O dia em que eu (quase) te perdi

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Obs: Aqui a Berenice não foi uma escrota, e é melhor amiga do Kelvin;)

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O corredor do hospital ecoava com a agitação habitual, mas para Kelvin, tudo se desdobrava em câmera lenta. Ele observava impotente enquanto a equipe médica tentava estabilizar Ramiro, cujo corpo mostrava os sinais visíveis da brutalidade do confronto com o ex-patrão.

-- Por favor, salvem meu amor! Ramiro- Kelvin gritava em desespero.

As mãos trêmulas de Kelvin seguravam as grades da cama, seus olhos cheios de lágrimas testemunhando o sofrimento de Ramiro. A sala tornou-se um cenário de urgência, e a ansiedade se acumulou no peito de Kelvin.

-- Estamos fazendo o nosso melhor, senhor. Precisamos que saia da sala para que possamos trabalhar. -Um, dos muitos médicos da sala disse, tentando reanimar Ramiro.

Kelvin resistiu, relutante em se afastar do lado de Ramiro, mas uma enfermeira gentil insistiu, guiando-o para fora do quarto.

-- Por favor, entenda. Eles precisam de espaço para ajudar seu parceiro. -A simpática enfermeira pôs a mão em seu ombro, na tentativa falha de conforta-lo

Kelvin, ainda em choque, foi conduzido à sala de espera. O coração dele martelava, e a incerteza pairava no ar. Sentado, Kelvin segurava suas mãos trêmulas, impotente diante da situação.

-- Eu pressionei ele a confrontar aquele homem, eu ameacei ir embora. Isso é tudo culpa minha. -Sussurrava para si mesmo.

A enfermeira, tentando acalmar Kelvin, o observava com empatia.

-- Você não poderia prever isso. Agora, confie na equipe médica. -Sorriu simpática e se retirou da sala.

Enquanto Kelvin esperava, o tic-tac do relógio na parede parecia uma contagem regressiva angustiante. A incerteza pairava no ar, e ele continuava rezando, mesmo não sendo religioso, por um milagre para salvar o amor da sua vida.

Ele rezava alto, para qualquer entidade que estivesse ouvindo: "Não tira o Ramiro de mim."

Passou-se minutos, que para Kelvin parecia horas, e agora Dr. Oliveira caminhava em sua direção

Dr. Oliveira segurava o prontuário de Ramiro, sentindo o peso do momento, antes de se aproximar de Kelvin, que aguardava na sala de espera, ansioso e nervoso.

-- Kelvin, preciso falar com você sobre Ramiro.

-- O que? Ele... ele tá bem, né? Ele vai ficar bem, né? -Falava rápido, demonstrando ansiedade.

-- Kelvin... Eu sinto muito, mas ele acabou não resistindo. Ele veio a óbito devido às lesões na cabeça. -Conforme o Doutor ia falando, o rosto de Kelvin empalidecia.

Kelvin, atordoado, fixou o olhar no médico, incapaz de processar a notícia.

-- Não... não pode ser verdade.

Dr. Oliveira explicou cuidadosamente as circunstâncias, mencionando que as chances dele sobreviver eram praticamente nulas, devido ao tempo que demoraram para ir até o hospital.

A culpa se instalou nos olhos de Kelvin, a angústia tomando conta dele. O médico tentou confortá-lo, mas Kelvin se levantou abruptamente.

-- Eu preciso ver Ramiro. Isso não pode estar acontecendo.

Desafiando a realidade, Kelvin se dirigiu à sala onde Ramiro estava, ignorando as tentativas do médico de acalmá-lo.

Cada detalhe do hospital parecia conspirar contra Kelvin, aumentando a agonia que o envolvia. Os corredores, excessivamente brancos, refletiam uma pureza que contrastava cruelmente com a turbulência em seu coração. Os carrinhos das enfermeiras, que transportavam refeições alegres para outros pacientes, ecoavam como uma melodia desafinada, irritando ainda mais seus ouvidos já sobrecarregados.

Quando eu (quase) te perdi | oneshot KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora