queria te ver.

128 26 43
                                    





ル ˖ ♡ 🪶📍 ࣪ . ›


Apertei meus passos quando percebi que estava no campo de visão do guarda do parque. Eu não tinha permissão para entregar panfletos, então teria um problema caso fosse pego.

Fotografia sempre foi minha maior paixão. Uma das melhores coisas que já me aconteceram foi quando eu ganhei meu primeiro celular e consequentemente acabei com a memória em menos de duas semanas por tirar foto de tudo que eu via pela frente. Meus olhos sempre foram como câmeras, tudo que fosse interessante seria capturado.

Depois de anos de estudos que me levaram a aprender tudo o que eu já sabia só que com termos um pouco mais formais, ganhei meu diploma em fotografia na faculdade e foi questão de apenas alguns meses até abrir meu estúdio no centro da cidade.

O problema é que eu não fazia ideia que começar era tão difícil. Não na questão de arranjar o dinheiro para arrumar tudo e comprar todos os equipamentos que eu precisaria, já que meu pai me ajudou nisso, mas sim em conseguir clientes. Eu demorei uma semana encarando o telefone esperando por uma ligação para marcar um horário para perceber que não ia ser tão fácil como eu imaginava, e é por isso que eu estava fugindo dos guardas na minha complicada tarefa de entregar panfletos para tentar alavancar meus serviços.

Eu tinha tudo para dar certo. Um panfleto bonito, um parque perto do estúdio e principalmente um rostinho bonito. E uma irmã que ficaria na recepção do trabalho para o caso de alguém ligar enquanto eu estou fora. Não consegui imaginar nenhum cenário onde isso poderia dar errado de alguma maneira.

Isso até eu ser abordado perguntando se eu tinha permissão para fazer aquilo e um bem-te-vi fazer cocô bem no meu ombro.

As desvantagens de ser otimista são que você se decepciona muito rápido achando que tudo vai dar certo. E se for para olhar por esse lado, realmente não tem nenhuma vantagem.

Mas eu não podia desistir, então voltei para o estúdio, troquei de blusa e tentei continuar com a minha missão aparentemente impossível. Bem, nada é impossível para Kai Kamal Huening.

Agora voltamos para onde eu estava antes. Fugindo dos guardas. Nada que uma corrida não resolva.

Andei por entre algumas árvores, me misturando com os troncos com a camisa marrom e esperei ele se afastar para voltar a abordar as pessoas. Eu já tinha entregado panfletos para quase todo mundo daquele parque.

Abordei mais um casal com um bebê provavelmente recém nascido - porém não faço ideia de quantos dias um bebê precisa ter para poder sair de casa - e ofereci um desconto para um shoot de maternidade. Depois achei uma adolescente e ofereci para ser o fotógrafo de sua festa de quinze anos, mas ela falou que já tinha vinte e quatro. Fui até um banco e com um sorriso estendi um papel para um garoto de óculos escuros e aparência de ser uma pessoa simpática.

Esperei um pouco, mas ele não pegou o panfleto. Estranhei, então limpei a garganta e pedi licença para conseguir a atenção dele.

— Com licença, moço. Se importa de ficar com um panfleto?

— Oh - não respondeu minha pergunta diretamente, mas levantou as mãos e começou a tentar pegar o ar na sua frente até eu mover o panfleto para mais perto — Obrigado. Mas eu não vou conseguir ler isso.

— O senhor é cego?

— Sim. E não precisa de me chamar de senhor, me faz parecer velho.

— Oh, perdão. Mas você acha que poderia me recomendar para alguém? Me chamo Kai, eu tenho um estúdio de fotografia. Ou caso você queira tirar fotos também, fazer um shoot, sei lá..

bem-te-vejo | SOOKAIOnde histórias criam vida. Descubra agora