Capítulo 38- ''Eu merecia isso''

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Aegon

Sempre pensei que tudo o que ocorria comigo era porque merecia, talvez eu apenas não fosse bom o bastante e tudo bem, tinha aceitado que minha mãe me odiava, que meu pai não me amava e que provavelmente eu era uma decepção para todos.
Às vezes pensei que se tivesse nascido como um alfa tudo ficaria bem, entretanto logo descartei essa ideia descabida.

Não seria meu gênero secundário que faria minha mãe me amar, sabia disso.
Mesmo que, sendo alfa, fosse mais útil a ela e não uma pessoa fútil que me tornei.

Sei que ela sabia sobre as coisas que Otto fazia comigo, desde tenra idade e sempre tentei defendê-la para mim mesmo, com coisas como : "Ah, talvez ela não possa fazer nada. Talvez ela tenha medo do pai"

Sempre que estava pensando em morrer tentava ver o lado bom de tudo, porém ela nunca fez parte disso e sim só piorou tudo, me tratando como um nada, uma abominação.

Não pedi para nascer, para ela me tê-la e nem mesmo que fingisse se importar, mesmo que ela não conseguisse fingir bem tal coisa. Acho que isso que doía mais, ver claramente que ela não me amava, mesmo sendo a mulher que me gerou.

Então quando descobri estar grávido, quis fazer diferente. Não era algo que quis, não foi minha culpa os abusos constantes, sabia disso, porém era difícil aceitar isso. Aceitar que eu não merecia, que não era minha culpa e que nada disso foi minha culpa, não pedi para nascer, para deixá-la infeliz.

Eu não queria decepcionar, entretanto não pude fazer nada sobre isso. Eu tentei o máximo e isso não foi nem o mínimo.

Não queria arrastar Jacaerys para isso, para essa decepção que eu era. Não queria o prender a mim, nem que ele sentisse pena de mim ou qualquer coisa do gênero.
No fundo, sentia que era impossível alguém me amar, principalmente ele, depois de tudo que foi revelado.

Eu não era uma boa pessoa.

— Aegon, querido... — Rhaenyra estava diante de mim, me encarando com um sorriso doce nos lábios e o olhar repleto de dor. Era isso que eu não queria ver. — O meistre me disse que você não quer tomar as ervas medicinais.

Sabia que ela se preocupava comigo, assim como todos os meus irmãos e parentes. Entretanto, me sentia desanimado demais, como se já não fizesse força alguma para viver.
Para sobreviver.

— Desculpa, vou beber na próxima — respondi suspirando, vendo como minha meia irmã parecia tão incerta entre ficar ou insistir em conversar. — Vou deitar.

— Certo, qualquer coisa é só chamar — disse Rhaenyra suspirando, parecendo derrotada. Sabia que ela queria conversar sobre tudo, porém não estava no ânimo para isso, para ter aquele olhar de dor nela ou em qualquer outra pessoa.

Não sei se Otto disse tudo ou se até mesmo Aemond falou algo sobre. Na verdade não queria dizer nada, apenas queria.... Não sei, simplesmente ser esquecido por todos e ficar ali, onde ninguém poderia me encarar com decepção, vergonha e pena.

Pensei que poderia finalmente ficar em paz, entretanto a porta foi aberta depois de dois toques, o que me lembrou que aquele quarto não era realmente o meu. Encarei a pessoa que adentrou o quarto com certa surpresa e receio, sem saber o que dizer ou se queria dizer algo para ele.

Nem sabia como encará-lo.

— Não quero te incomodar, já irei sair. — informou Jacaerys num tom incerto, como se hesitasse. — Só... Você pode me ouvir?

Desviei o olhar de Jacaerys, que parecia me encarar tão intensamente e tão dolorosamente que era insuportável. Verdade seja dita ; sabia como encará-lo.
Concordei em um aceno de cabeça, querendo ele falasse o que queria e saísse dali, antes de desabar em choro e agonia.

Meu Ômega Lúpus - LucemondOnde histórias criam vida. Descubra agora