Depois que reencontrou o ex-marido, Laura se sentiu mais leve... era como se, nesses meses todos pós-separação, ela ainda se sentisse um pouco culpada, já que ele não tinha concordado inicialmente com o fim do casamento. Mas, vendo-o melhor, bem tratado, ela respirou mais aliviada.
André confirmou para ela que o pai estava mesmo fazendo terapia, há uns dois meses já. Mas, quanto à companhia feminina que ela viu na festa, ele de nada sabia. E também não a interessava...
Além disso, sua vidinha estava agitada pelas novidades que estavam surgindo. Primeiro, Luiz, e agora, Marcelo. Para uma quase cinquentona, não tava ruim, não...
Mas demorou um pouco para ambos se manifestarem. E ela, como não estava com nenhuma pressa, lidou bem com essa espera. E estava conseguindo também ocupar melhor o seu tempo. Além das amigas de fé, ela costumava se encontrar com uma ou outra colega da ginástica ou do trabalho para conversar, pegar um cinema ou um teatro. Os filhos apareciam de vez em quando, juntos ou separados, para um lanche e uma conversa.
Seu trabalho era tranquilo. Além de dar aulas, ela tinha sido promovida a coordenadora pedagógica do curso há alguns anos, e isso demandava mais tempo e trabalho – e dinheiro. Era envolvida também com um trabalho voluntário no centro espírita que uma amiga frequentava. Começou como um simples favor temporário, mas ela acabou ficando. Organizava as doações, fazia o controle do que entrava e saía de dinheiro, pagava e prestava contas. Quando assumiu a tarefa, o centro estava na penúria e preso ao século passado, pois os dirigentes eram todos muito idosos, e a administração era muito ultrapassada. Modernizou a contabilidade com a ajuda de Flávio, que deu ideias para otimizar o dinheiro com aplicações, e as coisas foram melhorando. Atualmente, era um trabalho simples de manutenção do fluxo do caixa, e ela se sentia muito bem fazendo a sua parte. Mas não chegava a frequentar o centro. Era agnóstica, mas respeitava todas as religiões e dogmas que espalhassem o bem e a paz.
Outro trabalho que passou a fazer mais era o doméstico. Quando era casada, tiveram uma empregada doméstica por alguns anos, quando as crianças eram pequenas, e era uma maravilha. Mas, com o passar do tempo, esse serviço foi ficando caro e, depois que os filhos ficaram adolescentes, passaram a ter diarista duas vezes na semana. Cada filho cuidava da limpeza do seu quarto. Eles também aprenderam a cozinhar nessa época, bem como a usar a máquina de lavar roupa. Só o ferro de passar que ninguém quis usar. Maria resumiu o sentimento deles: "Roupa passada é coisa antiga." E ela não insistiu. Laura acha que foi um ótimo ensaio para a vida adulta, quando saíram de casa. Agora, sozinha, numa casa pequena, ela é que cuidava da limpeza e da manutenção. E era um trabalho repetitivo e cansativo. Por isso, ela fazia um pouquinho de cada coisa a cada dia. E reconheceu como o serviço doméstico era importante e realmente deveria ser melhor remunerado. Para quem podia pagar, claro...
Em seu tempo livre, lia livros no papel – sim, ela era dessas. Achava prático ler pela internet, mas preferia carregar um livro na bolsa quando precisava encarar alguma fila ou ir à praia. Era também a companhia perfeita quando ia almoçar sozinha na rua. Sentia falta de um hobby, mas não tinha nenhum talento para atividades manuais. Pensou em voltar a estudar. Sempre teve vontade de ser guia de turismo... mas dava preguiça quando pensava em encarar outros quatro anos de faculdade...
O mês de maio já ia pelo meio e Laura já estava plenamente adaptada à sua nova rotina. E é claro que Luiz e Marcelo resolveram dar o ar da graça na mesma 5ª feira...
A mensagem de Luiz veio primeiro. Ele queria vê-la domingo à noite. Combinaram uma pizza.
Na parte da tarde, chegou a mensagem de Marcelo, convidando-a para um jantar do dia seguinte. Ela topou, sentindo-se muito atrevida. Em seguida, ligou para Sílvia:
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Quase 50tona
Genç Kız EdebiyatıLaura estava livre.... Depois de 27 anos de casamento, depois de três filhos, depois de 49 anos de vida, depois de quase 30 anos de trabalho como professora de Inglês - é muito número..., ela estava livre para fazer o que quisesse. Sem amarras nem o...