórico, arrogante, como se, se eu batesse nele, fosse porque ele me levara a fazer isso.
— Posso encher seu saco pelas colinas e também pelo vale — digo, cutucando o braço dele. — Vou perseguir você de um despenhadeiro até o outro e por todas as três ilhas até você me contar alguma coisa.
— Acho que nós dois aguentaríamos isso melhor se mais ninguém tivesse que ver — diz ele, e bebe um gole caprichado de chá.
— O quê? — Fico surpresa a ponto de não saber o que dizer em resposta. — O que você quer dizer?
— Eu quero dizer que acho que aguentaria ser provocado a ponto de chorar caso você não soubesse. — Ele me olha com firmeza, como se avaliasse quanto de verdade eu aguento. — Não posso simplesmente fingir que meu dia foi bom com você de testemunha do que realmente aconteceu. Às vezes faz com que eu não goste de você.
— Isso não é justo! — exclamo, e ela dá de ombros.
— Eu sei. É por isso que estou contando a você. Mas o que Jake me disse não importa, e quero fingir que não aconteceu, então preciso que você finja comigo. Sem lembretes, sem perguntas, sem preocupações.
Magoado, eu me levanto, vou até a prateleira acima da lareira e encosto a cabeça na pedra entalhada. Não consigo contar quantas vezes ele me disse que me meter com Jake e os amigos dele era burrice. Mas considerando o que está dizendo agora, o que quer que o tenha feito chorar esta tarde não tem a ver comigo. O que significa que ele se meteu em alguma confusão sozinho.
Seokmin pode ter muitos conselhos para me dar, mas não sei se ele os está seguindo.
— E o que você quer que eu faça? — pergunto.
— Quero que você dê um jeito nas coisas com ele — diz Seok. — O príncipe Jake detém todo o poder. Não dá para vencê-lo. Por mais corajoso ou inteligente ou até cruel que você seja, Heeseung. Acabe com isso antes que você saia machucado de verdade.
Olho para ele sem entender. Evitar a fúria de Jake agora parece impossível. O navio zarpou... e pegou fogo no porto.
— Não posso — falo para ele.
— Você ouviu o que o príncipe Jake disse no rio. Ele só quer que você desista. Quando você age como se não tivesse medo dele, é um golpe no orgulho do príncipe, além de ferir seus status. — Ele segura meu pulso e me puxa. Consigo sentir o aroma forte de ervas em seu hálito. — Diga que ele venceu e você perdeu. São só palavras. Não precisam ser verdade.
Eu balanço a cabeça.
— Não lute contra ele amanhã — continua ele.
— Eu não vou sair do torneio — teimo.
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O príncipe cruel | Heejake [Adaptação]
FanfictionTodos os feéricos parecem desprezar os humanos... Principalmente o príncipe Jake, o mais perverso dos filhos do Grande Rei de Elfhame, e o que Heeseung mais odiava. Mas como já dizia o ditado: amor e ódio costumam andar lado a lado. . . trilogia O p...