Neste intrigante relato histórico, quatro mulheres destemidas da Idade Média buscam independência em um mundo dominado por normas opressoras. Longe de desejarem o caminho tradicional de casamento e submissão, elas desafiam as expectativas, enfrentan...
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Com o coração pulsando descontroladamente, Clarice correu desesperada pela vila, seu vestido esvoaçando como um rastro de cores vivas no cenário noturno. Seus cabelos soltos dançavam freneticamente ao ritmo do vento, enquanto ela buscava refúgio na densidade sombria da floresta próxima.
A cada passo, a respiração de Claricmisturava-se ao murmúrio do vento, criando uma sinfonia apressada. Seus olhos refletiam uma mistura de determinação e temor, pois sabia que sua fuga estava impulsionada não apenas pelo desejo de liberdade, mas também pela necessidade de escapar das amarras de um destino pré-determinado.
Clarice se recolhe junto a uma majestosa árvore, repousando com um leve deslizar entre suas raízes. Ofegante, sua figura se encontra assentada, o vestido ligeiramente marcado pelo solo e as folhas secas circundantes. O susurro de folhas sob pés lentos captura sua atenção, fazendo seu coração acelerar. Nesse instante, a imaginação de Clarice se agita, conjecturando sobre a presença de criaturas selvagens ou possíveis ameaças iminentes.
Clarice, ao erguer-se com temor, empunhou um robusto pedaço de madeira como defesa. Surpreendida por uma presença sutil por trás, sentiu uma respiração calorosa em seu pescoço, enquanto braços delicados envolviam sua garganta. A pessoa que a segurava pronunciou com desconfiança:
— Por que estás aqui? Vens para me atrair, tornar-me isca para a fogueira?
Clarice, nervosa e acanhada ao se sentir ameaçada por uma mulher, percebeu que era Seraphina, a mulher que antes tinha esbarrando, escondida na Floresta após acusações de bruxaria na vila. Com uma voz trêmula e hesitante, Clarice sussurrou:
— Eu... Eu... Não estou aqui para lhe causar mal... Por favor, solte-me, está me machucando.
Seraphina observou o rosto nervoso de Clarice, sua voz baixa carregada de timidez. Após soltá-la, se aproximou com um olhar sério, mas confiante.
— Por acaso, não és a nobre com quem esbarrei enquanto corria?
Clarice, ansiosa e tímida, encarava Seraphina sem responder às perguntas. Seraphina, impaciente, aproximou-se, puxando levemente o cabelo dela para chamar atenção.
— Por que não respondes? Ou mudas? Estás a fingir ser imbecil?
Seraphina a encarou com desprezo, suspirou se acalmando e disse:
— Peço desculpas se fui ríspida. Também estou temerosa. Mas, afinal, por que uma dama nobre e formosa como tu está aqui?
Clarice olhou para o chão antes de responder com voz doce e suave.
— Fugi de casa... Meu pai desejava que eu me casasse com um amigo de infância, mas eu não... Não tenho interesse nele.
Seraphina mudou rapidamente seu olhar de desprezo para um de compaixão, segurando as mãos de Clarice e falando com sua voz rouca e sedutora:
— Como pôde teu pai fazer isso contigo, sendo apenas uma jovem. Quantos anos tens?
Clarice, timidamente, sentou-se no chão junto a Seraphina e respondeu em voz baixa:
— Tenho 18 anos, e meu pai só queria o melhor para mim...
Seraphina, indignada, retrucou:
— Como pode forçar tua filha a casar com alguém que não ama, e qual seria o melhor a ser feito...? Desculpe por não ter me apresentado antes. Sou Seraphina, e tu?
Clarice, olhando nos olhos de Seraphina, revelou seus olhos azuis brilhantes à luz do luar.
— Clarice... Me chamo Clarice. Prazer em conhecê-la, Seraphina.
Seraphina sentiu seu coração disparar ao ver os belos olhos de Clarice, que expressavam felicidade por encontrar alguém que a compreendia. Apesar do inicial temor de Clarice por Seraphina, ela logo percebeu a bondade da mulher. Seraphina sorriu de maneira sedutora e travessa, suas bochechas coradas como as de Clarice. Seraphina, com carinho, pegou nos braços de Clarice e a conduziu para outro lugar, dizendo:
— Vamos para um lugar mais confortável. Não vamos sucumbir a esse frio, especialmente você.
Com essas palavras, Seraphina ergueu Clarice e a levou para uma fazenda abandonada, cuidando para tornar a noite fria e nebulosa mais suportável. A fazenda na floresta, desprovida de animais, abrigava apenas palhas e vestígios do que fora um local destinado a abrigar aves. Seraphina, habilmente, organizou algumas palhas para criar uma rudimentar cama e, com discrição, fechou a janela e a porta da fazenda. Enquanto arrumava as palhas para ela e Clarice, ela disse:
— Eu sei que uma mulher nobre como você jamais dormiria nessas palhas, mas é o único jeito de passarmos a noite agora. Compreende?
Clarice, apesar de sentir certo desconforto das palhas, concordou com um aceno de cabeça, deitando-se lentamente. As palhas coçavam seu corpo, mas ela permaneceu firme, acomodando-se ali. Seraphina, deitada, contemplava o teto da fazenda, iluminado pelos tênues raios que penetravam através dos buracos.
No decorrer da noite, o silêncio da fazenda abandonada foi quebrado apenas pelo suave som da respiração tranquila de Seraphina e Clarice, que repousavam nas palhas improvisadas. O cansaço e a paz da floresta contribuíram para um sono profundo e revigorante.
No entanto, no meio da noite, Seraphina despertou com a necessidade de ir ao banheiro. Com cuidado para não acordar Clarice, ela se levantou silenciosamente e saiu da fazenda. Após cumprir sua urgência, Seraphina retornou e, ao entrar na fazenda, seus olhos foram capturados pela visão adorável à sua frente.
Clarice permanecia adormecida, a expressão serena em seu rosto refletia a tranquilidade do sono. A cabeça de Clarice repousava suavemente no ombro de Seraphina, formando uma cena de pura ternura. Suas bochechas pareciam mais cheias e fofas enquanto dormia, revelando um lado adorável que contrastava com a situação desafiadora que ambas enfrentavam.
Seraphina, mesmo após a breve interrupção para atender suas necessidades noturnas, não pôde deixar de sorrir diante da visão encantadora de Clarice dormindo de maneira tão graciosa. A cena, embora simples, trouxe um instante de doçura e humanidade em meio às incertezas da noite e aos desafios que enfrentariamuntas naquele mundo medieval.
Seraphina sussurrou suavemente:
— Mesmo sem entender completamente, prometo cuidar de você, protegê-la.
Seraphina, após contemplar Clarice adormecida, dirigiu seu olhar à janela, pensando na provisão para o próximo dia. Num tom que ressoava com o vernáculo da idade média, ela murmurou consigo:
— Por certo, o repasto do amanhã é um dilema, não só para mim, mas para ambos nós. Teremos que compartilhar o pão, mesmo que essa donzela tenha cruzado meu caminho em momento tão inoportuno. Agora, hei de auxiliá-la na busca por sustento.