26 | O Luto

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Acabei voltando ao meu apartamento com o Hawks. Ele foi dirigindo, e o caminho inteiro foi silencioso e perturbador. Ambos estávamos sensibilizados com nosso último diálogo e com a situação toda que estava ocorrendo. Ainda não se passou por minha cabeça contar que eu menti esse tempo todo. Nem sei se pretendo fazer isso. 

Quando chegamos ao prédio, Ukai finalmente parece tomar coragem para falar comigo, porém, este parecia incrivelmente pálido e abatido. 

Ele se aproxima de mim vagarosamente, parecendo envergonhado, mas certo de que era aquilo que deveria fazer. Não entendo suas ações, e acho que eu devo estar com a cara mais fechada e azeda do século, pois ele pareceu um pouco receoso quando me viu melhor. 

— Senhor Kaminari… — Iniciou, incerto, mas então ele fez algo que eu não imaginei. Ele me abraçou.

Hawks pareceu confuso com tudo aquilo, e eu não me movi, igualmente surpreso e sem saber o que está acontecendo. Olho para o outro loiro que dá de ombros, e mais uma vez, sensações ruins me atingem. 

Me mantenho em silêncio até que ele me solte, um sorriso triste em seus lábios. 

— Sinto muito pela sua perda. — Suas palavras me perturbam. O que ele… quer dizer com isso…

Ele não saberia, saberia? 

Ele não pode saber… se tornaria um alvo…

— Que… perda? — Quase não consigo fazer a pergunta.

Keigo também aparenta um certo nervosismo pela situação, talvez pensando o mesmo que eu. Mas Ukai pareceu instantaneamente arrependido, se afastando de mim e coçando sua nuca, sem jeito. Viro um pouco minha cabeça, ainda interrogando-o com o olhar, quando ele finalmente decide abrir aquela matraca.

— Está passando nos jornais, senhor Kaminari… — Engoliu em seco. — O senhor Kirishima estava desaparecido, e hoje seu corpo foi encontrado perto do mercado do centro… sem a cabeça. 

Arregalo meus olhos. Ai meu Deus…

— E-Eu pensei que o senhor já estava sabendo, e-eu… senhor! — Não o deixo terminar de falar, e vou direto para as escadas, subindo cada degrau como se minha vida dependesse disso.

Percebo que Hawks fazia o mesmo e me acompanhava com avidez, subindo as escadas com velocidade. Ao chegar no meu andar, eu abro a porta com a mesma afobação, dando de cara com todos assistindo o jornal na minha TV. 

Ao me verem, principalmente Hitoshi, eles paralisaram e ficaram me encarando. Entro rapidamente e tento assistir a notícia com atenção, vendo que realmente eles estavam perto do mercado que o Ukai disse, cercados de policiais e pessoas… e o local onde o corpo foi encontrado estava cercado também.

— [ . . . ] e o corpo do veterinário de trinta e três anos, Kirishima Eijirou, foi encontrado exatamente neste beco nesta manhã por uma senhora. Ele foi reconhecido ao terem encontrado todos os seus pertences em sua mochila. Aparentemente, nada foi roubado. Sua cabeça ainda continua desaparecida. — A jornalista fala, tentando disfarçar um pouco o horror em sua voz. Eu continuo estático. — A família ainda não se manifestou. Seu namorado, Katsuki Bakugou de trinta e três anos está na cena do crime, e veio para cá com sua mãe assim que soube da notícia… ah, ele está logo ali!

A câmera vira na direção de Katsuki, e a cena que vejo me faz colocar ambas as mãos na cabeça, completamente em choque e sem reação.

Bakugou estava em prantos agarrado a senhora Mitsuki, enquanto gritava com os oficiais. Ele claramente não estava pensando racionalmente e não estava conseguindo nem se manter de pé, sendo sustentado pela mãe dele que, pensando bem, o que estava fazendo ali?! Era muito mais seguro Masaru estar ali do que ela! São duas bombas com grande potencial de explodirem!

Purplish Vampire IIOnde histórias criam vida. Descubra agora