Capítulo Único

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Coloco o vaso de flor no meio da mesa, pego a régua que estava na gaveta e começo a medir a distância entre as pontas. Pego o prato dele e coloco em frente a cadeira, coloco a taça brilhante ao lado e os talheres milimetricamente perfeitos.
Coloquei também meu prato e minha taça no meu lado da mesa, encho as duas taças de vinho e coloco comida nos dois pratos. No prato dele eu coloquei com o maior cuidado pra nenhum ingrediente invadir o espaço do outro. Deixei cair um pouco de arroz no meu lado da mesa então peguei e coloquei de volta no meu prato.
Escutei o carro no jardim e fui correndo para abrir a porta. 
Fico parado em frente a porta esperando ele abrir, a ansiedade tomava meu corpo, tremia esperando ele, tinha medo de que ele achasse alguma falha em algum lugar. Então deixo tudo perfeito.
Ele começou a abrir a porta lentamente, e eu sorri imediatamente.
– Bem vindo de volta, amor! - Eu fui até para beijá-lo.
– Agora não, Fushiguro. - Ele falou virando o rosto desviando do beijo.
Me soltei dele e olhei pra ele indo até a sala de jantar, engoli em seco e segui ele.

Sentei observando ele, ele estava com o celular na mão lendo alguma coisa de cabeça baixa, eu me sinto tão inferior a ele, ele é tão mais velho e mais sábio que eu.
– Então, como foi seu dia? - Eu perguntei.
– A mesma coisa de sempre.
– Teve algo novo no trabalho, ou?
– A mesma coisa de sempre.
-- Eu te liguei hoje na hora do seu almoço e você não me atendeu, o que ouve? - Mexia a comida enquanto olhava pra ele?
– Eu estava numa reunião. - Ele respondeu seco sem tirar os olhos do telefone e dando uma garfada no bife.
– Mas você disse que teve a mesma coisa de sempre.
Ele soltou o garfo e olhou pra mim irritado.
– Você pode me deixar comer em paz?
Eu olhei pra ele e serrei os dentes, e soltei o garfo também.
– Por que você nunca me dá atenção? 
– Ah, fala sério. - Ele falou se jogando.
– Você nunca está disposto pra nada! Nunca gosta de nada que eu faço! Você me ama de verdade?
– Fushiguro, pare de gritar.
– Não! - Eu falei levantando e batendo a mão na mesa. - Sukuna, você sabe que eu estou certo!
Ele apoiou a cabeça na mão e suspirou.
– Poxa, eu faço tudo pra você! Arrumei essa merda com os talheres mais chiques da casa! - Falei levantando a taça de vinho. - E você ao invés de celebrar e me agradecer você só… só… só tolera! 
– Você quer um prêmio por tudo que você faz? É isso?
– Não só isso, Sukuna. Eu só quero que você note o que eu faço por você, por nós! Desde que eu te conheci eu fiz você o meu templo. - Joguei meu prato de comida no chão quebrando o mesmo e assustando Sukuna. - Meu mural. - Joguei os talheres. - E meu céu! - Joguei a taça de vinho.
– Para! Por que você deu uma de louco agora? 
– Cadê aquela porra de homem que jogou um cobertor no caminho de espinhos a minha frente? Ele foi embora? Ou se enjoou de mim? Eu devo ocupar muito espaço e muito tempo de você. 
– Para de falar merda! 
Eu comecei a subir em cima da mesa e engatinhar até ele, cheguei no vaso de plantas e o joguei no chão, subi em cima da mesa e apontei meu dedo pra ele.
– O que você acha de eu me livrar disso tudo? Hein? O que você iria achar se eu fosse embora? Tirasse essa adaga que você mesmo enfiou em mim e removesse?
– Você está vendo muito filmes de drama, isso sim. Senta aí! - Sukuna falou abaixando a mão em sinal para mim sentar.
– Não! Você vai me ouvir agora! Eu cansei de ser um cachorrinho na sua mão! Eu posso me livra disso tudo agora, porque eu consigo! Acredita em mim, eu consigo!
Eu comecei a andar lentamente até ele e me ajoelhei em sua frente ficando cara a cara.
– Mas se isso tudo for só da minha imaginação, por favor me diz… - Comecei a mover minha mão até a dele. - Porque eu sei que meu amor deveria ser celebrado… mas você só… - Agarrei sua mão ficando de mãos dadas. - Tolera. 
– Fushiguro.
Ele soltou a minha mão e olhou pra mim puto.
Eu desci da mesa e comecei a caminha lentamente até minha cadeira.
– Fushiguro.
Sentei e observei ele, respirei fundo e comecei a chorar.
– Fushiguro!

Sai do transe em que estava e observei Sukuna, olhei pra mesa e estava tudo arrumado.
Foi só minha imaginação…
– Sim?
– Onde você está com a cabeça? Eu já te chamei várias vezes!
– Desculpa meu amor, desculpe! Eu só estava pensando.
– Eu quero mais vinho.
– Claro…
Eu me levantei e caminhei lentamente até ele e peguei sua taça

Você só tolera... (Teste) - SukuFushi Onde histórias criam vida. Descubra agora