Capítulo 3 - O Grande Juiz

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Um clima tenso, meu pai olhava para fora da janela, esperando o momento certo para falar. Existe um momento certo? Ele vem me tratando como uma estranha dissimulada, atacando-me com palavras, e agora o que eu ganho é silêncio. 

Fico em silêncio, quem parece ter algo a dizer, e esse alguém é ele.

"Por que você tratou o Lucas daquela forma?" - Pergunta ele, ainda sem olhar para mim.

"De que forma? Da forma que ele deveria ser tratado? Ele me insultou e me tratou de maneira desrespeitosa dentro da minha casa", digo, fazendo-me firme para não chorar.

"ESSA CASA É MINHA, VANESSA, e quem disse que você está em posição de querer algo?" – Ele diz, finalmente olhando para mim. "Você destruiu a nossa família, as coisas que você falou. Nós temos uma reputação, Vanessa, e agora estamos em uma posição em que estamos sendo atacados. E isso está me tirando do sé..."

"E eu? O senhor já pensou  como eu estou me sentindo? Não, peraí, eu só sou uma menina mimada." Ele engole a seco as minhas palavras. "Quando que o senhor irá me respeitar como mulher, empresária, profissional e como filha, e ver o meu potencial? Me deixar seguir a minha vida? Deixa que eu quebre a cara."

"Você tem o livre arbítrio para fazer isso, Vanessa. Não coloque em mim, a sua falta de coragem. E ALÉM DO MAIS..."

"Porque o senhor só me ataca? Por que você não me escuta, pai?"

"Nos sentamos juntos e analisamos todas as estratégias, coisas que você poderia fazer e coisas que não. Você acabou com os nossos planos em menos de 1 dia de programa."

"SEUS PLANOS, isso tudo aconteceu porque quem queria estar ali era você. Você nunca perguntou de mim, só impôs" - eu digo, dando um suspiro depois. "O seu objetivo era um, o meu era outro."

"De tudo que eu pedi, não se meta com mulheres. Eu não me importo com essas amigas metidas a bestas que tu tem, mas o respeito era com a gente e com as pessoas que nos conhecem..."

"De novo essa história, não tem nada aqui para o senhor aceitar ou achar que eu devo fazer. Aceite, eu sou assim."

"UMA MENINA MIMADA, FRACA, E QUE EU TENHO VERGONHA DE SER MINHA FILHA. Pra ser minha filha precisa enfrentar e botar a cara a tapa, não desistir na primeira oportunidade, arrumar um homem pra te ensinar as coisas. QUER VOLTAR PRA MERDA DO PROGRAMA, FIQUE À VONTADE, MAS NÃO VAI TER AJUDA MINHA."

"Não preciso da sua ajuda", falo para ele, olhando nos olhos dele. "Porque eu prefiro ser livre para ser quem eu sou do que ter você como meu pai, eu não o reconheço mais." Continuo firme, estou quase lá. "Não se preocupe, que tenho pessoas comigo que me amam e que irão me dar suporte." Segura, Vanessa, falta pouco. "Por favor, saia do meu quarto."

"A CASA É MINHA, SAIA VOCÊ." ESSAS PALAVRAS ME ATINGEM, MAS ACREDITO QUE É O MELHOR A SER FEITO NESSE MOMENTO.

Dona Clara já tinha arrumado minha mala para a viagem para o Rio, e se precisasse de outras coisas compraria lá mesmo.

Antes de sair do quarto volto e digo.

"A partir de hoje, toda e qualquer situação profissional minha será tomada pelo meu grupo de advogados e meu assessor."

"Tá ficando louca, menina. Espera, você já está", diz meu pai com esse sorriso sarcástico na boca. "Você não é nada sem mim."

"Quer pagar pra ver?" falo e saio do quarto indo em direção à entrada. Quando passo pelo quarto de Alicia, paro  e dou tchau de longe, ela só levanta a mão e dá um tchau tímido. Desço as escadas e vejo a doutora Beatriz na porta.

O tempo perdido   -  GinessaOnde histórias criam vida. Descubra agora