Amor E Ruína - Pejao

Ele

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Fazia algumas semanas desde o casamento, não sei quantas, afinal, quando sabes que passará a eternidade perambulando sem rumo, você desiste de contar os dias em algum momento.

Pedro parecia bem, mas eu o conhecia suficiente 'pra saber que não estava nem perto da felicidade.
Sabia disfarçar o descontentamento, talvez para não machucar o sentimentos de Melina, ela era sem dúvidas apaixonada por ele.

Seria muita crueldade de minha parte desejar que ele dissesse que não a amava de volta? Papai dizia-me que era horrível desejar o mal de alguém; dizia que os deuses não se agradavam, que me parece contraditório, visto que os citados são os mesmos deuses que incentivam guerras e mais guerras, mas papai também dizia que isso não deveria ser questionado.

Mas eu sabia que Pedro era bom demais para dizer algo que a magoaria, apesar de não amá-la como esposa a amava como amiga.
Melina era doce, e bondosa e sem dúvidas uma ótima companheira de vida, mas não era que Pedro desejava, eu sabia que não era.

Depois do casamento eles mudaram-se para uma pequena casinha que a família de Pedro possuía.
Desde então não os acompanhei com tanta frequência, mas tinha ciência de que Melina queria um filho, apesar de Pedro reafirmar que achava cedo demais.

Pedro havia acordado mais cedo que o normal, a tempo de ver o sol nascer, deixou sua esposa na cama, preparou o café e logo seguiu para fora de casa para alimentar a pequena criação de galinhas que tinham.

Foi quando ele apareceu.
portador de cabelos dourados, bochechas rosadas e uma beleza inegável, era certamente difícil não se encantar.
O suor em sua pele a fazia brilhar como prata sob a luz do sol, e mesmo as roupas sujas e o olhar cansado não escondiam os detalhes delicados de seu rosto ou corpo.

—Quem és?

—João... - Seu nome soara por entre os lábios bem desenhados como a mais doce das canções.

Jamais poderia negar meu ciúme, mas foi ali, sobre ele que eu vi os olhos de Pedro brilharem como nunca...