Não, eu não mudo de humor várias vezes durante o dia, rs. Na minha condição, o que difere o meu dia das outras pessoas talvez seja pelas minhas fases. Estabilizada, deprimida ou maníaca. Com todos os rémedios eu me considero na fase 70% estabilizada, ou seja, com pensamentos depressivos e pequenos momentos de euforia no dia (que podem passar num piscar de olhos). Eu acordo sempre cedo, pois durmo muito cedo também, geralmente às 20:00 (devido aos remédios). Faço o meu café e acendo um cigarro. A minha mente já acordo a mil por hora e com pensamentos aceleradíssimos. Permaneço nesse ritual por mais uma hora. É o meu momento. Todos estão dormindo então tudo está quieto.
Logo depois eu ligo para o meu pai para ver como ele está e quais são seus planos para o dia, isso é regra. Eu fico sempre um pouco tensa com o passar do tempo, pois nunca sei como minha mãe vai acordar (estressada, feliz, deprimida, doente – ela sempre diz estar com gripe). Tenho então que tomar os remédios da manhã, o antidepressivo e os dois estabilizadores de humor. Quando eu deixava de tomar ou fingia tomar, eu passava o dia péssima com muita tontura, ouvindo vozes e com a sensação do cérebro estar chacoalhando. Horrível, Horrível. Então é hora de ir para a faculdade.
Fico lá até as 11:00 da manhã, volto e almoço. Por mais que pareça um dia normal, é sempre mais complicado para mim, pois aqui dentro se passa uma mistura de emoções que as vezes não conseguem ser controladas. Por exemplo, sou explosiva, e na faculdade discuto com professores ou aquele colega de sala que não entregou sua parte do trabalho na data correta. As vezes em casa quando me irrito com alguma irmã, ofendo e descarrego toda a minha raiva do mundo em cima dela. Sim, isso é o transtorno de humor.
À tarde, como ainda não faço estágio, separo meu tempo para ler livros, ir ao supermercado comprar flores, sair para tomar um café, ir no posto comprar cigarro e coca. Nada demais.
Porém, eu tenho uma sensação muito esquisita ao anoitecer.
Sempre quando o sol está se pondo, eu sinto uma melancolia encorme dentro de mim. Tenho pensamento horríveis de me jogar da sacada, dar um fim em tudo isso que me persegue, nesse tipo de vida. As vezes me sinto como um refém, sem autoridade, sem liberdade.
Antes era pior. Eu me deitava de barriga para cima as 17:00 e espera até a hora de tomar os remédios e ir dormir. Totalmente desestabilizada, frágil.
Como disse, hoje me considero um pouco mais estabilizada e, logo quando passa a melancolia eu faço algo para comer e assisto algo na tv até a hora dos remédios da noite.
Os meus dias seguem assim, sem muita cor ou brilho.
Hoje eu sinto que as vezes eu vivo, as vezes eu sobrevivo. Depende do dia.