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KITANA TENÓRIO

Eu e a Camille, a minha psicóloga, estávamos em mais uma consulta, já que eu finalmente arranjei tempo para isso. Eu contei para ela sobre uma menina que eu vi no hospital mais cedo, que perdeu a vida em uma cirurgia de um tumor maligno. Ela estava muito nervosa, então o cirurgião-chefe pediu para algum psicólogo ou psiquiatra passar lá e conversar com ela para lhe dar confiança de que tudo daria certo, mas no final não deu... Me enviaram até a menina e eu conversei com ela.

A garota se chamava Katherine e ela tinha dezoito anos. Sim, ela era nova. Katherine disse que gostava de um garoto, mas não sabia como contar isso para ele. Eu disse a ela para se declarar para ele após a cirurgia, já que tudo ficaria bem.

Eu dei falsas esperanças a uma garotinha de dezoito anos. Eu me sinto péssima por isso, mesmo o erro sendo dos cirurgiões.

— Bom... Tirando esse detalhe, o meu dia foi bom. — eu contei. Camille era muito expressiva, então ela fez uma careta de julgamento.

— Você só falou besteira. — Camille resmungou. Ela jogou o caderno de anotações na mesa de centro e me encarou fixamente. — Não foi um bom dia. O seu paciente morreu sozinho, incapaz de dizer ao amor da vida dele o que ele sentia.

— Tudo bem, mas ela falaria para ele se a cirurgia desse certo. Todos contávamos com isso. Eu acho até que ela foi meio heróica. — eu defendi o meu ponto de vista. A minha psicóloga balançou a cabeça em negação e coçou a sobrancelha.

— Você sabia que se a Katherine morresse no final, não daria tempo de ela se declarar ao seu amado e mesmo assim deu a ela esperanças. — a loira disse. Eu balancei a cabeça em negação. Não. Ela foi extremamente corajosa.

— Não fale isso... Ela foi uma garota muito forte, ela passou por muitas coisas e no final conseguiu tomar coragem. — eu disse. Camille ajeitou a sua postura na poltrona e soltou um suspiro.

— Mas ela se declarou para ele? — a mulher perguntou. Eu abaixei a cabeça e balancei-a em negação. — Me escute, deixe eu traçar os paralelos para você. Uma paciente morre sozinha enquanto o amor da vida dela está literalmente na sala ao lado. A paciente é você, Kitana.

— Mas que conversa é essa? Eu não vou morrer sozinha. O assunto era sobre a Katherine. — eu respondi desesperada. Soltei uma risada nervosa e balancei a cabeça em negação, sentindo o meu coração acelerar.

— Ah, mas eu tenho noventa e nove porcento de certeza que vai. E você está dizendo a si mesma que é uma heroína, quando na verdade você só está sozinha. — Camille respondeu. Ela balançou a cabeça em negação e movimentou os ombros para cima e para baixo com os lábios alinhados. — A consulta é sobre você, querida.

— Isso é ridículo. — eu soltei uma risada curta e nasal escarnida. Balancei a minha cabeça em negação e cocei os meus olhos.

— Ele namorou as suas duas irmãs. — a psicóloga lembrou deste fato. Eu pisquei diversas vezes e me recuei, sentindo-me afetada pelo o que ela acabou de dizer.

— Ah, quer saber de uma coisa? Eu parei com a terapia. — eu resmunguei. Eu levantei da poltrona que eu estava sentada antes e engoli em seco. Isso estava passando dos limites.

— Ele namorou as suas duas irmãs. — Camille repetiu novamente. Eu fechei a cara e cruzei os meus braços rente aos meus seios.

kitana², pedri gonzález. Onde histórias criam vida. Descubra agora