my sweet vampire † frerard

🩸: vivendo sob as mentiras do passado

Ser carregado pelo céu noturno não era algo que, em sua sórdida vida, havia imaginado que pudesse lhe acontecer um dia. Timmy tinha mãos leves e gentis, não o machucavam de forma alguma. Ele o segurava pelo pulso, e voava rápido como um falcão peregrino. Frank estava completamente absorto enquanto observava o mundo abaixo de si, tão vasto e espaçoso. Era lindo. Como nada antes visto. As árvores balançavam sutilmente com o vento, animais apareciam rapidamente entre elas, aves voavam um pouco abaixo de seu pé. Sentia-se como num maldito filme infantil.

Eles desceram em um lugar qualquer, ele diria, mas também, à frente, era como uma fortaleza. Viu uma mansão gótica cercada por casas e mais casas do mesmo estilo pouco antes de pousar no chão. E cercando tudo, quase como um campo de proteção, árvores altas e mato.

Timmy seguiu um caminho cravado na floresta e Frank foi atrás, bastante curioso e maravilhadado com os sons da natureza ao seu redor. Em todos esses anos, jamais havia estado tão longe da cidade, das pessoas. Era diferente, como realmente escutar o mundo que o cercava.

Quando se aproximaram da vila, esperou ver grandes portões com gárgulas de pedra e vampiros fazendo rondas circulares, garantindo a seguridade e a privacidade do local, prontos para questionar Timmy acerca do estranho que o acompanhava. Mas não havia nada disso. A floresta cedia ali uma abertura, e ninguém parecia se importar com quem ousasse cruzar os limites.

"Eu sei o que você quer me perguntar." O vampiro disse, enquanto passavam pela abertura. "Ninguém vai nos questionar? Nos parar? Mostrar grandes e ameaçadores dentes vampiricos em nossas direções?" Iero o olhou curioso, adiantando seus passos para estar lado a lado com ele. "Guardiãos, lutadores, vampiros receosos com absolutamente tudo que vem de fora. Isso não é algo que exista no século vinte e um. A vila esta aberta para quem quiser entrar, inclusive humanos."

Frank arqueou uma sobrancelha. "Humanos? Por vontade própria?"

"Alguns vampiros gostam de manter familiares. Usualmente, humanos com fácil acesso à bolsas de sangue. Médicos e enfermeiros. Com a promessa de um dia serem transformados em vampiros também," Timmy revirou os olhos. "É o tipo de coisa que vampiros preguiçosos fazem, espero que você não seja um deles. Muitos humanos morrem esperando o grande dia, não só é patético, como triste." Ele falou, um tanto quanto cínico com relação aos vampiros citados. "E as vezes, pessoas vêm aqui de repente. Aventureiros. Não sei bem o que pensam, suspeito que nos achem malucos." Ele riu. "Pessoas estranhas vivendo isoladamente, por vezes agindo de modo extravagante, numa cidadezinha afastada do mundo. Não é algo que eles veem todos os dias." Frank observou as casas ao redor, grandes o suficiente para famílias viverem, haviam ruelas que davam para diferentes caminhos com mais casas, quase todas iguais e claramente construídas para parecerem obras vitorianas, e isto incluía a mansão no meio, que ainda que estivesse longe, era visível para qualquer um que caminhasse por ali. "É claro que as vezes os usamos como cobaias, para treinar. Tentamos ao máximo evitar mortes. Ninguém gosta de cavar túmulos."

"Não parece imprudente deixar que humanos simplesmente venham aqui? Como você mesmo disse, é o século vinte e um. Câmeras não preocupam vocês? Sermos descobertos por causa de um vídeo, uma foto...isso seria um desastre para todos nós." Frank observou que embora alguns vampiros caminhassem por ali, hora ou outra parando para olha-lo, havia muito menos deles do que pensou que haveria quando ouviu falar do lugar. "Onde está todo o resto, a propósito?"

"Todo o resto saiu para festejar um feriado nacional. Este é um clã australiano, obviamente a maioria deles é nativo. Humanos embriagados são os alvos da noite, é uma coisa especial." Timmy disse, os passos aumentando. Frank sabia o que ele estava fazendo, andando de modo a ficar meramente borrado, o copiou, eles estavam caminhando em direção a mansão. "E honestamente, sua pergunta sobre os humanos e suas bugigangas me faz ficar pensativo acerca da sua inteligência."