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Seus olhos tristes e confusos observavam a comida de dentro de um pequeno pote roxo de plástico, sido dado pelo seu atual melhor amigo Jisung, olhava fixamente para aquele alimento que parecia tão bom e apetitoso para qualquer outra pessoa que admirasse juntamente dele. Porém, no seu rosto só havia angústia, mágoa, desgosto e arrependimento.
Não conseguia acreditar em si mesmo, de que uma refeição tão bem preparada com tanto amor feita por um amigo próximo, bastante querido pelo mesmo, o olhava com todo o desdém e nojo que tinha.
Sentia vontade de vomitar só de imaginar comendo aquele pote inteiro de comida e colocar para dentro de seu corpo desnutrido, que depois disso, seria arruinado pela gordura que não conseguiu impedir de ganhar. Poderia morrer ali mesmo apenas lembrando que tinha sido obrigado tantas vezes a comer refeições que não estavam na sua dieta diária.
Tinha recebido recentemente aquela refeição, Jisung lhe deu com um sorriso, praticamente sendo cínico, falando para Yeonjun que ele deveria pelo menos comer mais de três colheres daquilo ou então não o deixaria sair do refeitório até que cumprisse a obrigação. O Choi realmente comeu do alimento, colocou na boca até mais de 5 colheres da comida que o Han fez pois queria ver o mesmo feliz consigo.
Jisung deixou o pote roxo com Yeonjun, dizendo para o mesmo que poderia comer o resto mais tarde, já que o de cabelos ruivos falou para o de cabelos roxos que já estava cheio, sem fome mais para comer o resto da refeição.
Era mais que perceptível que o ruivo estava com fome. Seu estômago roncava implorando por um mínimo de proteínas, sua saliva era produzida com facilidade, além da ânsia de comer mais da comida que seu amigo lhe deu. Estava quase mesmo pegando novamente uma colher para ingerir o resto do alimento, porém se recusava a isso, se negava a fazer isso de novo consigo mesmo. Não queria mais sentir aquele sentimento de arrependimento, não aguentava mais sentir aquilo.
O Choi logo fechou o pote com a tampa roxa que estava de baixo do mesmo. Tampando de forma rápida e agressiva, sendo bem desajeitado nisso, então andando de forma apressada, passando por todos aqueles corredores altos daquele enorme colégio de ensino médio.
Suas sobrancelhas estavam franzidas, em sua face apenas se via repúdio e desconforto. Não queria fazer aquilo com o seu melhor amigo, nem imaginava como contaria a ele sobre isso, mas para si no momento, era o certo, o necessário a se fazer.
Yeonjun percorreu por mais algumas salas de aulas, armários e pessoas por aqueles lugares do imenso local que se encontrava. Chegando então no banheiro mais próximo que estava, o garoto abriu novamente aquele pote com a refeição mal terminada dentro, se aproximou do grande lixeiro que tinha no pequeno cômodo e jogou fora tudo que restava dentro do recipiente roxo. Sentia um corte coração por ter que fazer isso, porém era isso que achava ser o que tinha que ser feito a muito tempo.
Estava em seu momento de raiva, batia o pote médio contra o lixeiro de coloração preta para retirar os grãos grudados no fundo do mesmo. Indo rápido até a pia do banheiro e começando a limpar toda a gordura que tinha se restado ali, lavando de forma agressiva e impaciente com o sabão que era disponível no banheiro. Assim depois enxaguando o mesmo, quando o viu bem limpo, pegou um pouco dos papéis toalhas e secou depressa toda a vasilha. Deixando ela nova como antes, tão cheirosa que era de se admirar.
Entretanto, Yeonjun ainda sentia um enorme peso em suas costas.
No fundo, sentia que o que estava fazendo era totalmente errado, que tinha que ter comido tudo, deixado Jisung feliz com aquilo. Era uma pessoa difícil com a alimentação, nem que pelo menos fingisse ter gostado tanto da refeição que comeria ela inteira até por uma segunda vez.
Sentia que fracassou até na coisa mais simples que existia na terra.
O Choi então jogou fora o bolo de papéis toalhas que tinha secado a vasilha e apertou forte a mesma em sua mão. Em seguida, se encostou na parede fria e úmida do banheiro, se arrastando lentamente para baixo na mesma até chegar no chão sujo igualmente gelado que a parede. O mesmo então juntou suas duas pernas perto de seu peito, abraçando ambas suas pernas com cuidado por causa do tal pote roxo e deitando sua testa em seus joelhos, sentindo com o tempo seus olhos arderem por causa da imensa ansiedade e tristeza que sentia de forma misturada.
Seu choro era baixo, sempre foi do tipo que era silencioso com suas angústias, muitas vezes fazendo isso apenas sozinho ou quando sentia que ninguém o notaria. Sentia com o tempo suas bochechas ficarem molhadas, seus pensamentos eram confusos, além de, forma fraca e trêmula, ter deixado a vasilha no chão ao seu lado apenas para levar ambas as suas mãos até o seu rosto encharcado, não ligando que ia se molhar ainda mais se não as secasse.
A sensação de amargura e tristeza enorme que estava sentindo, quase disfarçava a ânsia de vômito que surgia e lhe deixava desconfortável cada vez mais.
O mesmo começou a sentir-se gelado, sentindo o suor frio lhe cobrir por inteiro. Olhava para frente com a visão escurecendo, até pensando que fosse culpa das lágrimas que ainda rolavam pelo seu rosto. Seus ouvidos começavam a se fechar e já sabia bem o que iria acontecer por logo em seguida.
Tentou se levantar de forma desajeitada, sentindo seu corpo inteiro tremendo e a vontade de vomitar ficando cada vez maior a cada segundo que passava. Conseguiu ficar em pé e então andava cambaleando pelo banheiro se apoiando pelas paredes úmidas, sentindo todas aquelas sensações apenas piorarem quanto mais andava e tentava chegar até uma cabine.
Yeonjun mal chegava perto da porta e a abria, notando sua visão escurecer mais, seus ouvidos apitarem de forma escandalosa e percebendo perder total noção de todos os sentidos. Apenas sentindo o queda de seu corpo pesado contra a parede gelada do banheiro e logo escorregar por ela por milésimos de segundos.
Entretanto, voltando depois a consciência de seus atos, impedindo que caísse feio no chão molhado daquele lugar nojento e úmido, lugar perfeito para todo tipo de sujeira e insetos.
Mesmo que tivesse voltado todos os seus sentidos, ainda sentia a ânsia de vômito só piorar segundo a segundo. Indo logo até a cabine do banheiro e então se apoiando naquela privada branca de mármore, ainda esperando o momento que teria que logo tudo o que comeu para fora. Ainda sentindo desconforto e amargura pela sensação de suar frio, arrepios que tinha pelas suas costas e espinha que aquela ânsia lhe trazia.
O Choi não achava nada daquilo estranho ou assustador, claro que lidar com tudo aquilo era chato e com o tempo estava lhe cansando ter que aguentar mais um desses desmaios ou ânsias ao longo de sua semana pacata e sem graça.
O costume tinha apenas lhe feito normalizar toda aquela situação, todo aquele incômodo e sensações de fracasso. Para si, fazia parte de seu dia, fazia parte de sua vida.
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O Declínio.
FanfictionYeonjun tem muitos problemas, um deles é a sua gigantesca insegurança com seu corpo magro e esguio. Tudo nele parece ter algum problema, parece ter algo errado, sendo uma das únicas soluções que encontrou de ir contra a desaprovação da sociedade é c...