Esposa por Contrato

9 - Houston, Texas.

Yudi Murata

Houston, Texas. Eu estava em casa finalmente.

—Há uma suíte no segundo andar, no mesmo corredor da suíte principal – a mulher que encarava o vidro parecia completamente perdida em seus pensamentos – você pode colocar suas coisas nele se quiser. Ele foi preparado para você.

Makenna parecia muito mais jovem que seus vinte e cinco anos. Ela usava sua calça jeans e uma camiseta nova simples e básica, seus braços estavam cruzados no rumo dos seios e seu cabelo em um rabo de cavalo longo. Não usava mais a maquiagem que usou no nosso casamento na noite passada, seu rosto bonito estava limpo e marcado pela noite anterior. Eu mal conseguia olhar para ele, onde seu lábio estava cortado e havia um pequeno hematoma em sua bochecha que provavelmente não iria ficar de todo roxo, mas ainda assim... Deus, aquilo poderia ter sido muito pior. Eu nem conseguia imaginar isso.

A noite havia sido longa para todos nós, e não era no bom sentido. Eu ainda sentia o ódio ferver dentro de mim, como se eu pudesse quebrar aquele apartamento, que foi seu por muito tempo, aos socos a qualquer momento ao me lembrar da cena que paralisou minha espinha.

Óbvio que Robert me apoiou a segui-la até em casa após o casamento, estava tarde demais e eu não conseguiria dormir sem saber se ela estava bem. O fato de estarmos oficialmente casados, deveria contribuir por aquela minha inquietação. E cada vez mais que aproximávamos daquele bairro, eu entendia porque.

Meu sangue congelou quando vi aquele homem estranho pará-la, e Robert me aconselhou a pararmos para observarmos de longe, porque para ter parado para falar com ele, ela parecia realmente conhecê-lo.

No primeiro momento, eu senti angústia. Uma desconfiança sobre aquela mulher que havia acabado de se casar comigo e assinar um contrato. O pensamento de ter cometido um erro, me deixou furioso, mas não tanto quanto vê-la sendo agredida por ele.

Só de me lembrar, meus punhos cerravam e o sangue fervia. Eu queria ter batido mais nele, queria ter feito com ele dez vezes pior do que ele fez com ela. E saber, que se não tivéssemos chegado ali a tempo, algo pior poderia ter acontecido, fazia com que minha raiva e ódio, não tivesse fim.

—Você comeu alguma coisa? – a perguntei.

Makenna negou com a cabeça, eu não a vi comer desde que chegamos ao meu apartamento em Nova York, muito menos no voo.

—É uma bela casa.

—Completamente diferente do seu apartamento – rosnei.

Como é que aquela mulher linda e inteligente morava num lugar como aquele? Eu não sabia se sentia mais raiva do otário que a atacou, ou dela por se permitir ficar num lugar como aquele. Porque não era possível que ela não tinha mais opções. Caralho, ela nem tinha comida decente naquela porra que ela chamava de lar.

—Era o que eu conseguia pagar, com o que me sobrava – ela encolheu os ombros e atravessou a sala, se afastando do vidro – Eu poderia te pedir desculpas pelo que aconteceu Yudi, e sinto que devo pelo menos por algumas coisas. Mas com certeza, o lugar que moro não é um dos motivos para eu fazer isso.

—Lugar que você morava, agora você mora aqui.

Makenna negou com a cabeça.

—Eu estou trabalhando aqui, mas aqui não é meu Yudi. Eu sinto muito por te colocar naquela situação, por Travor, por Liam apontar uma arma para você e seu primo, e por complicar tanto as coisas, eu vou tentar me esforçar mais para fazer valer o dinheiro que você está me pagando...