Capítulo 35

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Admirando suas mechas ruivas, olhos cativantes, um no tom castanho-avermelhado e o outro num lindo tom dourado, seu rosto lindamente cheio de cicatrizes e a pele deliciosamente marrom-dourada de encher a boca d'água, noto o quanto desejei Lucien o dia inteiro, e o quanto fui idiota de tentar fugir dele, fugir do que estou sentindo por ele. Cada vislumbre que tive dele ao longo do dia senti minhas bochechas corando e as borboletas em meu estômago tremulando.

Exatamente como agora que enrubeço violentamente sob seu intenço olhar, e pelo seu corpo escultural perto do meu. Não consigo raciocinar com ele tão perto, uns míseros centímetros nos separa, mas não é hora para pensar nessas coisas, em como ele me afeta como nunca fui afetada antes, ou em como ninguém nunca me afetou, me abalando do jeito que ele faz.

- Você está aí a muito tempo? - Pergunto baixinho, forçando minha voz para sair.

- Não muito.

Dou uma breve olhada para o lago, a luz da lua batendo na água o fazendo brilhar como se tivesse cristais.

Lucien indica com a cabeça para que eu o siga, andando uns passos para frente.

Abro a boca em choque, não acreditando no que ele fez, sinto meus ollhos encherem de lágrimas, embassando minha visão. Esticado na grama verde está um fino lençol, em cima dele algumas almofadas espalhadas e uma cesta de palha. Fico emocionada, ninguém jamais fez algo do tipo para mim, nunca tive um encontro ou algo parecido com essa cena, já tive várias fantasias tiradas dos meus livros, onde me visualizava com alguém, desejando estar com alguem e essa pessoa fazia gestos parecidos com o que o macho fez. Mas isso não passava de sonhos de uma leitora.

- Eu não acredito que você fez isso. - Digo ainda desacreditada, meu coração transbordando, se antes era difícil, agora a missão de terminar qualquer coisa que existe entre nós dois, se tornou impossível depois disso.

- O que, não gostou ? - Pergunta receoso olhando para o lençol com as coisas para o piquenique.

- Está falando sério? Eu amei. - Afirmo o olhando, ele relaxa, soltando um riso por me ver empolgada e feliz.

Ele senta no lençol e eu o imito, me acomodando entre as almofadas. Cuidadosamente ele retira as delícias que trouxe dentro da cesta, devoro cada coisa lentamente, saboreando.

Quando me sinto satisfeita, fico olhando para o lago, evitando olhar para ele, ouço seu suspiro profundo antes dele perguntar:

- Por que me evitou o dia inteiro? - Ouço sua voz, ele parecendo um pouco magoado. Respiro fundo, desde que achei o bilhete no chão tento me preparar para essa conversa. Ainda não o olho, pois sei que se olhar para ele, vou desviar a atenção para seus lábios e outros lugares e agora não é o momento para isso, não posso me deixar cair na hipnose que são seus olhos, sendo assim mantenho o olhar na paisagem, evitando cair na tentação.

Dou de ombros antes de responder:

- Não o evitei, apenas estive ocupada com outras coisas. - Tento mascarar minhas emoções, dei uma desculpa totalmente sem sentido e patética. É claro que ele não vai acreditar nem por um minuto em minhas palavras, ele solta um riso forçado e sem humor.

- Sério? Não quer que eu acredite nisso né? - Pergunta com sarcasmo.

- O que quer que eu diga? - Pergunto ainda sem olhar para ele, fugindo, fugindo e fugindo, como uma maldita covarde que sou.

- Que tal a verdade?

- Que verdade? - Pergunto impaciente por estar sendo encurralada.

- Não sei, que tal me dizer a verdade do porque você está me ignorando e agindo de modo estranho deste do episódio da varanda? - Pergunta com deboche, sua mão no queixo fingindo pensar.

Tento ignorar ou só criar coragem e levantar daqui e ir embora. Penso por um momento e hesito em responder, mas estou cansada de guardar isso dentro de mim, as palavras deslizam pela minha boca antes que eu possa desistir:

- A verdade é que tenho medo. - Finalmente digo, não o olhando, mas dessa vez por motivos diferentes. Não quero desabar, e acho que vou fazer isso se olhar em sua direção. Lucien franze o cenho não entendo. - Tenho medo das coisas que estou sentindo.

- E o que você está sentindo? -Ele pergunta com suavidade, vendo como estou frágil, vulnerável perante a ele.

- Eu não sei. - Desabo meu ombros, não sei lidar com meus sentimentos. Nunca senti isso por ninguém, nunca tive uma experiência romântica, não sei o que é amar ou ser amada por alguém. Não romanticamente falando, nunca ninguém, jamais fez um gesto romântico para mim, nunca fui desejada por ninguém. Isso é novo para mim e não gosto quando as coisas saem do meus controle, não sei lidar com o que estou sentindo. Ainda penso que devemos ser apenas amigos.

Lucien parece ler através de mim, parece entender o que estou sentindo. Acho que ele reconhece quando alguém parece está perdido. Delicadamente sinto suas mãos pegarem meu rosto, me fazendo olhar para ele, lentamente faz carícias com os polegares conforme fala:

- É normal ter medo, e tudo bem sentir. Todo mundo sente, o que não podemos é deixar que ele nos domine, e dite o que fazermos. Não podemos deixar que ele nos impeça de viver, de aproveitar momentos bons por causa dele.

Assinto, concordando com suas palavras.

Antes de ser amor é alguma coisa, a questão é que eu sei que não é mais qualquer coisa, porém não consigo medir e também estou desistindo de tentar. Muitas vezes me sinto presa num labirinto, perdida, sem saída, sem uma solução.

- Quando eu te conheci... - Começou a falar sem parar com o carinho em meu rosto, olhando no fundo dos meus olhos. - Não consegui raciocinar direito o que estava acontecendo e nem quem era você, mas já estava fascinado com sua beleza. - Sinto meu estômago embrulhar com os sentimentos que ele desperta em mim.

- Pois o que pareceu foi que você não tinha simpatizado comigo. - Repuxo meu lábio, falando de forma irônica. Ele abre um sorriso malicioso.

- Porque eu sabia que não iria conseguir leva-lá para cama naquela noite.

Ele usa e abusa do seu lado malicioso quando está comigo, acho que para ele é simplesmente divertido me ver corada e envergonhada, sem resposta, exatamente como estou agora.

- Jurian está me mostrando a como derrubar um feérico, sabia? - Digo como quem não quer nada.

- Ah é? E como se saiu? - Incita divertido.

- Não vai querer saber.

Nós rimos baixinho olhando um para o rosto do outro.

Quase perco o fôlego ao perceber a proximidade de nossos lábios, e quase tenho um ataque cardíaco ao ver a forma como ele olha para meus lábios, com uma mão segura meu queixo com cuidado e gentileza, e com a outra raspa meus dedos, subindo até minha mão, segurando-a.

- Acho que estou me apaixonando por você. - Solta, sua voz rouca e profunda. Arregalo os olhos sendo pega desprevenida, não esperava que ele fosse dizer isso.


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* Próximo capítulo já está pronto, mas será que eu devo postar? 🤔

* Pegar leve, se tiver cinco votos, e só cinco comentários, eu posto o outro hoje ainda.

* Espero que tenham gostado, bjs💜💜💜

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