Nova casa, nova vida.

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10/10/23
Enid Sinclair

Eu mal conseguia acreditar no que eu estava vendo.

— Yoko! Olha isso! — Ri enquanto corria no enorme jardim que guardava minha mais recente aquisição: Uma mansão gigantesca no estilo neogótico!

— Enid, cuidado com a fonte! — Ouvi minha amiga responder, se divertindo com a cena e logo vindo atrás de mim.

Eu avançava em direção as portas de madeira escura, perdida nos pensamentos do que o local guardava. Quanto mais perto chegava, mais surreal era a ideia de que eu finalmente havia realizado meu sonho de ser reconhecida.

Com o recente estouro do meu álbum "Born to Die", acabei conseguindo arranjar um lugar para morar. Bianca, a corretora de imóveis, me apresentou os cômodos, todos já mobiliados e me deu o preço, que era drasticamente menor do que o avaliado.

Não tive muito tempo para me perguntar o porquê da desvalorização, já que a mulher não demorou para me contar.

Um massacre.

Alguns meses atrás, a nobre família Addams havia sido assasinada dentro de seu próprio lar.

Os advogados tentaram abafar a mídia à qualquer custo, fazendo um trabalho melhor do que o esperado, já que a própria Sinclair não sabia.

Apesar de relutante do início, a proposta era muito boa. O lugar era limpo, arrumado e Enid faria qualquer coisa para sair da casa de Yoko. Claro, além de sua agente, era sua melhor amiga, mas não havia mais espaço para as duas no pequeno apartamento da morena, que se negou a morar na mansão depois da notícia.

— Não vai me mostrar o lugar? — Yoko perguntou enquanto a loira observava a madeira, fazendo com que voltasse ao mundo real.

— Claro! Bem vinda a mansão Sinclair! — Exclamei animada enquanto puxava a maçaneta pequena demais para a porta.

A abertura da mesma dava visão direta para uma sala de estar com uma grande mesa no centro, cercada por um piano, um violoncelo, pinturas e móveis também de madeira. Uma lareira com chaminé se destacava em meio aos itens.

— Uau. — Yoko estava boquiaberta.
— Isso não é real. Essa casa tem que ser no mínimo assombrada.

Ri nervosa, não com medo da casa ser assombrada, mas de não conseguir me adaptar ao ambiente.

— Vem, Yo. Ainda tem dois andares e você tá aí olhando uma lareira!

Assim passamos o dia: Explorando os cômodos, conversando e fazendo planos. Logo, o dia se tornou noite e nos despedimos.

Me vi sozinha na imensidão. Resolvi ler um livro em meu quarto até o sono bater, já que normalmente demorava para dormir.

Matei algum tempo assim. Mandava mensagens para Yoko e Eugene, irmão da amiga e seu produtor, voltava a ler...

O relógio marcava 23:57. Ouvia músicas de fone enquanto terminava minha leitura. Não demoraria para adormecer. Coloquei meu celular carregar e logo antes de tirar os fones, ouvi um barulho.

Clenk.

Algo havia caído?

Clenk.

De novo?

Era curiosa demais para isso.

Levantei-me rapidamente para investigar. Saí do quarto em passos largos em direção a escada, a qual desci cuidadosamente para não cair.

Clank.

Me apressei para chegar ao local que havia ouvido o barulho, que parecia ser a cozinha. Como era interligada com a sala de estar, me aproximei lentamente, me escondendo atrás do piano. Será que havia algo ali? Um animal? Ou será que era algum móvel antigo fazendo ruídos?

Fui engatinhando com um lampião que estava na mesinha ao lado do piano enquanto rezava para que não me matassem. Meu coração estava acelerado e tentava ao máximo não deixar que minha respiração alta me comprometesse.

Para o meu alívio, a cozinha estava vazia. Quase suspirei quando ouvi o barulho de novo, saindo da porta à minha esquerda.

Clank!

A dispensa.

Em um pico de coragem, me levantei e a abri com tudo.

— AHHHHHHHH!

Uma voz feminina gritou, me fazendo cair de susto. Deixei o lampião cair e o puxei de volta imediatamente. Quando levantei a luz até o lugar do grito, não acreditei.

Uma garota, devia ter a minha idade, 22 anos.

Pálida, quase branca.

Segurando uma barra de chocolate 70% cacau.

— Que porra é es-

Não consegui terminar a frase, pois fui empurrada contra a parede quase ao mesmo tempo.

— Como... Como você me vê? — A garota perguntou.

Agora, analisando bem, ela flutuava.

Não conseguia ver seu rosto por inteiro, pois um lençol branco cobria sua face e corpo. Só enxergava sua pele assustadoramente limpa e jovem.

Num momento de descuido da mesma, puxei o tecido, revelando cabelos negros curtos e uma franja.

Pequenas sardas traçavam um caminho confuso, perto de seus grandes olhos castanhos, que refletiam a luz do meu lampião.

A reconheci das fotos. Minha expressão de choque era quase tão maluca quanto a dela.

— Wednesday Addams?

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Oii leitores, tudo bem? Primeiro capítulo de My ghost GF! Atualizações serão frequentes! Se gostou, adicione a sua lista ou comente o que achou :)
Beijos, até!

My ghost girlfriend! - Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora