XIX

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Zac - 2001

Tudo o que eu mais queria era ver a Jules. Eu queria poder abraçá-la e dizer que tudo aquilo não passava de um mal entendido, que era um pesadelo, e que ainda estávamos juntos.
Mas eu não podia.

Depois que eu saí da sua casa naquela segunda feira eu não a procurei mais. Não pq eu não a amava, pq eu sempre amei a Jules. Sempre.
Mas pq para mim não fazia sentido ter que prolongar ainda mais toda aquela dor e sofrimento. Quando mais eu a visse mais eu sofreria e a faria sofrer tb.
Então eu me afastei.

Era melhor assim.

Eu nunca sofri tanto na minha vida como naquela época. Passei noites em claro revivendo o meu erro estúpido e imaginando como a minha vida teria sido diferente se eu não tivesse saído daquele maldito quarto naquela noite.

E quando eu dormia eu sonhava com ela. As vezes meus sonhos eram relembrando o passado, outras vezes era ela chorando e dizendo que me odiava e em muitas outras eram desejos e planos que eu tinha com ela que nunca iriam se concretizar.

E todo dia de manhã eu era obrigado a aceitar que a minha realidade agora era aquela. Parecia que tinham arrancado o meu coração e agora só tinha ficado um buraco gigante no meio do meu peito.

E mesmo eu não indo atrás dela, no primeiro mês do término eu sempre dava um jeito de passar todas as noites na frente da janela do seu quarto.
Às vezes a pé, outras de carro. Mas eu ia todas as noites até a frente da sua casa e ficava alguns minutos ali, imaginando o que ela estaria fazendo e sonhando acordado.
Isso me ajudava a matar a saudade dela, mesmo que momentaneamente.

No dia seguinte ao nosso término eu estava destruído e tudo que eu mais queria era ser tragado pela terra e sumir.
Eu não tinha dormido a noite toda e me sentia um lixo e naquela manhã eu só queria ficar na cama e esquecer do mundo lá fora.

Mas eu não podia, pq agora eu tinha uma responsabilidade gigante nas mãos.

Me forcei a levantar da cama e fui me encontrar com a Kate na casa dela para decidirmos como seria a nossa vida dali pra frente.
A Kate estava em choque ainda. Ela tinha faltado na escola e eu a encontrei escondida debaixo das cobertas, chorando.

No início ela não tinha nenhuma intenção de manter o bebê. Ela não aceitava a idéia de ser mãe tão cedo e o medo do julgamento da sua família e amigos estava acabando com ela.
Eu a entendi totalmente. Se eu estava com medo das consequências eu só podia imaginar como iria ser dificil pra ela.

Mas eu não consegui concordar com a idéia. Tivemos algumas conversas sobre isso nas semanas seguintes e eu era contra terminar a gravidez.
Apesar do choque e do medo inicial aquele bebê era meu filho e eu não consequiria abrir mão dele assim. Aquilo pra mim nunca foi uma opção.
E com muita conversa e paciência eu a convenci que tudo ficaria bem e que eu estaria do seu lado durante todo o processo.

Kate estava apavorada e eu tb. Éramos novos demais e não sabíamos nem por onde começar a pensar ou agir.
Com toda a certeza tirar o bebê seria a escolha mais fácil a ser feita, mas dentro das minhas crenças eu não poderia deixar que ela interrompesse a gravidez desse jeito.
Eu nunca conseguiria me perdoar se isso tivesse acontecido.

Decidimos então que iriamos ter a criança. Mas agora a luta era outra. A Kate não queria que ninguém soubesse da gravidez até que ela tivesse coragem o suficiente para contar para os seus pais e eu respeitei a sua decisão.
A familia da Kate era mais religiosa que a minha e os seus pais eram extremamente conservadores.
Ela iria enfrentar uma batalha com eles e eu lhe assegurei que esperaria ela estar pronta para contar e que estaria do seu lado durante todo o trajeto.

i wish that i was thereOnde histórias criam vida. Descubra agora