Era um daqueles dias bonitos de outono quando a conheci. O céu nublado contrastava com a cor daquelas árvores laranjas, da qual caiam várias folhas. Eu estava andando sem rumo pelas ruas frias da cidade, poucos carros passavam, poucas pessoas transitavam, e, quando me virei em uma esquina bem deserta, vi uma moça sentada num banquinho, com o rosto escondido nos joelhos. Me peguei olhando para ela e percebi que seus cabelos castanho-claros estavam um pouco bagunçados, e comecei a me perguntar por quê ela estaria assim, sozinha, aparentando estar triste, no meio da rua, num dia frio de outono. Em certo momento, uma folha caiu de uma árvore na cabeça dela, que levantou o rosto dos joelhos e pegou-a. Ela ficou um tempinho analisando a folha, e depois arremessou-a num bolo de folhas que estava no chão. Pude perceber que ela era bem bonita, tinha os traços finos e delicados, e uma lágrima - que ela logo enxugou com as mãos - caiu sutilmente dos seus olhos. De repente, ela percebeu que eu estava olhando para ela, e foi aí que nossos olhares se encontraram.
Não sei direito como tudo aconteceu, mas, de repente, eu estava ali, sentado ao lado dela naquele banquinho.
Acho que todos que me conhecem sabem que eu sou muito introspectivo e costumo preferir ficar sozinho, e naquele dia, a solidão era tudo o que eu queria quando comecei a andar pelas ruas sem rumo. Mas aquela moça parecia ser uma amiga antiga de infância, não sei o que ela tinha, parecia que já nos conhecíamos há muito tempo e havíamos apenas parado para conversar na rua. A primeira coisa que quis saber era o porquê dela estar ali, sozinha e triste. Então a perguntei:
- Está tudo bem com você, moça?
- Eu não sei muito bem o que aconteceu comigo. - ela disse, me deixando curioso. Entretanto, venci minha curiosidade e não a perguntei mais nada, porque ela parecia não querer falar sobre o motivo que a fez estar daquele jeito.
- E com você, está tudo bem?
- Ah, sim. Digo, mais ou menos. Sabe como é.
- Sei, sim.
Ficamos um tempo olhando um para o outro, e, então, decidi ir embora. Minha mãe deveria estar me esperando para o almoço.
- Ahn, tenho que ir. Foi bom falar com você, senhorita...? - falei, começando a me levantar.
- Violet. - ela respondeu. - Você não quer ficar mais um pouco?
Fiquei meio confuso, mas acabei aceitando. Começamos a conversar, e eu descobri várias coisas sobre ela e ela, sobre mim. Ela me disse que adorava paisagens bonitas e que seu maior passatempo era olhar para elas, capturando cada detalhe. Ela falou também que sempre andava com uma câmera fotográfica para tirar fotos e, quando estava inspirada, até pintava suas paisagens favoritas.
- Eu também gosto muito de apreciar paisagens, mas não sei pintar. Eu gostaria de ver uma de suas pinturas. - dei um sorrisinho.
- Um dia desses te mostro, se der. - ela deu um sorriso meio melancólico. - E você, tem hobbies?
- Ah, acho que não. Passo a maior parte do tempo estudando.
- Entendi... Mas você tem que ter uma coisa que goste muito de fazer! Todos temos. Algo que você faz para ocupar o tempo livre.
- Hm, eu gosto de ler. Gosto muito de livros de mistério.
- Que legal. Eu também adoro ler. Mas prefiro romances.
Neste ponto, ela começou a contar sobre seus romances favoritos, depois começou a falar sobre pintura, paisagens, viagens que ela sonhava em fazer... E era fofo observar o entusiasmo com que falava sobre as coisas que gostava. Fiquei apenas a olhando, admirado, e então, ela parou.
- Acho que já falei muito de mim. Fale alguma coisa sobre você!
- Não sou tão interessante quanto você... - dei um sorrisinho.
- Qualquer coisa está valendo, não precisa ser tão interessante quanto eu. - ela riu.
- Tá, tá bem. Ah, eu tenho um gato. Ele se chama Pepper, eu o tenho desde que ele nasceu, quando eu tinha cinco anos. Acho que é meu verdadeiro amigo, e está com doze anos.
- É? Eu amo animais, também. Gostaria de conhecê-lo um dia. - ela sorriu. - Eu tenho um gato, também. Quero dizer, uma gata. Ela se chama Willow. - ela pareceu meio melancólica depois daquilo, e não falou mais nada.
Começamos a nos olhar, sem dizer nada, e pude perceber a imensidão de seus olhos castanhos. Pelo visto, não são apenas os olhos azuis capazes de serem profundos como o mar.
Depois daquilo, acabei me despedindo para valer. Eu queria ficar ali conversando com ela, mas sabia que teria que ir embora, alguma hora. Foi meio dolorido dizer aquele "nos vemos por aí", porque eu não tinha confirmação de que realmente iria vê-la, e eu queria a ver de novo. Ela era o tipo de pessoa que te dá vontade de conversar até descobrir tudo sobre. Mas eu não podia ficar ali até a eternidade, então deixei com o destino a decisão se iríamos ou não nos encontrar novamente. Então a dei tchau e, depois deste dia, nunca mais parei de pensar nela.
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amor fantasma.
RomanceMason sempre foi um garoto muito tímido e introspectivo, se havia gostado de alguma menina durante a infância, fora muito. Mas algo, ou melhor, uma pessoa, havia tido o poder de mudar isso: A garota de seus sonhos. Ela, com aquele jeito carismático...