Park Chanyeol só podia ter um irmão gêmeo, Jongin pensou, era a única explicação plausível. Não era possível que aquele mesmo jovem, que evitava olhar para a plateia como o Diabo tinha medo da cruz, com os cabelos embebidos em um gel extra forte e um terno perfeitamente alinhado, fosse o mesmo que usava um boné para trás em dias de aula, roupas com corações desenhados à caneta por uma garota que nem ao menos tinha um compromisso e que praticava bullying contra nerds e gays com outros quatro alunos tão desprovidos de empatia quanto ele.
Casos de gêmeos não eram algo tão raro assim, mas Jongin tinha mesmo que se encontrar justo com um rosto idêntico ao desgraçado do Chanyeol aos finais de semana também? Qual a chance de tanta maré de azar assim acontecer com uma só pessoa? Só podia ser um teste de resistência vindo do Todo-Poderoso. Se não era aquilo, Jongin tinha certeza que somente uma semana no colégio El Dorado já tinha comprometido o funcionamento normal de seus neurônios. Deveria estar vendo coisas.
Odiava aquele garoto mais que tudo, e já estava ficando nervoso porque tinha criado expectativas para que ao menos um dia na semana fosse bom, e não podia simplesmente deixar sua avó ir desacompanhada para a igreja.
Ao final da celebração, o pastor em pessoa se dirigiu até a família Kim. Sempre recebia os novos membros pessoalmente, e como a igreja era relativamente pequena, o pastor Park fazia questão de realizar um singelo comes e bebes de boas-vindas.
— Sou Park KangSoo, líder dessa igreja — o homem saudou. — O que acharam do culto?
A senhora Kim, muito animada, desatou a falar sobre como havia adorado a hospitalidade, as pregações... e os louvores. Jongin estava tão petrificado por não estar entendendo nada da situação, que se limitou a ficar atrás da idosa e concordar com a cabeça para tudo. No entanto, como se todos os fios de energia da cidade tivessem descarregado sobre ele, voltou para a realidade em um supetão após ouvir aquele maldito nome, e percebeu que era exatamente como um daqueles pesadelos em que se dá tudo de si para correr e fugir, mas não se consegue sair do lugar.
Deus! Era mesmo um teste!
— Seu neto deve ter aproximadamente a idade do meu filho, então o que acha de os apresentarmos? — o pastor disse com um sorriso para a senhora Kim. — Park Chanyeol, venha cá!
Chanyeol seguiu a voz do pai, de cabeça baixa e se curvando em cumprimento a todas as pessoas que falavam com ele em seu trajeto, mas quando levantou a cabeça e viu Jongin, seus olhos arregalaram-se de tal maneira que não duvidaria que eles saltassem do rosto. Ambos viam as bocas se mexendo, mas não ouviam as vozes de ninguém, era como se o mundo tivesse se tornado mudo e tudo o que eles podiam ouvir era o barulho ensurdecedor da batalha que travavam em suas mentes através dos olhares cheios de ódio.
Não podiam trocar farpas naquele ambiente, teriam que fingir, sorrir e acenar, e nada poderia deixar Jongin mais desconfortável do que fingir. Não estaria mentindo se dissesse que ainda tinha esperança de alguém sair detrás de uma árvore com uma câmera dizendo que era uma pegadinha.
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Por Trás das Máscaras
FanfictionSer um adolescente assumidamente gay nos anos noventa não era nada fácil, principalmente quando tinha o sonho de se tornar um bailarino profissional. No seu último ano do colegial, Kim Jongin transfere-se para uma escola nova, a conceituada El Dorad...