𝑨𝒌𝒊𝒌𝒐 𝑲𝒂𝒐𝒓𝒊

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Passo horas diante do espelho,analisando meu reflexo

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Passo horas diante do espelho,analisando meu reflexo. Minha beleza é inegável. Qualquer homem sonharia em casar comigo, mas nenhum permaneceu ao meu lado por mais de um mês. Sempre acabam morrendo de forma misteriosa. Papai, um político renomado, já foi poderoso, mas nosso status caiu por terra desde que o governo investigou a morte de minha mãe. Eu tinha apenas quatro anos naquela época.

Uma batida discreta na porta me tira dos pensamentos. A empregada anuncia:
— Senhorita Akiko, há um novo pretendente esperando na sala.

Desço as escadas, curiosa. O herdeiro da província de Yamaguchi, Ken, está à minha espera. Ele parece ter pelo menos 24 anos a mais que eu. Aproximo-me, e ele beija o dorso da minha mão com uma formalidade que soa quase teatral.

Passamos horas conversando, enquanto meu pai, obcecado, dispara perguntas sobre as posses de Ken. Sua insistência torna tudo enfadonho, mas mantenho o sorriso.

Mais tarde, durante uma caminhada entre as árvores cobertas pelas folhas de outono, avisto um homem que nunca vi antes. Um carpinteiro. Ele tem traços marcantes, um físico robusto e uma beleza rústica que prende minha atenção. Escondo-me atrás de uma árvore e fico observando enquanto ele corta lenha. Sua expressão séria e a precisão dos movimentos me fascinam. Imagino como seria a cor do sangue dele em contraste com meus lábios. Vermelho é minha cor favorita — especialmente o vermelho sangue. Mordo os lábios, tentando afastar o pensamento. Volto para casa, mas a imagem dele não me abandona.

O dia do casamento com Ken chega. Estou deslumbrante. Meus lábios vermelhos destacam meu rosto como uma obra de arte, e meus cabelos negros brilham à luz da manhã. Nenhuma outra moça pode se comparar à minha beleza. Sou mais radiante que qualquer cerejeira em flor.

— Senhorita Akiko, está na hora!

Suspiro e caminho em direção à cerimônia. Este é meu vigésimo casamento apenas este ano. Depois de toda a formalidade, enfim nos declararam marido e mulher. Dormimos em quartos separados, por ordem de meu pai, que garante que nenhum homem me toque, mesmo após o casamento. Alguns tentam burlar as regras nas primeiras noites, mas minha empregada assume meu lugar sem que eles percebam. Eles não sabem onde fica meu quarto — e prefiro assim.

Certa noite, enquanto admiro meu reflexo e elogio em voz alta como meus lábios ficam perfeitos com o tom vermelho sangue, sou surpreendida pela chegada de um oficial.

— Senhorita Akiko, o oficial Kojiro está aqui.

Ele entra antes que a empregada termine de anunciar sua chegada.
— Senhorita, preciso lhe fazer algumas perguntas sobre a morte de seu marido.

Ken havia morrido pouco antes de completarmos um mês de união. Respondi ao que ele perguntou e, sem alternativas, o oficial se deu por satisfeito. Não senti tristeza; esses casamentos nunca foram por amor, apenas por dinheiro.

No cemitério, permaneci sozinha junto ao túmulo de Ken. Como sempre, uma flor vermelha desabrochava próxima à sepultura. Era minha flor favorita. Arranquei-a com cuidado e fui embora.

Cinco dias depois, meu pai já falava em arranjar outro pretendente. Homens são capazes de entregar suas fortunas apenas para se casarem com uma jovem bonita e virgem. Contudo, algo estava diferente desta vez. Nenhum pretendente apareceu. Não no primeiro dia, nem nos seguintes.

Senti uma pontada de insegurança. Será que já não me desejam? Afastei o pensamento imediatamente. Como alguém poderia não querer uma mulher tão bonita quanto eu?

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The dead rosesOnde histórias criam vida. Descubra agora