"Seus olhos brilhavam tal qual seu sorriso iluminava o seu rosto. Megumi sentiu o ar fugir de seus pulmões quando o viu cheio de acessos venosos nas mãos. Mesmo assim, ele irradiava igual o Sol. Mesmo assim, Yuji estava sorrindo."
Itadori só sabia sorrir.
Como se aquilo não fosse nada. Como se sua vida não estivesse escapando a cada vez que respirava. Cada vez que pensava em dizer algo sua vida estava terminando.
Megumi o encarava, pensativo. Por que Itadori não estava preocupado?
Ele se aproximou, mesmo relutante. O quarto estava com um cheiro de algo refrescante e talvez fosse só o ambiente, mas estava quente. Fushiguro tirou o casaco e o pendurou no braço. Ele encara as flores recém colocadas ali por alguém que havia visitado Itadori Yuji. Lindas margaridas. Um arranjo muito bonito, mas aquilo não o interessava de verdade.
O que interessava Megumi estava deitado em uma maca, sorrindo feito um idiota.
— Fushi — chamou, animado. Ele começou a arrumar o lençol em cima de suas pernas e afofar o travesseiro em que sua cabeça residia.
Itadori não podia fazer mais nada além disso. Nenhum movimento muito brusco, até porque, os acessos venosos sairiam e uma das enfermeiras iria dar bronca no moreno.
— Não me chame assim — disse, se sentando na cadeira ao seu lado. Yuji virou a cabeça para o encarar. — O que?
— Como você tá?
A pergunta ficou no ar. Megumi não queria responder de forma grosseira, mas naquela hora só sabia pensar em responder dessa forma. Essa era a pergunta que Fushiguro deveria fazer, não Itadori. É ele quem está deitado em uma cama. É ele que não consegue parar de tossir. É ele quem está morrendo.
Mas foi ele quem perguntou.
Como Megumi Fushiguro estava afinal? Acabado. Cansado. Exausto. E o porquê? Primeiro, seu único e melhor amigo estava internado no hospital por conta da sua doença que ninguém sabia de a existência até os sintomas piorarem. Segundo, seu pai era um filho da puta. Terceiro, Fushiguro tinha que ir ao hospital todos os dias para fugir do segundo motivo e acabar se deparando com o primeiro motivo. Ou seja, ele não poderia simplesmente aproveitar como um adolescente normal.
Percebendo a demora, Itadori relaxou os ombros.
— Eu acho que estou bem, sabe? Consigo correr uma maratona se eu quiser!
O moreno volta a realidade, encarando aquelas palavras. As enfermeiras não falaram para Yuji que não, ele não consegue correr uma maratona sem que os pulmões falhem.
— Que bom que você não quer.
— Eiiiiii! — murmurou, apontando o dedo na direção do outro. — Sei que você tá preocupado comigo, mas não tem motivos para isso.
— Eu não estou preocupado com você — repete, cuidadoso. — Não tenho motivos.
Yuji recolhe a mão exclamando dor pelo movimento.
Fushi engole em seco, encarando a palma do amigo repousada no colo dele. Desde quando Itadori havia emagrecido tanto? A rotina de ir ali todos os dias para o acompanhar acabaram acostumando Fushiguro a vê-lo definhar aos poucos e nem perceber.
Sua aparência continuava a mesma até. Sem estar acamado e estando ele continuava com aquela aura sorridente e esperançosa o rondando. Aquela felicidade que chega a oprimir a tristeza. Como um sol radiante servindo de energia vital para as plantas. Por mais sem sentido que parecesse, Megumi só se sentia bem ali, junto do acamado Yuji Itadori.
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(parada) Rises The Moon, ItaFushi
Fanfiction"O nascer da Lua acontece logo após o Sol se pôr. Quer dizer que apesar de tudo, o sol sempre cederá espaço para a lua nascer." Não espere um final feliz.