Capítulo três: Nosso Quadro

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Acordei cedo, com as galinhas, a festa acabou mais cedo do que normalmente eu estava acostumada e devido ao excesso de sono durante o dia dormi pouco. Minha mãe dormia até tarde, sempre dormiu. Minha avó e Lúcia pelo visto seguiam os mesmos passos. Eu estava sentada na cadeira de balanço lendo um livro no Kindle e tomando um cafezinho quando uma caminhonete vermelha enorme entrou dentro do sítio e eu nem notei.

Provavelmente era meu tio.

Então voltei a ler o livro.

Ouvi a porta da caminhonete bater e um barulho de vidro tilintar, achei estranho, mas não tirei os olhos do livro. Quando uma sombra enorme parou na minha frente fui obrigada a olhar.

Era o bruto do rodeio.

Senti meu corpo inteirinho estremecer.

- Bom dia, menininha. – Engoli seco e com a voz mais fina possível disse:

- Bom dia... é... – Eu queria dizer o nome dele, mas eu não tinha a mínima ideia de como ele se chamava. Eu estava paralisada.

- Matias.

- Bom dia, Matias.

- Você é o quê da Maria? – Ninguém esperava que eu aparecesse do nada ali na casa da minha mãe então era compreensível que ele não soubesse quem eu era, visto que eu estava sumida há um tempão.

- Filha.

- Ah, então você é filha da Maria? Ela é tão educada, achei que tinha criado uma filha educada também. – Pensei em responder, mas fiquei calada apenas olhando pra ele, era nítido que meus olhos tinham um certo temor. – Bom, dane-se. Sua mãe fala muito de você, disse que é cantora.

- Sou. Tenho uma banda de rock. – Não tinha a menor ideia de qual seria a reação dele a isso.

- Rock? Essas coisas não tocam aqui não. – Como eu já imaginava. - Mas eu gosto de Guns and Roses. – Ok, isso me pegou.

- Ah... – Eu parecia uma palerma na frente daquele homem. Pelo amor de Deus, nem parecia que eu cantava para shows lotados.

- Eu trouxe o leite que sua mãe pediu, ela está aí? – Ele disse enquanto se esgueirava em direção a porta, para ver dentro da casa.

- Está dormindo, mas posso entregar. – Me levantei e peguei os leites da mão dele.

- Geralmente a Lúcia pega comigo, ela também está dormindo?

- Sim. – Acenei positivamente.

- Ok. Agradeça a dona Maria pelas plantas. Minha mãe gostou. – Minha mãe sempre foi uma excelente jardineira, e se pudesse dava mudas a todos.

- Pode deixar.

- Até qualquer hora dessas. Qual seu nome, menininha? – Provavelmente ele me chamava desse modo porque eu agi feito criança. Era irritante.

- Estela, senhor. – "Senhor?", de onde eu tirei isso? Depois que notei a gafe fiquei vermelha.

- Até mais, Estela. – Ele deu uma risadinha, provavelmente percebendo que eu estava vermelha e foi em direção ao carro, entrando no veículo e indo embora.

***

Lúcia me levou para conhecer o pasto, só nós duas. Enquanto estávamos montadas no cavalo cavalgando de um lado para o outro comecei a questioná-la sobre o bruto misterioso. O Matias.

- Quem é Matias? O que trouxe o leite. – Tentei perguntar com casualidade, ela já estava atracada no magricelo quando eu levei um fora do Matias no show, então ela não sabia do que tinha ocorrido.

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⏰ Última atualização: Sep 04 ⏰

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