XX

205 6 20
                                    

Zac - dias atuais

Abri a porta do quarto e o rapaz colocou as minhas malas no chão. Agradeci pela ajuda, lhe dei a sua gorjeta e fechei a porta.
Olhei em volta analizando o quarto, joguei a minha mochila na poltrona e respirei fundo.

Eu estava ferrado.

Aquelas horas dentro do avião com ela já tinham me dado um gosto do que seriam esses meses na estrada.
Eu seria obrigado a vê-la toda hora assim, tão perto que eu poderia apenas esticar o braço para alcançá-la mas ainda assim longe o suficiente que eu não poderia tocá-la.

Sentei na cama tentando organizar os meus pensamentos. A minha cabeça estava um caos.
Como eu faria esse tempo todo para não enlouquecer quando tudo que eu mais queria é encostar ela na parede e beijar aquela boca linda dela?
Respirei fundo e senti o meu coração disparar só de pensar.

Eu sei que eu deveria ter autocontrole e acredite eu estou tentando com todas as minhas forças. Mas a Jules sempre teve um poder sobre mim que ela não fazia nem idéia.
E hoje eu vejo que esse efeito dela ainda me domina. Desde o seu retorno à minha vida eu deixo de pensar quando a vejo e volto a ser aquele adolescente encantado de novo.
É muito mais forte do que eu.

E eu assumo, troquei mesmo de lugar com o Dimi. Foi infantil da minha parte? Talvez.
Mas eu não iria perder a oportunidade de ter ela só pra mim, mesmo que fosse por algumas horas em uma porcaria de um avião gelado.
E enquanto ela dormia eu fiquei igual um bobo olhando cada movimento seu.

Meu Deus como ela é linda.

Era incrível como cada detalhe dela ficou gravado nítidamente na minha memória por todos esses anos. Era como se eu não tivesse passado nem mesmo um dia longe dela.
Todo esse tempo se eu fechasse os olhos eu era capaz de descrever ela perfeitamente, até a sua última sarda no nariz.
E ali a centímetros de distancia eu pude comprovar que a minha memória não tinha mentido pra mim e que eu sabia sim cada traço dela de cor.

Naquela hora a minha vontade foi de abraçá-la, puxá-la pra mim e sentir o calor do seu corpo no meu enquanto ela dormia igual um anjo.
Senti meu corpo formigar ansioso naquela hora, em antecipação, se preparando para receber ela.
E foi uma tortura não sentir ela respirando contra o meu peito e me apertando forte como ela costumava fazer.

Tentei não pensar e não sentir demais naquela hora mas quando ela virou o corpo pra mim, toda encolhida naquele banco e sofrendo com enxaqueca eu precisei usar de toda a minha força para não me render à minha vontade.
Eu queria muito cuidar dela, mas tive que me conter em apenas cobri- la e assisti-la de longe.

Eu sei que eu estou errado. A Jules está totalmente fora do meu alcance por dezenas de motivos e eu preciso aceitar isso.
Pro bem da minha saúde mental eu tenho que aceitar.
A minha vida é muito complicada com as crianças e a Kate e mesmo que não fosse e por algum motivo eu fosse um homem livre ainda sim ela seria casada e feliz com o marido dela.
E eu tinha que me conformar em apenas admirá-la de longe.

Senti um peso no meu peito ao pensar nisso.
Eu a tive só pra mim e a perdi por estupidez e imaturidade minha. E não há desejo ou vontade no mundo que possa mudar isso.
A Jules nunca mais será minha e essa é a realidade dos fatos.

Respirei resignado.
Essa sem duvidas será uma turnê longa e sofrida.

Para tentar afastar ela dos meus pensamentos eu liguei a tv à procura de alguma distração mas não tinha absolutamente nada de interessante ou em inglês.
Decidi então olhar em volta e procurei na mesa de apoio da cama pelas instruções do Wi-Fi.

Assim que eu conectei meu celular entrou uma chamada do face time da Kate.
Eu estava cansado demais para lidar com ela naquele momento. Tinha dormido mal no voo e estava com a cabeça cheia, tentando processar os meus sentimentos pela Jules.

i wish that i was thereOnde histórias criam vida. Descubra agora