KATHERINE PERANCCI
Eu me olho cautelosamente no espelho do vestiário da boate. Olho cada pequeno detalhe, das roupas, maquiagem, salto, e toda aquela humilhação que eu estava fazendo por apenas 30 dólares a hora.
Um body preto transparente e decotado era a única coisa que cobria meu corpo. As únicas partes não "visíveis" ao público era meu quadril pra baixo e meus seios. De resto, tudo estava perfeitamente visível. Uma meia calça quase inexistente de tão fina cobria minhas pernas, eu usava um salto exageradamente alto e brilhoso.
Tão desconfortável.
Minha maquiagem milimetricamente perfeita. Batom vermelho, delineado longo, lápis de olho, sombra preta em baixo dos meus olhos verdes, contorno e blush.
Minhas "colegas" estavam ao meu lado, todas satisfeitas com suas roupas e orgulhosas de seus corpos perfeitos, seus seios avantajados e bundas impinadas. Nenhuma parecia ter ido com a minha cara desde o começo. Elas pareciam tão confiáveis de seus corpos e aparências, enquanto eu sentia que poderia me sentar aqui no chão e desabar de chorar a qualquer momento. Porque eu sou tão fraca meu Deus?
Finalmente chamam pelo meu nome ao palco. Era a minha vez. Eu respiro fundo enquanto meu coração batia freneticamente em meu peito como toda vez, só de imaginar os olhares, piadas, assédios que eu iria sofrer denovo, sinto meus olhos marejarem. Eu odiava tudo aquilo, era como reviver tudo oque eu mais repugnava, mas eu precisava.
Eu ando até o palco e subo as escadas. Luzes vão para mim, descendo do meu rosto até meu corpo. Olhos e olhos me cercavam. Sorrisos maliciosos me encaravam e homens cochichavam sobre mim.
Eu respiro fundo enquanto encarava o chão, logo, dou apenas 2 passos e me aproximo da barra, quando de repente, dezenas de homens envadem a boate.
"Eles estão armados, corram"
É tudo que ouço antes de entrar em pânico e sair correndo do palco. De repente, aquele lugar extremamente lotado vira uma confusão. Pessoas caem no chão, tiros são disparados, gritos e choro.
Eu precisava sair viva daqui droga. Clare precisava de mim. Eu me abaixo e tiro meus saltos, jogando-os longe, e começo a correr em direção ao vestiário, que tinha uma grande janela acima dos vasos sanitários. Se eu desse sorte, pularia da janela e correria para o mais longe possível.
Quando finalmente chego no vestiário, um homem segura meu braço, me colocando contra a parede com brutalidade. Minha cabeça bateu com força no gesso.
— PORRA ME SOLTA — Eu grito para a sombra a minha frente. A luz estava contra seu rosto, mas ele era forte. Muito forte.
Sinto um objeto de metal gelado contra meu pescoço. Porra.
— Olha, me desculpa, por favor não faz nada comigo, eu tenho irmã, eu nunca fiz nada a ninguém, só.. não me machuca. — Falo em prantos, implorando pela minha vida. Lágrimas escorrem desesperadamente pelo meu rosto enquanto aquele corpo alto se pressionava mais contra mim. Até que finalmente a luz me permite ver seu rosto.
Olhos verdes. Olhos verdes vibrantes queimavam meu rosto e meu corpo. Eles me encaravam com tanta intensidade que me senti totalmente afetada. Porra, ele era um dos homens mais lindos que eu já vi em toda a minha vida.
Um sorriso ladino se formou em seu rosto assim que eu o encarava encantada. Seu peito nu me prensou com tanta força contra a parede que eu gemi atordoada até sentir uma mão gelada tocar minha coxa lentamente. Minha respiração acelerava enquanto eu ainda encarava seus olhos, sua mão passeava por meu corpo de uma forma nada delicada, de uma forma bruta, querendo me tocar desesperadamente e de uma forma possessiva.
Aqueles olhos verdes não encaravam mais os meus olhos, e sim minha boca e meu decote nada sutil. Sua boca entre aberta arfava contra a minha. Seu hálito quente de menta batia contra meu rosto.
— Gostei de te ver implorar pela sua vida, mas você vem comigo. — Ele sussurra e tira a arma do meu pescoço, se afastando e mim, dando lugar para 2 homens de uns 40 anos, muito fortes me segurarem com força pelo braço, me forçando a andar.
Eu gritei, gritei desesperadamente para que me soltassem, tentei chuta-los, socar seus corpos e até mesmo tentar pegar o canivete em meu seio para golpea-los, mas tudo era falho.
Aquele mesmo homem de olhos verdes nos seguia, e parecia satisfeito com meu desespero. Porra, eu estava sendo sequestrada.
" . . . "
Eu acordo em um quarto totalmente estranho. Muito estranho. Um quarto vermelho, decoração rústica, detalhes em ouro por todo o quarto. Mas eu não me dou ao luxo de admirar os detalhes.
Eu pulo da cama em êxtase, e me olho no espelho. Meus cabelos estavam soltos e penteados, eu usava um pijama de ceda e até mesmo meias. Eu olho por de dentro das roupas, e as unicas coisas que eram minhas, eram roupas íntimas. Alguém troco minhas roupas? Porque eu estava aqui?
Minha memória estava falha. Totalmente falha. Não me lembrava de quase nada. Apenas de que invadiram minha boate e de ser carregada brutalmente até um carro. Aí agora, eu apenas acordo em um lugar que nunca nem vi.
Eu corro para as janelas e as abro, a visão que eu tenho é de tudo. Menos de Los Angeles. O desespero cresce dentro de mim. Droga, eu fui mesmo sequestrada e estava em um lugar que nunca vi em toda a minha vida. Oque fizeram comigo?
Alguém bate na porta.
Eu pulo para trás, meu coração acelera e a porta se abre.
O homem dos olhos verdes.
— Finalmente acordou. Esta dormindo a mais de 14 horas seguidas. — Ele falava de uma forma tranquila e fecha a porta, se encostando nela, cruzando os braços enquanto me encarava.
— Quem é você, porque estou aqui? Quero ir embora, oque fez comigo na boate seu maluco?! — Eu grito, jogando os únicos três travesseiros da cama nele com todas as minhas forças. Ele nem ao menos de mecheu, nem fez cócegas.
— Terminou? — Ele fala simples, se aproximando de mim. Cada passo que ele dava para frente, era dois que eu dava para trás.
Ele me encarava sério, mas parecia ver diversão em meu desespero. Parecia se divertir com toda essa merda. Eu deveria ter esfaqueado ele na boate. Miserável.
Chegou uma hora que eu não tinha para onde correr. Eu estava contra a parede no canto do quarto enquanto ele se aproximava mais e mais de mim. Que merda.
— Qual seu nome querida? — Ele fala com um sorriso ladino em seu rosto, seus passos eram gradativamente mais lentos, oque só me deixava mais desesperada ainda quando percebo o quão perto ele estava.
— Acho que quem me deve um nome é você, não eu. — Falo seca, olhando firmemente para seus olhos verdes. Quando me dou conta, seus dois braços estavam esticados, tocando a parede, cada mão em cada lado da minha cabeça. Seu corpo, grudado ao meu.
— Prazer, diabo.
...
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Be Your Devil
RomanceKatherine Perancci, uma garota de vinte anos, que saiu de sua pequena cidade no interior de Boston para morar em Los Angeles, para tenta recomeçar sua vida do zero com sua pequena irmã Clare após sair de uma casa que lhe gerou tantos traumas. Trabal...