Sunoo estava verdadeiramente feliz com seu novo namorado, mas seu melhor amigo não podia fingir que sentia o mesmo, nem que não nutria sentimentos por ele desde que tinham dezesseis anos. Sentia-se o pior amigo do mundo, pois deveria estar contente por Sunoo, após vivenciar uma quantidade preocupante de desilusões amorosas, ter encontrado alguém que genuinamente o amava por quem ele era e queria conhecer seus interesses antes de conhecer seu corpo. Entretanto, Jay queria ser o responsável por dá-lo apelidos bregas de casal e poder segurar a mão dele quando saíam juntos, tocando as finas alianças de prata que ele sonhava em colocar no anelar do Kim.
Mesmo ficando confuso diversas vezes, porque os lábios de Sunoo pareciam proferir coisas diferentes do que sua mente pensava, Jay não conseguia deixar de vê-lo como algo a mais, e apenas se esforçava para esconder isso porque tinha medo de não ser correspondido, mas era doloroso ver seu melhor amigo (ou melhor, sua paixão) sofrendo por quem não merecia, enquanto lutava para não deixar escorregar uma confissão de amor durante cinco anos consecutivos. Passou praticamente a adolescência inteira dando nítidos sinais de que possuía sentimentos que não deveria, devido ao medo de simplesmente dizer "eu estou completamente apaixonado por você".
Sentia-se estúpido por quebrar uma das regras mais importantes da vida: jamais se apaixonar pelo seu melhor amigo ou amiga. Mas era uma tarefa praticamente impossível resistir à pessoa incrível que Sunoo era, pois mesmo com tão pouco, ele é capaz de fazer todos caírem de amor por ele, não tinha como fugir disso, não tinha como evitar. E entre se afastar de seu melhor amigo, ou continuar escondendo o amor ardente que possuía por ele, mesmo que isso dilacerasse seu coração em algum momento, Jay escolheu a segunda alternativa. Era melhor sofrer tendo Sunoo por perto do que sofrer duas vezes mais longe dele.
Contudo, o que piorou ainda mais a situação foi a comparação. Jay sabia que o tempo que estava ao lado de Sunoo era irrelevante, assim como todas as vezes que o acolheu em sua casa, o permitiu chorar em seu colo e cuidou de seu coração despedaçado, porque ele não tinha nenhuma chance contra Lee Heeseung e seu rosto perfeito, seus dentes brancos e alinhados e sua voz angelical. Depois que ele surgiu e capturou toda a atenção de Sunoo para si, ir à casa dele se tornou um pesadelo, porque quando o assunto não era Heeseung, ele encontrava uma forma de enfiá-lo nos assuntos. Jay estava de saco cheio disso e sentia que estava pecando em desprezar a única pessoa com a qual o Kim romanticamente se envolveu, que não o tratou como se ele fosse qualquer coisa.
E lá estava o americano novamente, com o corpo jogado no sofá do mais novo, contendo a vontade de revirar os olhos ao ouvir aquele nome ser citado pela milésima vez. Jay não era de falar muito, mas Sunoo nem achou estranho o fato dele estar muito mais calado que o normal e continuou tagarelando como um papagaio durante muito tempo.
— Se você ganhasse um real a cada vez que fala de Heeseung, já estaria rico. — ele interrompeu o mais novo, tentando soar como uma piada, mas por trás do seu tom de voz havia um cansaço incurável.
Outro sinal que Sunoo não percebeu, apenas emitiu aquela risada curta e deu o sorriso favorito de Jay, onde seus olhos se transformam em dois pequenos arcos. Geralmente, o olhar dele dizia muito mais.
Ele tornou a falar enquanto a atenção de Park foi atraída por um borrão amarelo no canto de seus olhos, que logo ele descobriu se tratar de um buquê de girassóis posto em um comprido vaso de vidro e um pouco de água.
— São lindas, não? — Sunoo perguntou, mas Jay não virou o rosto — Heeseung me deu ontem quando saímos juntos, fomos à sorveteria, depois ele me levou à floricultura e...
— Ele não sabe que você prefere gérberas rosas?
Pela primeira vez desde que Jay havia chegado, houve silêncio. Um silêncio tão avassalador que Sunoo se encolheu na poltrona em que estava, mas o americano não sentiu nenhuma culpa por conhecê-lo muito mais do que um garoto que adentrou sua vida há menos de três meses. Talvez o Kim apenas não tivesse comentado com o Lee que suas flores favoritas eram as gérberas cor-de-rosa, o que parecia difícil, já que ele adorava falar de si, então a explicação mais provável é que ele comentou, mas Heeseung sequer notou.
Sunoo havia mencionado seu amor por essas flores apenas duas vezes em todas as milhares de conversas que já teve com seu melhor amigo, e mesmo assim, ele nunca esqueceu dessa informação. Por ser muito mais ouvinte do que falante, Jay sempre conseguia captar e lembrar tudo que Sunoo falava, além de que todos os anos de convivência o permitiam saber exatamente o que ele queria dizer com apenas um simples olhar.
— Se fosse eu — Jay quebrou o silêncio —, teria te dado um buquê de amarílis.
Só encontrou a coragem para confessar isso no fato de que Sunoo não sabia o significado dessa flor. Amarílis simboliza valorização de personalidade além da aparência, mas também a angústia de perder a pessoa que você ama, e isso aconteceria se Jay continuasse falando. A consequência de revelar mais do que deveria lhe custaria não apenas seu melhor amigo, mas também seu verdadeiro e único amor.
A expressão de Sunoo mudou tão rápido que chegou a ser absurdo, porque ele nem parecia a mesma pessoa de instantes atrás. Ele se manteve calado para escolher sabiamente as palavras, mesmo que não houvesse maneira delicada de admitir o que se passava entre a desordem de sua cabeça.
— Jay... — chamou baixo — Eu não gosto tanto assim de Heeseung.
Foi naquele momento que o loiro virou o rosto na direção do ruivo, tentando não transparecer o quão surpreso estava. Conhecia-o o suficiente para saber que estava falando a verdade, mas ainda era difícil de acreditar, porque ele só sabia falar de Heeseung nas últimas semanas. Sua confissão não fazia sentido.
— Sei que é cruel, mas só estou com ele para tentar me convencer de que não sinto nada por outra pessoa.
Sunoo evitava encará-lo, mas ousou fazê-lo para observar a expressão do mais velho, já que ele não estava dizendo nada que pudesse tranquilizar seus batimentos cardíacos.
— A pessoa que amo de verdade é meu melhor amigo, que nasceu em Seattle e nunca mais saiu do loiro depois de pintá-lo. — ele riu fraco na intenção de descontrair — Ele toca violão e guitarra, e um dia prometeu que tocaria Prom Dress para mim, mas nunca cumpriu.
Somente com a primeira parte já seria possível descobrir que Sunoo se referia a Jay.
[...]
oneshot de um shipp com um único fã (eu)
inspirado num print do tiktok que vi no twitter 😸
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amarílis • sunjay
FanfictionO atual namorado de Sunoo não o conhecia tão bem quanto seu melhor amigo.