Dia Chuvoso

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Terça-feira, dia 24 do mês. A estação de chuvas já havia acabado a alguns dias, talvez uma semana ou mais, então deixei meu guarda-chuva em casa naquela manhã e fui para o trabalho. O céu estava meio acinzentado, mas em Seul ele sempre foi assim, então ignorei e continuei meu caminho até a estação de metrô.

Quando cheguei no trabalho entre as 9 e as 10 horas, o ar já estava ficando um pouco mais úmido. Meus colegas de trabalho estavam chegando já com suas respectivas proteções, alguns com capas de chuva e outros não precisavam se preocupar tanto já que tinham carros. Fiquei apreensivo, mas ignorei os avisos e continuei trabalhando.

Após o fim do meu turno, mais ou menos seis e meia, eu ainda tinha bastante trabalho a fazer, algumas planilhas para terminar de modificar, e alguns cálculos para verificar. Um colega que tinha o mesmo caminho para casa que eu me ofereceu uma carona já que ele tinha conseguido um carro, mas eu não pude aceitar.

Então continuei no escritório enquanto as horas iam passando. No momento em que finalizei tudo me apressei para sair por ser muito tarde e também com a esperança de chegar até a estação sem pegar chuva.

Mas o universo parece ter algo contra mim...então minutos depois de ter pisado fora da companhia e estar a alguns metros de distância. Começou a chover, e eu me arrependi amargamente de não ter aceitado a carona que haviam me oferecido algumas horas antes, mesmo que não pudesse. Era uma chuva raivosa que os pingos quase cortavam o chão, mas no lugar do chão era eu.

Coloquei minha mochila em cima da minha cabeça para tentar ficar menos molhado. Só que o tecido da mochila era fino, e parecia absorver água facilmente, aí eu lembrei que o meu computador estava dentro da mochila e que se molhasse, quase metade do meu salário do fim do mês ia ser para comprar outro.

Tirei-a rapidamente de cima da minha cabeça e meus cabelos que estavam meio úmidos, agora estavam encharcados. Senti minhas roupas ficarem ensopadas por dentro, enquanto continuava andando o mais rápido que podia abraçado com a minha mochila. O problema é que a estação ainda ficava a uns dez minutos de caminhada, eu não sei se aguentaria esse tempo todo na chuva.

Em alguns minutos andando, cheguei em um cruzamento vazio já que por conta do horário não tinha ninguém na rua a essa hora. Quando estava atravessando a faixa vi do outro lado uma cafeteria, uma que eu nunca tinha me dado conta que existia mesmo passando todos os dias por esse caminho. Felizmente as luzes ainda estavam acesas então eu me apressei e corri para a porta em que havia um grande quadrado transparente, tornando o interior visível. Parecia tão quentinho.

Entrei tão afoito no lugar, que não percebi que havia um pano na frente da porta então acabei escorregando nele e caindo sentado no chão.

— Argh...minha bunda. — falei fazendo um carinho leve no quadril, espero que não fique machucado.

Um garoto bonito e alto vestindo um avental verde saiu de trás do balcão da cafeteria assustado com o barulho, quando ele olhou para mim caído no chão eu corei envergonhado.

— Está tudo bem? — se aproximou e me ajudou a levantar, quando peguei na mão dele, ela estava quente.

— Tá sim eu só...eu só caí aqui — sorri de nervoso e peguei minha mochila que havia caído ao meu lado.

O garoto foi fechar a porta que eu havia deixado aberta quando cai, já que estava entrando um pouco de água, enquanto eu fui em direção a algumas banquetas que haviam na frente do balcão de pedidos e me sentei, colocando a mochila perto da banqueta apoiada no balcão.

O ambiente realmente era muito confortável, tinha uma luz amarela aconchegante e algumas plantas espalhadas nos cantos. Mas antes que eu pudesse admirar um pouco mais, o garoto bonito já estava me expulsando.

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