Capítulo XLII

16 3 9
                                    


*Avisos*

Armas, morte e sangue.

Este capítulo tem descrições gráficas e pode perturbar alguns leitores mais sensíveis. Discrição é aconselhada.


O Desespero Aumenta


Clara


Tudo o que consigo ver pela fechadura é uma enorme massa negra, que dificilmente distingue-se do resto da escuridão, mas eu sei que está ali.

Sinto o seu rosnar nos meus ossos, ecoando como um presságio da própria morte, e imobilizando cada parte de mim. Abaixo do seu corpo imenso e cadavérico, consigo ver o Ryan com uma expressão de puro medo estampada no rosto, sem poder se mover, com a estaca na sua mão direita. Ele poderia tentar lutar, mas algo o mantém paralisado, como se estivesse preso por correntes invisíveis. Mesmo que conseguisse reagir e, talvez, tentar escapar, as garras da criatura atrevessariam-no de um lado ao outro numa questão de segundos. Mesmo que a distância dos dentes animalescos e o pescoço de Ryan diminua a um ritmo alarmante, nada demonstra que a criatura tenha pressa de acabar com ele.

- Por que caralhos ele não reage?! - Amber indaga, espreitando pela abertura da porta a seguir a mim.

- Não podemos simplesmente ficar paradas. - Olho para ela e para Ashia. - Temos de ajudá-lo. - Ambas assentem quase que instantaneamente. A minha voz falha enquanto o meu coração bate descontroladamente, ameaçando escapar pela minha boca, revendo aquela cena aterrorizante repetidas vezes na minha cabeça. Batalho comigo mesma entre o instinto de fugir e o impulso de enfrentar a criatura para tirá-lo dali. A ideia de abandoná-lo é impensável, por isso sei que tenho de ser prudente sobre o que fazer a seguir. Teria de formar um plano antes que mais pessoas acabem mortas. 

- Abre a porta e tira-o dali. Eu distraio a criatura. - Declara Ashia com determinação. Sinto um nó formar-se na minha garganta ao considerar o quão perigosa é essa ideia, mas não posso negar que não temos uma alternativa melhor.

Torço a maçaneta entre a minha mão, pronta para enfrentar aquele pesadelo vivo, mas algo impede-me de virá-la completamente. O rangido da porta da varanda a abrir-se ecoa atrás de nós. Ashia e Amber apontam as armas em direção ao movimento desconhecido.

Torço a maçaneta entre meus dedos, pronta para enfrentar aquele pesadelo vivo, mas uma força estranha parece me impedir de girá-la completamente. O ruído agudo da porta da varanda a abrir-se ecoa atrás de nós, fazendo o meu coração disparar uma vez mais. Ashia e Amber reagem imediatamente, apontando as armas na direção do movimento desconhecido. Sinto a presença daquela figura, tanto ou mais perigosa, que a criatura do outro lado da porta atrás de mim.

- Onde pensam que vão, meninas? - A voz de William ecoa no quarto, fazendo-nos congelar no lugar. Ele desliza para dentro do cômodo com uma serenidade perturbadora. - Não há nada que possam fazer para o ajudar. Quero ver até onde a sua coragem o leva. - Aperto a maçaneta fria com força, mantendo os meus olhos fixos em William. - É só eu dar a ordem, e ele é feito em pedaços.

- És um monstro. - Rosno em sua direção, sentindo a raiva a borbulhar cada vez mais dentro de mim. Ele aproxima-se, o seu rosto ainda está escondido pelas sombras, mas consigo sentir o sorriso repulsivo formando-se nos seus lábios.

- Um monstro daria a vocês a oportunidade de fugirem enquanto era cedo?

- Não saímos daqui enquanto aquilo respirar e não estiveres enterrado a três metros abaixo da neve. - Ashia enfrenta-o, mas isso só faz o brilho dos olhos dele intensificar. Parecem divertidos, imaginando as perversidades que tem planeadas para nós. Apesar de tentar manter a voz firme, os tremores denunciam a tensão que a consome.

A Cabana das Janelas VermelhasOnde histórias criam vida. Descubra agora