Capitulo Único

25 1 0
                                    

Ele estava lá mais uma vez se encarando pelo grande espelho da sala. A música soava baixa, mas ainda assim era possível o loiro ouvir em uma certa distância da caixa de som. Era a mesma dança, no mesmo lugar, com a mesma música e a mesma dor. Jimin sabia que ele teria que partir uma hora ou outra, mas desejou que ela nunca chegasse.

"A pressa é inimiga da perfeição", disse o mais velho uma vez durante o ensaio enquanto Park tentava, de maneira afobada, acertar os fouettés. Jimin aprendeu a ser paciente, um bom bailarino e uma boa pessoa. Ele fez o loiro se sentir único, importante e amado, mas também como um grande pecador.

"Minha amada tem humor

Ela é a risadinha no funeral

Ela sabe que todos desaprovam

Eu devia tê-la venerado antes

Se os céus falassem

Ela é a última profetisa verdadeira

Cada domingo fica mais sombrio

Um veneno fresco a cada semana..."

Jimin não sabia o motivo de sentir vontade de dançar toda vez que o relógio do seu celular marcava 12:00AM. Ele sempre se levantava da cama, pegava suas sapatilhas de jazz e ia para a escola de dança que havia sido abandonada há 1ano, período que ele também foi deixado. De certa forma se sentia como a escola. Sempre que chegava era bem recebido pelo professor e agora quem o cumprimenta é sua própria sombra, o frio, e a escuridão do local, mas Jimin não sentia medo, e sim, angústia e saudade. Ele não se incomodava com o odor dali, com as folhas secas espalhadas pelo chão ou até mesmo as pequenas poças de água que se formaram devido as goteiras no teto. Ele só queria dançar e tentar esquecer de tudo como todas as noites de quinta.

A última lâmpada que sobrara no centro da sala era responsável pela pouca iluminação do ambiente. O espaço era melancólico, angustiante e miserável, totalmente desprezível e Jimin se sentia assim, perdera sua vida e alegria assim como a escola de dança.

"Nós nascemos doentes

Você os escuta dizendo

Minha igreja não oferece absolvições

Ela me diz: Louve entre quatro paredes

O único paraíso para onde serei enviado

Vai ser quando eu estiver sozinho com você

Eu nasci doente, mas adoro isso

Ordene-me que eu me cure

Ah, amém, amém, amém..."

Jimin está totalmente preso ao seu passado, seu futuro já não importa, tudo se foi com ele, principalmente as coisas que um dia sonhou em ter.

Seu corpo se movia no ritmo da música, os passos eram inesquecíveis e mesmo assim podia errar quando lágrimas teimosas rolavam sobre suas bochechas. Ele se lembrava muito bem, tinha dificuldade nessa parte e seu professor o ajudou até pegar corretamente. Park começou na dança através balé e durante toda sua carreira se dedicou a aprender variações que, até então, apenas bailarinas dançavam. Após uma aula experimental de jazz contemporâneo o mais novo teve seu primeiro contato com o Jeon. Ele era alto, os cabelos sempre bem amarrados para trás para não atrapalhar durante a aula, pontual, carismático e um artista completo. De todas as coreografias que já dançou, Jimin não esquecia dessa que estava dançando, ela que fora criada especialmente para ele como um presente pela sua dedicação e esforço.

𝐂𝐨𝐧𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨𝐫𝐚𝐫𝐲                                                 𝐏𝐣𝐦 + 𝐉𝐣𝐤Onde histórias criam vida. Descubra agora