"ontem"

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quando saí daquele quente e confortável ventre, não pude contar hora nenhuma antes que me pusessem um cobertor e me colocassem já em sociedade, numa cama dentre várias outras camas, cheios de outros recém-embarcados pondo seu medo e ansiedade do nascimento para fora em suas lágrimas e gritos.
era só uma maternidade talvez, não importa.

e desde aquele dia, eu faria um trato, o mesmo que todos aqueles outros pequenos indivíduos, eu, eles, meus pais e irmãos, todos, todos teriam medo do amanhã.

eu não preciso contar todos os meus passos desde aquele dia avulso de maio, aquele dia em que me foi dada a “luz” da vida, sobretudo uma escuridão tremenda pelo amanhã, ansiando trágicos futuros que são todos incertos. mas por quê?

não sei de onde advem tanto entusiasmo no apocalipse, e por que amanhã? justo amanhã? não poderiam ser, sei lá, daqui uns milhões de anos?

sinceramente faço parte da pouca fração que não propaga esse discurso, um fim tão abrupto assim? sem nenhuma história ou fato por trás? tem como desenvolver conspirações melhores.
infelizmente não existem muitos adeptos à ideia contra-apocalíptica, o que me choca. essa ideia precoce e fatal atrasa completamente nosso mundo, em qualquer tipo de âmbito

mas não é isso que você veio ler, você quer ver o que passo nessa distopia terrível, então, se é pra servir de entretenimento, que eu sirva pelo menos como um bobo da corte
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⏰ Última atualização: Feb 04 ⏰

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