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Capítulo três
Até Imperia

Mais uma vez, estou sendo iluminada pela luz sagaz de uma lua cheia. Todos estão dormindo agora, e eu provavelmente deveria fazer o mesmo, mas me perco olhando floresta adentro, enquanto brinco com o saco de Zhirons em minhas mãos.

Ao chegar em Impéria, não imagino o que me espera, mas me sinto tão estranha por estar colocando os pés para fora do acampamento, para longe dos diretores, que, até a pior das recepções será melhor do que aquele lugar.

Um pensamento passa pela minha cabeça de repente, e eu engulo em seco, pensando em meus pais. Será que ainda estão vivos? Será que iremos nos encontrar, em algum momento? De certo não, mas não consigo espantar a faísca de esperança, que está escondida dentro de mim.

Existe uma ponta de insegurança em mim, no que diz que não sou suficiente para proteger as luzes. Sei que não posso deixar as coisas como estão, mas por onde começar?

Estou tão perdida quanto os outros!

Um barulho se faz presente, e eu me viro, me certificando que todos ainda dormem, achando estranho ao encontrar as luzes ressoando baixinho, amontoados entre si.

Mais um barulho, tão suave, como passos de uma criança na neve.

Pelo canto dos olhos, avisto um coelho cinza, com os olhos vidrados em mim. Me viro, e encaro o animal, que tem uma fisionomia estranha e perturbada!

Coelhos normais, estariam correndo para longe de mim, mas esse me encara, com os olhos vazios, como se não estivesse realmente ali, como uma casca de algo que já se foi.

Franzo o cenho.

-Xô! -Digo, balançando os braços em um sinal para que ele vá embora.

O animal continua parado, e move o nariz de um lado para o outro.

Agarro um galho no chão, e jogo em sua direção, na intenção de afasta-lo e mandar essa coisa para longe de mim.

O coelho move a cabeça para o galho no chão ao seu lado, e me olha uma última vez, antes de desaparecer pela floresta.

Pisco confusa pelo o que acabou de acontecer. Nada nessa floresta é normal.

Bocejo algumas vezes, e enfio o saco de Zhirons na bolsa.

Me aconchego em um espaço dentro da cabana, e vejo a lua se esconder, e o dia amanhecendo aos poucos. Por mais que eu queira, não consigo dormir.

Quando o acampamento já está desmontado, e todos montados em seus cavalos, partimos mais uma vez, e, nessa rotina maluca, se sucede os nossos próximos dias, cavalgando, montando acampamentos, e desmontando acampamentos.

Judy boceja, piscando os olhos lentamente, montada em seu cavalo.

-Parece que estamos andando a muito mais dias do que realmente estamos. -Ela resmunga.

Mordo meus lábios, sentindo falta do otimismo de Chris. Se ele estivesse aqui, estaria fazendo alguma piada, ou sendo irônico. Que saudade do meu garoto.

-Devemos estar perto. -Jhon diz, quando percebe que permaneço calada, olhando para a estrada à frente.

-Lais, tem certeza que leu o mapa corretamente? -Marcy questiona.

-Não. Talvez você devesse ler o mapa da próxima vez. -Sou mais ríspida do que gostaria, quando respondo irritada.

Parece que depois do que houve no acampamento, todos questionam minhas habilidades de líder.

Pela visão periférica, Marcy junta as sobrancelhas e Jhon abre a boca chocado.

Estou sendo uma verdadeira babaca, mas, eu realmente não me importo agora. Sei que sou a culpada pelo o que houve com Chris, não preciso que fiquem me relembrando. Minha própria mente já me tortura todos os dias, e não me deixa esquecer.

Se a Luz apagar (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora