The dead roses

𝑬𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒐

𝑨𝒌𝒊𝒌𝒐

Almoçar sozinha já virou um hábito. Meu pai saiu ontem à noite e ainda não voltou. Não vou me preocupar com um velho que sabe muito bem cuidar de si mesmo. Hoje pela manhã, fui informada que experimentaria meu vestido de noiva. Claro, ainda não encontrei um pretendente, mas é sempre bom estar preparada. Afinal, sou a filha do político mais influente desta cidade.

Depois do almoço, sigo para a sala onde o alfaiate deveria ter chegado às 7:00. Olho para o relógio. 11h.

Uma batida na porta me tira dos pensamentos, e a empregada vai atender. Finalmente! O irresponsável resolveu aparecer.

Recebo o vestido e não consigo conter minha indignação.

"Que coisa horrorosa é essa?!" grito. "ME RESPONDA, SEU IMPRESTÁVEL! NÃO SABE FAZER UM VESTIDO À ALTURA DA FILHA DO POLÍTICO MAIS VOTADO DESTA CIDADE?"

O alfaiate gagueja. "E-e-eu fiz exatamente como a senhorita pediu... É o modelo—"

"VOCÊ ACHA QUE EU IRIA USAR UMA COISA DESSAS NO MEU CASAMENTO? OLHA BEM PARA MIM, SEU IDIOTA!"

Depois de gritar o suficiente para deixar claro meu descontentamento, faço aquele inútil redesenhar e costurar outro vestido no menor tempo possível.

Quando finalmente experimento a nova criação, um sorriso se forma em meu rosto. O vestido era perfeito. Não, eu estava perfeita. O mundo não veria mulher mais deslumbrante que eu.

Enquanto ainda admirava minha imagem no espelho, ouço passos e vozes na sala ao lado. Viro-me para ver o que está acontecendo e me deparo com um jovem entregando uma pequena mesa. Reconheço o carpinteiro do qual ouvi falar antes. Um sorriso começa a se formar em meus lábios. Ele vai ser meu marido, por bem ou por mal.

Levanto-me e, com um tom imperioso, ordeno: "SAIAM!" O alfaiate e a empregada se apressam para obedecer.

O carpinteiro hesita, parecendo não entender que minha ordem não era para ele. Quando o vejo tentando sair, o chamo:
"Sente-se, por favor."

Ele obedece, ainda desconfortável, e se senta no sofá oposto ao meu.

"Então, senhor...?" pergunto, inclinando a cabeça de leve, exibindo o interesse que sei usar tão bem.

"Ah, meu nome é Keiji Hiroshi, senhorita."

"E o senhor é casado?"

"Não!"

Um leve calor percorre meu corpo. Ele é solteiro. Além de bonito e trabalhador, não tem ninguém em sua vida. Perfeito. Seguro-me para não demonstrar satisfação, mordendo o lábio inferior enquanto penso nas possibilidades.

Ele parece desconfortável. "É... Já está na hora, preciso ir."

"Mas já?" digo com um tom doce. "Você poderia ficar e me fazer companhia."

"Adoraria desfrutar de sua companhia, senhorita, mas realmente preciso ir."

Sorrio, mas firmo minha decisão. "Então amanhã às 13h sairemos juntos. Não aceito um 'não' como resposta."

Ele não responde, mas para mim o silêncio é o suficiente. É um sim.

Acompanho-o até a porta, observando enquanto sua figura desaparece na floresta ao longe. Solto um leve suspiro, mas minha tranquilidade é interrompida pela voz do meu pai, que me espera na escada.

"O que você quer parado aí feito um espantalho?" pergunto enquanto caminho em direção à sala de música.

"Por que quer sair com um carpinteiro, quando já encontrei um marido para você?" Ele cruza os braços, com um olhar severo.

Sento-me ao piano, deixando as mãos deslizarem pelas teclas e respondendo casualmente: "Não quero nada. Apenas achei ele interessante e queria conhecê-lo melhor."

Meu pai bufa, irritado, antes de sair. Ignoro sua desaprovação. A verdade é que não importa se estou noiva ou não; quero Keiji. Não para construir uma vida ao lado dele. Longe de mim abandonar meus luxos por alguém pobre. Isso seria humilhante.

Por enquanto, é só um interesse. Quem sabe, amanhã alguém melhor apareça.

Levanto-me e encaro a janela. O sol está desaparecendo rápido demais nos últimos dias, como se o tempo não tivesse paciência para esperar por mim.

"Ah, é tão cansativo..." murmuro, deixando o pensamento escapar. "Ser linda já é trabalho suficiente."

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