Capítulo 2

278 31 8
                                    

Tenho certeza que acordei com o pé esquerdo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Tenho certeza que acordei com o pé esquerdo.

Eu nunca me atraso, mas hoje não ouvi a merda do meu alarme tocando e agora estou muito ferrada.

Odeio dar motivos para falarem de mim na empresa do papai. Meus colegas acham que tenho infinitos privilégios por ser filha do dono, porém não é bem assim.

Eu preciso provar constantemente que tenho algum valor, que gosto mesmo de ser modelo, ainda que a timidez me vença. No entanto, a cada dia me sinto mais sufocada no ninho de cobras da Shine, sentindo que sou uma intrusa e nada do que eu tente está bom. É exaustivo.

E logo hoje que temos uma reunião importante, para ajustar todos os detalhes da apresentação, tinha que me atrasar. Agora, estou certa, o universo me odeia!

Saí da cama, bufando alto, e corri para o banheiro. Apenas fiz a minha higiene e skin-care matinal, trocando o pijama de gatinhos por um vestido preto cheio de poás. Com meus cabelos, que estavam mais longos que o normal, fiz um rabo de cavalo e corri até o quarto para calçar o meu tênis.

Sem um pingo de maquiagem e morrendo de fome, desci as escadas depressa, vestindo uma jaqueta jeans. Como a casa estava vazia, vi que me restava chamar um Uber.

Ai, que merda! Isso me custaria mais tempo.

E perceber este detalhe foi o que mais me apavorou. Ouvir um sermão da minha chefe sobre comprometimento e responsabilidade não estava em meus planos. Já até decorei de tanto que ouvi, e olho que só me atrasei umas cinco vezes em três anos que estou na Shine.

Graças a todo o ódio gratuito que recebo, faço questão de ser uma funcionária excelente. E nunca reclamei com ninguém, porque faria com que meus colegas tivessem razão sobre privilégios.

Não quero que minha família compre essa briga sem necessidade. Vou seguir o conselho do meu príncipe, erguer a cabeça e fingir que nada me abala, mesmo que me atinja, e muito.

Enquanto entreva no carro preto, me peguei pensando em Guilherme e no encontro que tivemos no meu aniversário. Foi uma vergonha e tanto.

Para me livrar de um possível afastamento entre nós dois, eu precisei pedir a Luana que me ajudasse a provar que tudo não passou de uma brincadeira para sacaneá-lo.

Se ele acreditou? Não, no entanto, como não me deixaria morrer de vergonha, fingiu comprar a mentira.

Mesmo que me veja como uma irmãzinha, Guilherme não deixa de ser o meu príncipe. Ele está em uma viajem com sua família para a Espanha, cumprindo com os suas tarefas de herdeiro de um grande magnata. E ao ver a sua mensagem brilhando na tela do meu telefone, senti o coração perder o compasso.

Guilherme: Estou com saudade, florzinha *emoji triste*

Era algo nosso e único. Sempre assumíamos tudo que estávamos sentindo no momento. Como uma espécie de desabafo. E considerava aquilo como a nossa maior prova de amor e cumplicidade.

Obra do Tempo - Série Obras Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora