CAPÍTULO 15

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   Depois de uma exaustiva semana em alto mar, finalmente atracamos em um dos portos de Diamante. Não se passou um dia sem que eu me perguntasse sobre a saúde mental e emocional de minha esposa. Eu parti assim que mandei a carta avisando a família real que viria, então duvido que tenham tido tempo para se preparar.
   Chego ao castelo e após ser recebido, sou encaminhado até a sala do trono para encontrar com Zaki, Amara e Sekani.

– Rei Lian de Bismuto, o que o traz ao nosso império?

   Zaki fala como se não tivesse lido minha carta, mas considerando a forma como a família real e seus conselhos me olham, tenho certeza que sabem exatamente porque estou aqui.

– Vamos cortar o papo furado, Zaki. Sei bem que vocês enviaram espiões para o meu reino.

– Isso é um ultraje! Uma acusação séria sem quaisquer provas!

– E quem disse que não tenho provas?

   Eu estalo os dedos e os soldados que trouxe comigo retiram o capuz negro que cobria a face de meu prisioneiro.

– Creio que este homem faça parte de seu exército, não?

– Eu nunca vi este homem em toda a minha vida!

– Creio que também não tenha visto o rosto da maioria de seus soldados, mas isso não o impediu de os mandar para lá.

– Eu nunca fiz algo assim!

– Seu soldado já confessou tudo, conte a eles o que me disse.

   Sinalizo para que um de meus guardas tire a mordaça de sua boca e o soldado se ajoelha diante o rei com a testa no chão.

– Majestade, eu lhe juro que não disse nada a eles! Esse homem está mentindo!

   Sim, de fato estou mentindo, mas quando blefo é para valer.

– Não vai dizer nada mesmo? Bom, até posso compreender porque se nega a falar o que me disse, são coisas que nem os membros da alta comissão sabem, coisas do tipo… exército de crianças soldado. Todas com idades entre 10 a 14 anos, porque são mais fáceis de se infiltrarem do que soldados adultos.

   Quase todos os concelhos do rei ficam alarmados com a notícia.

– Mas é claro que alguns de vocês já sabiam disso, não é?

   Faço questão de olhar bem no fundo dos olhos de cada um deles e discretamente sinalizo para um de meus infiltrados tomar a palavra.

– Eu ouvi boatos… de que crianças estavam sendo mandadas para o campo de batalha, tiradas de suas famílias pobres com a promessa de uma vida melhor. Ouvi dizer que três delas morreram ao se explodirem junto de um trem para impedir um carregamento de armas de chegar até alguns terroristas.

– Isso é loucura!

   Interrompeu o rei.

– Sim, é uma loucura que vocês da família real estão orquestrando, pois saibam que a lavagem cerebral que fizeram naquelas finanças que mandaram para meu reino não foi o bastante, tanto elas quanto os soldados falaram tudo.

– Impossível!

– Ah! Mas é possível, ao que parece as cápsulas de cianeto não funcionaram tão bem assim, este aqui foi só o prisioneiro selecionado que resolvi trazer para lhes mostrar que tenho sim provas de que vocês estavam por trás do ataque a Bismuto e se quer saber uma amiga muito querida foi morta no fogo cruzado.

EMILY E LIAN: A PRINCESA PRISIONEIRA E O IMPERADOR DO CAOSOnde histórias criam vida. Descubra agora